As
suas obras artísticas, com referências sociais, antecipam o movimento
neo-realista na pintura portuguesa. O reputado Instituto de Ciências
Biomédicas Abel Salazar da Universidade do Porto presta-lhe
homenagem e as suas pinturas com as suas referências sociais antecipam o
movimento neo-realista na pintura portuguesa.
Filho
de Adolfo Barroso Pereira Salazar e de Adelaide da Luz da Silva e Lima, Abel
Salazar ingressou na Escola Médico-Cirúrgica do Porto em 1909 e, em
1915, concluiu o curso de Medicina, apresentando a sua tese inaugural “Ensaio
de Psicologia Filosófica” que acaba classificada com 20 valores.
Com
30 anos - em 1918 - foi nomeado Professor Catedrático de Histologia e
Embriologia na Faculdade de Medicina da Universidade do Porto,
acabando por fundar e dirigir o Instituto de Histologia e Embriologia da
universidade, um modesto centro de estudos.
Como
investigador, contribuiu, nomeadamente, com trabalhos relativos à estrutura e
evolução do ovário, acabando por criar o agora célebre, e ainda utilizado,
método de coloração tano-férrico de Salazar.
Entre
1919 e 1925, o seu trabalho torna-se internacionalmente conhecido e publicado
em várias revistas científicas internacionais, participando em numerosos
congressos no estrangeiro.
Em
1921, casou-se com Zélia de Barros de quem não teve filhos.
Em
1928, ao fim de 10 anos de trabalho profícuo em condições adversas como vem
proclamando sistematicamente, Abel Salazar sofre um esgotamento e interrompe a
sua actividade durante quatro anos para se tratar.
Em
1932, regressa à faculdade, mas encontra já o seu gabinete desmantelado e o
instituto que fundara encontrava-se praticamente ao abandono e desprovido da
biblioteca, entretanto absorvida por Anatomia. Nos anos que se seguiram
ao reinício da vida activa, reconstruiu o laboratório e prosseguiu o trabalho
nas suas diversas áreas de interesse, tais como a Ciência, a Arte
e a Filosofia.
Foi
iniciado na Maçonaria em 1934.
Em
1935, foi afastado da sua cátedra, do laboratório, é proibido de frequentar a
biblioteca e de se ausentar do país, pela portaria de 5 de Junho desse ano,
dada «a influência deletéria da sua acção pedagógica sobre a mocidade
universitária». Nesta mesma portaria, foram expulsos também outros
professores universitários, tais como Aurélio Quintanilha, Manuel Rodrigues
Lapa, Sílvio Lima e Norton de Matos.
Com
o seu afastamento forçado da vida académica, Abel Salazar desenvolveu em sua
casa uma produção artística variada: gravura, pintura mural, pintura a óleo de
paisagens, retratos, ilustração da vida da mulher trabalhadora e da mulher
parisiense, aguarelas, desenhos, caricaturas, escultura e cobres martelados,
muitos hoje expostos na Casa-Museu Abel Salazar. Além da sua obra
plástica, Abel Salazar «produziu uma significativa obra teórica, onde
convergem arte, ciência e filosofia, organizando deste modo um corpo de saber
deveras singular». Uma selecção das suas obras artísticas mais
significativas foi apresentada ao público em 2010 no Museu Nacional de
Soares dos Reis, no Porto, na exposição comemorativa do centenário da
República, “Transparência - Abel Salazar e o Seu Tempo, um Olhar”,
comissariada por Manuel Valente Alves, com o objectivo de mostrar «a coesão
interna do seu discurso e da sua prática interdisciplinar e a relação que o
artista-cientista estabeleceu com os movimentos artísticos mais relevantes da
época».
Encontra-se
colaboração da sua autoria na 3ª série da revista “Germen” (1935/1938).
O
espólio de Abel Salazar encontra-se disponível online, em resultado de um
projecto conjunto entre a Casa-Museu Abel Salazar e a Fundação Mário
Soares.
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