Ela
foi a primeira mulher a formar-se na Universidade Central da Venezuela e
uma das primeiras mulheres empregadas como jornalista em tempo integral na
Venezuela.
Clemente
fez parte do primeiro grupo de mulheres que se juntaram ao Partido Comunista
da Venezuela e trabalharam activamente pelo sufrágio feminino. Ela foi
co-fundadora de uma organização em prol da reforma do sistema prisional e
co-fundadora da Associação Venezuelana de Jornalistas.
Carmen
Clemente Travieso era filha de Mercedes Eugenia Travieso e de Lino Clemente. O pai
morreu quando ela era criança, e ela foi criada na casa da sua avó materna com os
seus outros quatro irmãos.
Aos
dezassete anos de idade, Clemente acompanhou uma tia numa viagem para Nova
Iorque, onde recebeu aulas de inglês e trabalhou numa fábrica de bordados. Ela
também começou a envolver-se com a pauta dos direitos das mulheres e tornou-se
uma activista ao ajudar pessoas com lepra.
Ao
voltar para Caracas em 1927, Clemente envolveu-se com o movimento estudantil
para depor o ditador Juan Vicente Gómez. Enquanto trabalhava na biblioteca de Rudolph
Dolge, Clemente juntou-se às “Madrinas de Guerra”, um grupo de
mulheres que levava comida e suprimentos médicos para estudantes e prisioneiros
do conflito. Ela também construiu laços com Juan Bautista Fuenmayor, Kotepa
Delgado e Rodolfo Quintero, fundadores do Partido Comunista da Venezuela.
Clemente ajudou-os a estabelecer um centro de estudos para disseminarem as suas
ideias e, um ano depois, ela organizou a primeira campanha para a admissão de
mulheres no partido. Em 1932, Clemente começou a escrever para o periódico “El
Martillo”, para o qual escreveria até 1941.
Clemente
tornou-se a primeira mulher a formar-se na Universidade Central da Venezuela
(UCV). Em 1936, juntou-se à Associação Cultural Feminina e
publicou artigos no “Ahora”, “La Esfera” e “El Nacional”
sobre desigualdades legais e a necessidade das leis de protecção à criança. Clemente
foi directora da associação durante a década seguinte e serviu como chefe do
periódico “La Cultura de la Mujer”.
Durante
a década de 1930, escreveu artigos sobre higiene, crianças sem-tecto,
falta de direitos para as mulheres e análises culturais sobre problemas
sociais.
Em
1937, Clemente fundou a Liga Nacional Pró-Presos, que actuava em busca
de uma reforma no sistema prisional.
Em
1940, Clemente ajudou a organizar a primeira Conferência Nacional das
Mulheres, que aconteceu entre 11 e 13 de Junho daquele ano, para criar
reformas constitucionais e do código civil para que as mulheres alcançassem a
paridade legal e política. No ano seguinte, foi co-fundadora da Associação
Venezuelana de Jornalistas.
Em
1945, Clemente organizou reuniões em sua casa para um segundo congresso de
mulheres que almejavam o direito ao voto. Elas ganharam o apoio do presidente
Isaías Medina Angarita, mas um golpe de estado o depôs do poder.
Clemente
foi nomeada como a candidata do Partido Comunista para a convenção
constitucional de 1946, que no ano seguinte garantiu o sufrágio para todos
os cidadãos acima de dezoito anos de idade. Embora algumas figuras do movimento
em prol dos direitos das mulheres afirmassem que o seu trabalho estava feito,
Clemente acreditava que várias outras mudanças legais civis e económicas
precisariam acontecer.
Em
1950, o Partido Comunista foi criminalizado na Venezuela após outro
golpe de estado. Clemente publicou “Mujeres venezolanas y otros reportajes”,
que abordava firmemente a repressão dos direitos das mulheres. No ano seguinte,
ela juntou-se à resistência contra a ditadura, organizando reuniões
clandestinas em sua casa. Ela continuou a publicar os seus textos, e em 1953
lançou a biografia de Teresa Carreño. Clemente foi interrogada em 1957 durante
uma agitação política contínua, mas no ano seguinte, após um longo período de
censura, ela e outros jornalistas puderam escrever para jornais que haviam sido
banidos durante a década anterior. Ela continuou a publicar textos até à década
de 1970.
Carmen
Clemente Travieso faleceu em 1983, na capital venezuelana.
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