EFEMÉRIDE – Auta de Souza, poetisa brasileira da segunda geração romântica, nasceu em Macaíba no dia 12 de Setembro de 1876. Morreu no Natal em 7 de Fevereiro de 1901.
Escrevia poemas românticos, com alguma influência simbolista e um alto valor estético. Segundo Luís da Câmara Cascudo, ela é «a maior poetisa mística do Brasil».
Ficou órfã de mãe aos três anos, com a morte da progenitora vítima da tuberculose e, no ano seguinte, perdeu igualmente o pai com a mesma doença.
Durante a infância, foi criada no Recife pela avó materna, tendo estudado com professores particulares. A avó, embora analfabeta, conseguiu proporcionar boa instrução a todos os netos. Aos onze anos, ingressou no Colégio São Vicente de Paula, dirigido por freiras vicentinas francesas, onde aprendeu Francês, Inglês, Literatura, Música e Desenho. Lia no original as obras de Victor Hugo, Lamartine e Chateaubriand.
Aos doze anos viveu nova tragédia, com a morte acidental do irmão mais novo, causada pela explosão de um candeeiro. Mais tarde, aos catorze, recebeu o diagnóstico de tuberculose e teve que interromper os estudos, prosseguindo no entanto a sua formação intelectual como autodidacta.
Começou a escrever aos dezasseis anos. Frequentava o Clube do Biscoito, associação que promovia reuniões dançantes em que os convidados recitavam também poesia.
Por volta de 1895, Auta conheceu João Leopoldo da Silva Loureiro, promotor público de Macaíba, com quem namorou durante um ano e de quem foi obrigada a separar-se pelos irmãos, que se preocupavam com o seu estado de saúde. Pouco depois da separação, ele também morreu vítima da tuberculose. Esta frustração amorosa tornou-se um factor marcante da sua obra, juntamente com a religiosidade, a orfandade, a morte trágica do irmão e a tuberculose. A poetisa finalizou então o seu primeiro livro de manuscritos, intitulado “Dhálias”, que mais tarde seria publicado sob o título de “Horto”.
Desde os dezoito anos, colaborou com a revista “Oásis” e, aos vinte, escreveu para “A República”, jornal de maior circulação e que lhe deu visibilidade noutras regiões do Brasil. Poemas seus foram publicados no jornal “O Paiz” do Rio de Janeiro. No ano seguinte, passou a escrever assiduamente em “A Tribuna” do Natal e os seus versos eram publicados ao lado das poesias de vários escritores famosos do Nordeste. Entre 1899 e 1900, assinou os seus poemas com os pseudónimos Ida Salúcio e Hilário das Neves, prática muito comum naquela época.
Também escreveu no jornal “A Gazetinha” do Recife e na “Revista” do Rio Grande do Norte, onde era a única mulher entre os colaboradores. Venceu a resistência dos círculos literários masculinos e escrevia profissionalmente numa sociedade em que esta actividade era quase exclusiva dos homens, já que a crítica ignorava as mulheres escritoras. A sua poesia passou a circular nos meios literárias de todo o país, despertando grande interesse.
Em 1900, publicou o seu único livro, “Horto”, muito bem recebido pela crítica e pelo público e cujo prefácio foi escrito por Olavo Bilac, um dos poetas brasileiros mais célebres de todos os tempos.
Em 1936, a Academia Norte-Riograndense de Letras dedicou-lhe uma cadeira, como reconhecimento pelo valor da sua obra.
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