EFEMÉRIDE
– Diogo Cândido de Macedo, escultor, museólogo e escritor português,
morreu em Lisboa no dia 19 de Fevereiro de 1959. Nascera em Vila Nova de Gaia, em 22
de Novembro de 1889. Destacou-se como um dos mais importantes escultores da
primeira geração de artistas modernistas portugueses. Para além da criação
artística, a sua acção cultural teve um impacto particularmente decisivo no
país, como um dos autores mais prolíferos sobre arte moderna e contemporânea e
enquanto comissário e museólogo, assumindo em 1944 a direcção do Museu
Nacional de Arte Contemporânea até ao final da vida.
Matriculou-se
na Academia Portuense de Belas Artes em 1902, mas interrompeu os estudos
pouco tempo depois. Regressou à Academia em 1905, sendo aluno de
Teixeira Lopes. Concluiu o curso em 1911 e, nesse mesmo ano, partiu para Paris
a expensas da família. Frequentou as Academias de Montparnasse,
nomeadamente a Académie de la Grande Chaumière, onde foi influenciado pelas
aulas de Bourdelle. Frequentou durante alguns meses a Escola Nacional de
Belas Artes.
Regressou
a Portugal em 1914, participando em diversas mostras colectivas, entre as quais
a I Exposição de Humoristas e Modernistas (Porto, 1915) e a Exposição
dos Fantasistas (Porto, 1916). Expôs individualmente no Porto e em Lisboa. Casou-se
em 1919 e, no ano seguinte, fixou-se de novo em França.
A
sua obra ficou sobretudo ligada à década de 1920, tendo exposto no Salon
(1913, 1922 e 1923). Na sua obra, confluem referências diversificadas:
romântico, obcecado por Rodin e interessado em Bourdelle, aproximou-se do expressionismo
em muitas obras, sendo noutras um escultor puramente clássico ou talvez
mesmo académico.
Na
sua obra, pode destacar-se o “Torso de Mulher” de 1923, onde está
presente um gosto expressivo mais essencialmente lírico e que, segundo
José-Augusto França, é uma das melhores obras de escultura do primeiro
modernismo português.
Foi
animador de exposições de referência como: Cinco Independentes (1923),
na qual participou ao lado de Francisco Franco, Eduardo Viana e Almada
Negreiros e o I Salão dos Independentes em 1930.
Em
1941, enviuvou. A partir dessa data, renunciou voluntariamente à escultura.
Entre as suas últimas obras, pode destacar-se o conjunto de quatro “Tágides”
para a Fonte Monumental da Alameda D. Afonso Henriques. Em 1944, foi
nomeado director do Museu Nacional de Arte Contemporânea, cargo que
exerceu até à data da sua morte. Voltaria, no entanto, a apresentar obras suas,
em mostras nacionais e internacionais, nomeadamente na Bienal de Veneza
(1950) e no Pavilhão Português da Exposição Internacional de Bruxelas
(1958).
Em
1946, casou-se pela segunda vez. Dois anos depois, fez uma viagem a Angola e
Moçambique, no decurso da qual proferiu conferências e organizou duas
exposições de arte portuguesa. Visitou o Brasil durante 4 meses em 1950,
fazendo uma conferência sobre Soares dos Reis, no Rio de Janeiro.
Ao
longo dos anos fez conferências, dirigiu exposições, prefaciou catálogos e foi
autor de livros e monografias sobre arte, entre as quais: “Columbano”
(1952); “Mário Eloy” (1958); e “Machado de Castro” (1958). Da sua
actividade no domínio da escrita, deixou ainda um extenso legado de artigos,
publicados em revistas e jornais, portugueses e estrangeiros, entre os quais: “Boletim
da Academia Nacional de Belas-Artes”, “Ocidente”, “The
Connoisseur”, “Contemporânea” e “Panorama”.
Está
representado em colecções públicas e privadas, nomeadamente: no Museu do
Chiado, Lisboa; no Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão, Fundação
Calouste Gulbenkian, Lisboa; no Museu de José Malhoa, Caldas da
Rainha; no Museu do Abade de Baçal, Bragança; no Museu Grão Vasco,
Viseu; e no Museu Nacional de Soares dos Reis, Porto.
Em
sua homenagem, em 1995, a
Escola Secundária de Olival, Vila Nova de Gaia, passou a designar-se Escola
Secundária Diogo de Macedo.
A
sua obra inclui inúmeras esculturas, desenhos e gravuras. Esculpiu bustos de
Camilo Castelo Branco (1913), Antero de Quental (1929), Sarah Afonso (1927),
António Botto (1928) e Mário Eloy (1932), entre outros.
Das
suas obras em espaços públicos, destacam-se: monumento a Antero de Quental
(Coimbra); monumento a Afonso de Albuquerque (Porto); monumento a Fialho de
Almeida (Vila de Frades, Alentejo); esculturas no pórtico do Museu Nacional
de Arte Antiga (Lisboa); e 5 esculturas para a Fonte Monumental, Alameda
Dom Afonso Henriques (Lisboa).
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