EFEMÉRIDE
– Niccolò (Ugo) Foscolo, escritor italiano, um dos principais do Neoclassicismo
e do Pré-Romantismo, nasceu em Zante, Ilhas Jónicas, no dia 6 de
Fevereiro de 1778. Morreu em Turnham Green,
Londres, em 10 de Setembro de 1827.
Filho
de um médico veneziano e de uma grega, fez os primeiros estudos no Seminário
do Arcebispado de Split. Em 1792, quando da morte do pai, a família
instalou-se em Veneza e Niccolò completou os estudos na Universidade de
Pádua, onde aperfeiçoou os seus conhecimentos de grego antigo e moderno, de
latim, de filosofia e dos escritores italianos e estrangeiros. Em 1795, por
razões mal conhecidas, mudou o seu nome próprio para Ugo, talvez uma homenagem
a Ugo di Basseville, um republicano francês assassinado em Roma (1793).
Com
a chegada dos franceses e sob a influência das ideias jacobinas,
dedicou-se à política e tornou-se suspeito aos olhos das autoridades
venezianas. Em 1797, publicou uma tragédia cheia de fervor liberal, “Tieste”,
que lhe trouxe algum sucesso.
Participou
activamente nas discussões que se seguiram à queda da República Veneziana (Maio
de 1797) e dedicou uma ode a Napoleão Bonaparte, esperando que ele pusesse fim
à oligarquia de Veneza e criasse uma verdadeira república livre. O Tratado
de Campo Formio (Outubro de 1797), pelo qual Napoleão deu Veneza aos
Austríacos, foi um choque para Ugo Foscolo, mas não destruiu totalmente as suas
esperanças.
Em
1798, instalou-se em Bolonha, onde colaborou num jornal fundado pelo seu irmão
Giovanni. Começou a redigir o romance epistolar “Ultime lettere di Jacopo
Ortis”, uma história inspirada em factos reais.
Continuando
persuadido que o seu país seria libertado por Napoleão, alistou-se na guarda
nacional. Participou nas batalhas de Marengo e de Trebbia e no cerco de Génova,
onde foi ferido e feito prisioneiro. Foi neste período que modificou a sua ode
a Napoleão, exortando-o a não se transformar num tirano e evocando a unidade
italiana, herdeira do Império romano.
Os
anos que se seguiram foram de intensa actividade literária. Participou também
na elaboração de um relatório que propunha a Napoleão um modelo de governo para
uma Itália unificada.
Em
1804, como capitão de infantaria, foi para Valenciennes. Voltou a Milão em 1806
e, no ano seguinte, publicou “Dei sepolcri”. Obteve a cadeira de Eloquência
na Universidade de Pavia. O seu discurso inaugural, em Janeiro de
1809, em que propôs aos seus jovens compatriotas para considerarem a literatura
numa perspectiva nacionalista, não agradou a Napoleão. Por decreto, todas as
cadeiras de Eloquência foram suprimidas em Itália.
Em
Dezembro de 1811, a
sua tragédia “Ajax” foi representada no Scala de Milão, sendo de
imediato proibida pela censura, em virtude das suas alusões a Napoleão. Em
Agosto de 1812, instalou-se na Toscânia, onde frequentou o Cenáculo da Condessa
de Albany, compôs uma outra tragédia (“Ricciarda”), escreveu uma ode e
terminou a sua tradução da “Viagem Sentimental” de Sterne.
Em
Dezembro de 1813, depois da derrota de Napoleão em Leipzig, voltou a Milão,
retomando o seu lugar no exército para defender o Reino de Itália. A chegada
dos austríacos fez com que ele perdesse a esperança numa Itália independente. A
obrigação de servir o novo regime levou-o a deixar Itália, em Março de 1815.
Partiu
para a Suíça, onde publicou em 1816 “Ipercalisse”. As autoridades
austríacas insistiam entretanto na sua extradição e Ugo partiu então para
Londres, em Setembro de 1816, graças à ajuda do embaixador britânico em Berna. Em Inglaterra,
foi muito bem acolhido, consagrando-se à literatura e ao jornalismo. Escreveu
alguns ensaios sobre os sonetos de Petrarca.
Problemas
financeiros levaram à sua detenção por dívidas em 1824. Quando foi libertado,
teve de usar vários nomes para escapar aos credores. Doente, provavelmente
tuberculoso, morreu aos 49 anos. Os seus restos mortais só foram trasladados
para Florença em 1871, sendo então organizado um funeral nacional que o deixou
na Basílica de Santa Cruz, o panteão italiano que ele tinha celebrizado
em “Dei Sepolcri” e onde repousam igualmente Maquiavel, Miguel Ângelo e
Galileu.
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