Yifter passou juventude a
trabalhar em fábricas e como condutor de carroças. O seu talento para as
corridas só seria notado quando servia na Força Aérea da Etiópia.
Foi convocado pela primeira vez
para a equipa olímpica em 1968, para participar nos Jogos da Cidade do
México. Ele, porém, só fez a sua estreia em Olimpíadas quatro anos
depois, em Munique 1972. Nestes Jogos, Yifter ganhou a medalha de
bronze nos 10 000 m e, curiosamente, dormiu demais e chegou atrasado para a
prova dos 5 000 m, na qual também estava inscrito.
Nos Jogos Pan-Africanos de
1973, em Lagos, na Nigéria, ganhou a medalha de ouro nos 10 000 m e a
medalha de prata nos 5 000 m. Em 1976, entretanto, Yifter viu a sua
oportunidade de ganhar uma medalha de ouro nos Jogos Olímpicos se
esvair, quando as nações africanas em bloco se retiraram dos Jogos de
Montreal, devido à presença neles da Nova Zelândia, que havia quebrado um
acordo internacional pouco tempo antes, enviando uma equipa de rúgbi para
participar num torneio na África do Sul, então banida há décadas dos Jogos,
devido à sua política oficial do Apartheid.
Em 1980, nos Jogos Olímpicos
de Moscovo, ele teria a oportunidade de superar o seu desapontamento
anterior, conquistando duas medalhas de ouro nas provas de 10 000 m e 5 000 m e
impressionando todos com o seu sprint f final, demolindo os seus adversários na
recta de meta.
Durante estes Jogos, o
mistério entre a imprensa especializada era a idade verdadeira de Miruts, já
que constavam duas datas diferentes de nascimento no seu perfil de atleta,
causados pela dificuldade e indiferença dos pais em registrar crianças, no
começo do século passado, nas áreas mais pobres da Etiópia. A isso, ele
respondeu, sem jamais ser objectivo sobre ela: «Os homens podem roubar
minhas galinhas; os homens podem roubar minha ovelha; mas nenhum homem pode
roubar a minha idade».
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