Aos 12 anos, impulsionado por seu
avô paterno, Joaquim Rocha, que era compositor e regente de banda, aprendeu
solfejo e iniciou-se em violino. Todavia, influenciado pelo pai, António Rocha,
que tocava guitarra portuguesa entre amigos, a partir dos 16 anos passou a
dedicar-se a este instrumento a par do exercício na profissão de electricista.
Daqui e no decurso dos quinze anos seguintes, partilhou conhecimentos e
saudável concurso fadista entre os destacados dedilhadores nortenhos
daquela época, Álvaro Martins, barbeiro, e Samuel Paixão, empregado bancário.
Apreciador dos mais destacados
guitarristas de então, Raúl Nery, Carlos Paredes, Francisco Carvalhinho e José
Nunes, em 1956 e a convite deste último, decidiu experimentar a tarimba
lisboeta, integrando o elenco artístico do Restaurante Patrício, na
Calçada do Carriche. Porque logrou emprego nos Correios, optou por
radicar-se na capital, enquanto mais se embrenhava na lide fadista. Tocava no retiro
do Pampilho, também na Calçada do Carriche, quando a gerência da
conceituada Adega Mesquita o contratou a tempo inteiro, o que lhe
permitiu, com sustentação garantida, profissionalizar-se como guitarrista.
É a partir da Adega Mesquita
que passa a acompanhar o então famoso Fernando Farinha e realiza várias
digressões ao Canadá e aos Estados Unidos (1962). Integrando o quarteto de
guitarras encabeçado por Raúl Nery, ao lado de Júlio Gomes e Joel Pina, alcança
o apreço e a amizade de Amália, de quem em breve passa a acompanhante dilecto
nas primeiras deslocações da diva pelo mundo. Das geniais composições de Alain
Oulman para Amália Rodrigues, foi o providencial dedilhador e solista
dos vários trechos passados à guitarra portuguesa.
Fontes Rocha, no decurso da sua
longínqua carreira e além do largo reportório musical que compôs, acompanhou as
mais lídimas e bem posicionadas vozes da ribalta fadista.
Segundo opinião do instrumentista
Pedro Caldeira Cabral, Fontes Rocha tomava «como modelos os estilos dos
históricos Armandinho e José Nunes, cuja influência no seu tipo de sonoridade é
perfeitamente reconhecível. Desenvolveu, no entanto, com persistência notável,
uma série de aperfeiçoamentos na sonoridade das guitarras, introduzindo
técnicas de surdina, redesenhando também a forma das unhas e o ângulo de ataque
das cordas».
Logo após o seu passamento, o
jornal “Público” convidou o editor de música gravada David Ferreira a
pronunciar-se sobre os méritos de Fontes Rocha, tendo este considerado
tratar-se de um guitarrista revolucionário e arranjador genial, que preferia
sempre o serviço aos holofotes. Referiu ainda: «É sabido que a música
precisa de artistas e de carregadores de pianos, mas é difícil encontrar alguém
como José Fontes Rocha, tão bom a ligar os cabos como a fazer a luz».
Em 2005, recebeu o Prémio
Amália Rodrigues para o Melhor Compositor de Fado.
A 8 de Junho de 2010, foi
agraciado com o grau de comendador da Ordem do Mérito. Era avô de
outro renomado guitarrista, Ricardo Rocha.
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