segunda-feira, 20 de setembro de 2021

20 DE SETEMBRO - FONTES ROCHA

EFEMÉRIDE - José Fontes Rocha, exímio executante e compositor em guitarra portuguesa, nasceu no Porto em 20 de Setembro de 1926. Morreu em Lisboa no dia 15 de Agosto de 2011.

Aos 12 anos, impulsionado por seu avô paterno, Joaquim Rocha, que era compositor e regente de banda, aprendeu solfejo e iniciou-se em violino. Todavia, influenciado pelo pai, António Rocha, que tocava guitarra portuguesa entre amigos, a partir dos 16 anos passou a dedicar-se a este instrumento a par do exercício na profissão de electricista. Daqui e no decurso dos quinze anos seguintes, partilhou conhecimentos e saudável concurso fadista entre os destacados dedilhadores nortenhos daquela época, Álvaro Martins, barbeiro, e Samuel Paixão, empregado bancário.

Apreciador dos mais destacados guitarristas de então, Raúl Nery, Carlos Paredes, Francisco Carvalhinho e José Nunes, em 1956 e a convite deste último, decidiu experimentar a tarimba lisboeta, integrando o elenco artístico do Restaurante Patrício, na Calçada do Carriche. Porque logrou emprego nos Correios, optou por radicar-se na capital, enquanto mais se embrenhava na lide fadista. Tocava no retiro do Pampilho, também na Calçada do Carriche, quando a gerência da conceituada Adega Mesquita o contratou a tempo inteiro, o que lhe permitiu, com sustentação garantida, profissionalizar-se como guitarrista.

É a partir da Adega Mesquita que passa a acompanhar o então famoso Fernando Farinha e realiza várias digressões ao Canadá e aos Estados Unidos (1962). Integrando o quarteto de guitarras encabeçado por Raúl Nery, ao lado de Júlio Gomes e Joel Pina, alcança o apreço e a amizade de Amália, de quem em breve passa a acompanhante dilecto nas primeiras deslocações da diva pelo mundo. Das geniais composições de Alain Oulman para Amália Rodrigues, foi o providencial dedilhador e solista dos vários trechos passados à guitarra portuguesa.

Fontes Rocha, no decurso da sua longínqua carreira e além do largo reportório musical que compôs, acompanhou as mais lídimas e bem posicionadas vozes da ribalta fadista.

Segundo opinião do instrumentista Pedro Caldeira Cabral, Fontes Rocha tomava «como modelos os estilos dos históricos Armandinho e José Nunes, cuja influência no seu tipo de sonoridade é perfeitamente reconhecível. Desenvolveu, no entanto, com persistência notável, uma série de aperfeiçoamentos na sonoridade das guitarras, introduzindo técnicas de surdina, redesenhando também a forma das unhas e o ângulo de ataque das cordas».

Logo após o seu passamento, o jornal “Público” convidou o editor de música gravada David Ferreira a pronunciar-se sobre os méritos de Fontes Rocha, tendo este considerado tratar-se de um guitarrista revolucionário e arranjador genial, que preferia sempre o serviço aos holofotes. Referiu ainda: «É sabido que a música precisa de artistas e de carregadores de pianos, mas é difícil encontrar alguém como José Fontes Rocha, tão bom a ligar os cabos como a fazer a luz».

Em 2005, recebeu o Prémio Amália Rodrigues para o Melhor Compositor de Fado.

A 8 de Junho de 2010, foi agraciado com o grau de comendador da Ordem do Mérito. Era avô de outro renomado guitarrista, Ricardo Rocha.

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