domingo, 4 de setembro de 2022

4 DE SETEMBRO - JOSÉ MANUEL SARMNTO DE BEIRES

EFEMÉRIDE - José Manuel Sarmento de Beires, major do exército português e pioneiro da aviação em Portugal, nasceu em   Lisboa no dia 4 de Setembro de 1893. Morreu no Porto em 8 de Junho de 1974.

Frequentou, com o seu irmão, o Colégio Militar.

Recebeu o seu diploma de piloto em 10 de Maio de 1917, numa sessão realizada na Sociedade de Geografia de Lisboa, em que também foram entregues os diplomas aos outros 12 primeiros pilotos militares portugueses que eram - além de José Manuel Sarmento de Beires - Olímpio Ferreira Chaves, Azeredo Vasconcelos, Sousa Gorgulho, João Luís de Moura, Luís Cunha e Almeida, António Cunha e Almeida, Miguel Paiva Simões, Pereira Gomes J., Rosário Gonçalves, Duvale Portugal, Aurélio Castro e Silva, e José Joaquim Ramires.

Foi o primeiro a realizar a travessia aérea nocturna do Atlântico Sul, em 1927.

Foi condecorado com os graus de comendador da Antiga e Muito Nobre Ordem Militar da Torre e Espada, do Valor, Lealdade e Mérito em 5 de Outubro de 1924 (14º aniversário da República) e de comendador da Ordem Militar de Nosso Senhor Jesus Cristo a 5 de Outubro de 1925 (15º aniversário da República).

Sarmento de Beires distinguiu-se ainda como opositor ao regime ditatorial instaurado no país pelo golpe de 28 de Maio de 1926, que entretanto o condecorara com os graus de oficial da Antiga, Nobilíssima e Esclarecida Ordem Militar de Sant’Iago da Espada, do Mérito Científico, Literário e Artístico em 30 de Janeiro de 1928 e de grande-oficial da Antiga e Muito Nobre Ordem Militar da Torre e Espada, do Valor, Lealdade e Mérito a 3 de Fevereiro de 1928, tendo participado na última sublevação armada contra a Ditadura Nacional em 1928, antes de se exilar no Brasil.

Foi iniciado em 1930 na Maçonaria, na loja Paz com o nome simbólico de Bartolomeu Dias.

Em 11 de Junho de 1964, foi agraciado com o grau de comendador da Ordem do Império. Regressou a Portugal depois da Revolução dos Cravos.

O seu nome perdura na toponímia portuguesa, em nomes de arruamentos, e - em Vila Nova de Milfontes - foi erigido um monumento em homenagem ao raid aéreo Lisboa-Macau.

Em 1924, os capitães António Jacinto da Silva de Brito Pais e José Manuel Sarmento de Beires e o tenente Manuel António Gouveia, fizeram a primeira viagem aérea Portugal-Macau, no avião “Pátria”. Apesar de ficar conhecida na história por Raid Lisboa-Macau, a partida deu-se do Campo dos Coitos, junto a Milfontes em 7 de Abril de 1924. Em homenagem aos aviadores e ao seu feito histórico, foi erguido na Praça da Barbacã, junto ao forte, um monumento que recorda a heróica viagem. Tendo o “Pátria” se perdido num acidente na Índia, um novo aeroplano foi adquirido graças a contribuições da população portuguesa em ampla campanha popular, o “Pátria II”, com o qual o percurso foi finalmente completado.

Concebido em 1924, o seu projecto era o de realizar a circum-navegação aérea originalmente idealizada por Artur de Sacadura Freire Cabral, repetindo o feito marítimo de Fernão de Magalhães no século XVI. Para esse fim, adquiriu um hidroavião Dornier Do J (Wal), metálico, com dois motores Lorraine-Dietrich de 450 cv, que baptizou como “Argos”. A viagem iniciou-se finalmente a 7 de Março de 1927, sendo cumprido o trecho Alverca-Casablanca. A equipa era composta por Sarmento de Beires e Duvalle Portugal (pilotos), Jorge de Castilho (navegador) e Manuel Gouveia (mecânico). Em Bolama, problemas técnicos impedem a decolagem e o piloto Duvalle sacrifica-se, permanecendo em terra para aliviar o peso da aeronave e permitir o prosseguimento da viagem. Após outros problemas, descolam no dia 16, às 18:08 h, rumo ao Brasil. Devido a problemas de alimentação, o mecânico Gouveia necessitou intervir por duas vezes, salvando o voo. O navegador Castilho dirigiu a aeronave até aos Penedos de São Pedro e São Paulo, de onde inflectiu para Fernando de Noronha, onde chegaram às 12:20 h, perfazendo 2595 quilómetros em 18:12 h de voo. Recebidos pelo director do presídio na ilha, este exclamou: «Não sabíamos de nada! Mais a mais, os aviões não costumam chegar, pelo ar, a Fernando de Noronha».

O voo prosseguiu com escalas no Recife, Natal e Rio de Janeiro. Nesta última cidade, Sarmento Beires escreveu no seu diário: «Batemos um recorde, 14 discursos em 12 horas». De Portugal, apenas chega um telegrama de felicitações assinado por Gago Coutinho: a viagem desagradara à ditadura militar portuguesa, que ordenou o regresso, frustrando a viagem de circum-navegação. Em Natal, no retorno, encontram o Jahu”, o avião brasileiro que tinha acabado de realizar a primeira travessia aérea sem escalas do Atlântico Sul.

Em 5 de Junho, descolam de Belém. Uma porta mal reparada solta-se em pleno voo, rasgando uma asa: era o fim da aeronave, retornando a tripulação de barco até Lisboa.

Casou pela primeira vez em 25 de Março de 1920 com Maria Luísa Lalande (1892/1969), da qual se divorciou e não havendo descendência.

Casou pela segunda vez a 9 de Janeiro de 1958 com Lucília Helena Guimarães Lima, da qual também não teve qualquer filho. 

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