quarta-feira, 21 de agosto de 2024

21 DE AGOSTO - BEATRIZ DA CONCEIÇÃO

EFEMÉRIDE - Beatriz da Conceição Mendes Lage, fadista portuguesa, nasceu no Porto, em 21 de Agosto de 1939. Morreu em Lisboa no dia 26 de Novembro de 2015.

Foi uma das personalidades do fado mais activas na segunda metade do século XX.

Por volta do ano de 1960, foi numa visita a Lisboa que entrou na casa de fados de Márcia Condessa, também ela fadista. Saboreando sangria, Beatriz da Conceição trauteou uns versos e foi desafiada a cantar um fado. Imediatamente foi convidada pela proprietária para integrar o elenco do estabelecimento. Não regressou ao Porto, radicando-se na capital portuguesa.

O primeiro disco da Beatriz da Conceição surgiu em 1965, para a etiqueta RCA. Um EP com o título “Fui por Alfama”.

Fez questão de criar o seu próprio repertório, recorrendo a poetas como Domingos Gonçalves Costa, João Dias, César de Oliveira ou Vasco de Lima Couto. Mais tarde, destaca-se José Carlos Ary dos Santos, que lhe escreveu, com música de Fernando Tordo, “Meu Corpo”, um tema também conhecido como “Fado da Bia”. Este fado foi criado para a revista “Uma no Cravo, Outra na Ditadura”, onde Beatriz da Conceição, ao ter que substituir Tonicha, necessitou de um tema original de um dia para o outro.

O Teatro de Revista foi, de resto, uma componente relevante da sua carreira artística. Um dos seus maiores sucessos surgiu na representação de “John Português”, no Teatro ABC, tendo o tema principal, “John Português”, sido cortado pela censura.

Entre outros êxitos de Beatriz da Conceição saídos dos palcos encontram-se “Fado Para Esta Noite”, “Lisboa da Cor da Ponte” ou “Três Santinhos Populares”.

Já na década de 1990 participou em “Grande Noite” (1992) e “Cabaret” (1994), musicais feitos para televisão por Filipe La Féria.

Um dos pontos altos da sua carreira a nível internacional foi o álbum “Tears of Lisbon”, lançado em 1996 pela Sony Classical. Com António Rocha foi convidada pelo belga Paul Van Negel, director do agrupamento de música erudita Huelgas-Ensemble, a participar neste trabalho, e respectivos concertos, que conjugaram fado tradicional e música do século XVI, incluindo composições de Manuel Mendes (1547/1605) e nomes mais actuais como Joaquim Pimentel, Fontes Rocha, Paulo Valentim, Armando Machado, Francisco Viana ou Fernando Tordo.

Em 2007, Beatriz da Conceição actuou no londrino Queen Elizabeth Hall, numa noite intitulada “The Grand Divas Of Fado” que abriu o festival Atlantic Waves. O espectáculo reuniu seis vozes da canção nacional: Aldina Duarte, Joana Amendoeira, Mafalda Arnauth, Raquel Tavares e a também veterana estreante em palcos britânicos Maria da Fé.

Beatriz da Conceição recebeu em 2008 o Prémio Carreira atribuído pela Fundação Amália Rodrigues. Também em 2008, foi homenageada na sua terra natal, juntamente com Lenita Gentil, com o espectáculo “Alma Lusitana” apresentado no Teatro Sá da Bandeira.

Em 2012, Beatriz foi a figura central do documentário “O Fado da Bia”, realizado por Diogo Varela Silva, com intervenções de Camané, Carminho, Carlos do Carmo, Aldina Duarte, Jorge Fernando, Ana Moura, Helder Moutinho e Raquel Tavares, esta última que já tinha assinalado publicamente a fadista como uma das suas maiores referências.

Beatriz da Conceição destacou como sua grande referência a fadista Lucília do Carmo, destacando também Argentina Santos e Fernanda Maria nas vozes femininas, enquanto que nos fadistas masculinos enunciou, como seus preferidos, Alfredo Marceneiro, Carlos Ramos, Tony de Matos, Max, Manuel de Almeida e Tristão da Silva.

Em mais de 50 anos de carreira, cantou nas principais casas de fado de Lisboa e tornou-se numa referência para as novas gerações.

Beatriz da Conceição faleceu com 76 anos de idade, no Hospital de São José, em Lisboa.

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