terça-feira, 4 de abril de 2017

4 DE ABRIL - FRANCISCO MARTO

EFEMÉRIDEFrancisco de Jesus Marto, um dos três pastorinhos que afirmou ter visto Nossa Senhora na Cova da Iria, em Fátima, entre 13 de Maio e 13 de Outubro de 1917, morreu em Ourém no dia 4 de Abril de 1919. Nascera em Fátima, em 11 de Junho de 1908.  
Francisco era uma criança típica do Portugal rural da época. Como não era obrigatório, não frequentava a escola e trabalhava como pastor em conjunto com a sua irmã Jacinta e a prima Lúcia. Após os eventos que viriam a ser conhecidos como as “aparições de Fátima”, Francisco ingressou no ensino primário, mas acabou por deixar de assistir às aulas.
De acordo com as memórias de Lúcia, Francisco era um rapaz muito dado, mas calmo. Gostava de música, mostrando habilidade para tocar pífaro. Sendo muito independente nas opiniões, era – no entanto – pacificador e mostrava-se muito respeitoso pelas pessoas. Os animais não escapavam à sua caridade.
Na sequência das aparições, o comportamento dos dois irmãos alterou-se e, desde então, Francisco passou a preferir rezar sozinho. Marcado pelas palavras de Nossa Senhora para «que não ofendam mais a Deus», ele procurava a solidão «para consolar Jesus pelos pecados do mundo».
As três crianças, particularmente Francisco, tinham o costume de praticar mortificações, mas Nossa Senhora, numa das suas aparições, pedira moderação. Contudo, como penitência, Francisco deixou de ir à escola e escondia-se para fazer reparação pelos pecadores.
É possível que os prolongados jejuns a que se submetia o tenham enfraquecido, a ponto de sucumbir à epidemia gerada pela gripe espanhola que assolou a Europa em 1918, depois da Primeira Guerra Mundial. Faleceu em sua casa, antes de completar onze anos de idade.
Francisco e a irmã foram beatificados pelo Papa João Paulo II em 13 de Maio de 2000. O Papa Bento XVI visitou Fátima dez anos depois. A sua canonização, que foi anunciada pela Santa Sé em 23 de Março de 2017, depois do reconhecimento de um milagre obtido por sua intercessão, poderá ser celebrada em 13 de Maio próximo, quando da visita a Fátima do Papa Francisco por ocasião do centenário das aparições. 

segunda-feira, 3 de abril de 2017

3 DE ABRIL - JEAN EPSTEIN

EFEMÉRIDEJean Epstein, ensaísta e realizador de cinema francês, morreu em Paris no dia 3 de Abril de 1953, vítima de hemorragia cerebral. Nascera em Varsóvia, em 25 de Março de 1897.
Filho de mãe polaca e de pai francês, de origem aristocrática, foi educado na Suíça, onde frequentou a escola secundária. Estudou depois Medicina em França, na Universidade de Lyon.
Apaixonou-se pela literatura e pelo cinema. Amante da filosofia e da poesia, influenciado pelas teorias do cineasta francês Louis Delluc e ajudado por Blaise Cendrars, publicou em 1921 a sua primeira obra teórica (“Bonjour Cinéma”), caracterizada por uma exposição algo «lírica e poética das suas ideias» sobre cinema.
Frequentou vários meios intelectuais franceses e publicou diversos artigos e ensaios: “La Lyrosophie”, “Le Cinématographe vu de l'Etna” e “Le Cinéma du diable”, entre outros. Antecipou em quarenta anos, juntamente com Abel Gance e Marcel L'Herbier, o movimento da Nouvelle Vague.
Em 1922, realizou – em colaboração com Jean Benoît-Lévy – a sua primeira obra cinematográfica, um documentário sobre a vida de Pasteur e, no ano seguinte, “Coeur Fidèle”, um filme em que pôs em prática as suas teorias. Toda a sua obra será marcada por essa tendência. Os seus primeiros filmes inspiram-se em obras de Balzac, Alphonse Daudet, George Sand e Edgar Allan Poe.
Assinou em 1923 um contrato com a produtora francesa Pathé, mas desvinculou-se três anos depois para fundar a sua própria empresa, a Films Jean Epstein. Fez em 1928 um filme impressionista que contribuiu para o seu sucesso: “La Chute de La MaIson d’Usher”, adaptação de Poe.
Co-realizou com Maurice Mariaud, um dos realizadores franceses que trabalharam em Portugal na década de 1920, “La Goute de Sang”. Foram Robert Flaherty, José Leitão de Barros e Epstein os pioneiros da etnoficção, género que Jean Rouch explorará, com método científico. Epstein interessava-se pela antropologia, filmando na Bretanha películas sobre temas marítimos, tal como Leitão de Barros fez em Portugal.
Pondo de parte o esteticismo, entregou-se – a partir de 1929 – ao documentário social e fez experiências ousadas no domínio da antropologia visual.
Só depois de terminada a guerra, conseguiu voltar a filmar a seu gosto. “Le tempestaire” é uma síntese da sua inspiração realista e das suas pesquisas formais.
Ficou conhecido pelas suas apostas experimentalistas e vanguardistas e pelas suas teorias sobre a sétima arte.
A Cinemateca Francesa homenageou-o, dando o seu nome a uma das suas salas de projecção.

domingo, 2 de abril de 2017

2 DE ABRIL - ROBERTO ARLT

EFEMÉRIDERoberto Godofredo Christophersen Arlt, jornalista e escritor argentino, nasceu em Buenos Aires no dia 2 de Abril de 1900. Morreu na mesma cidade em 26 de Julho de 1942, vítima de crise cardíaca. Era filho de um emigrante prussiano e de uma italiana.
O seu primeiro romance, “El juguete rabioso” (1926), marcou o nascimento da literatura urbana argentina. Os temas que ele desenvolveu neste trabalho anunciaram os temas de toda a sua obra: a vida desumana, o sentido do trabalho e a alienação.
Desde o começo dos anos 1930, passou a fazer da literatura a sua profissão, mas repudiava a “grande literatura”, a crítica e o preciosismo do Grupo da Florida (cujo figura mais proeminente era Jorge Luis Borges). A sua vontade de autenticidade e de enraizamento da ficção na história, ligaram-no ao Grupo de Boedo, progressista e partidário do realismo.
Los Siete locos” (1929) e “Los Lanzallamas” (1931) formaram um díptico, que é considerado como a sua obra de arte, e constituem definitivamente a ruptura com a literatura do momento. As suas histórias são simples, com uma forma radicalmente inovadora, mas defendem veementemente a necessidade de libertação pela acção, no contexto conturbado da Argentina dos anos 1930.
Durante os últimos anos de vida, Arlt não deixou de descrever os abismos do ser humano citadino, mas explorou novos campos (o fantástico, o exotismo – inspirado nas suas viagens por África) e novos géneros – como o Teatro, que ele renovou com a mesma exaltação com que fizera no Romance.  

sábado, 1 de abril de 2017

1 DE ABRIL - SAMUEL DELANY

EFEMÉRDESamuel Ray Delany Junior, professor, crítico literário e escritor de ficção científica afro-americano, nasceu em Nova Iorque no dia 1 de Abril de 1942.
Nasceu numa família da burguesia negra de Harlem. O pai era proprietário de uma empresa funerária. Samuel casou aos 18 anos com a poetisa Marilyn Hacker, que tinha a mesma idade. Tiveram uma fila e divorciaram-se em 1979.
Escreveu o seu primeiro romance aos 20 anos. Em breve, os seus trabalhos passaram a ser aclamados pela crítica, incluindo os romances “Babel-17” e “The Einstein Intersection” (vencedores do Prémio Nebula de 1966 e 1967, respectivamente), “Hogg”, “Dhalgren” e a série “The Return to Nevèrÿon”.
Desde 1977, publicou também ensaios sobre ficção científica, como “The Jewel-Hinged Jaw”. Em 1988, tornou-se titular de uma cadeira de Literatura Comparada na Universidade de Massachusetts.
Depois de ganhar quatro Prémios Nebula e dois Prémios Hugo ao longo da sua carreira, Delany teve direito a entrar no Science Fiction and Fantasy Hall of Fame em 2002.
De Janeiro de 2001 a Maio de 2015, leccionou Inglês e Escrita Criativa na Universidade Temple de Filadélfia. É largamente reconhecido no mundo académico como crítico literário.
O Science Fiction and Fantasy Writers of America nomeou-o em 2013, como o 30º SFWA Grand Master.

sexta-feira, 31 de março de 2017

31 DE MARÇO - NICANOR ZABALETA

EFEMÉRIDENicanor Zabaleta, virtuoso harpista espanhol, morreu em San Juan, Porto Rico, em 31 de Março de 1993. Nascera em San Sebastián no dia 7 de Janeiro de 1907.  
Em 1914, o pai – que era músico amador – deu-lhe uma harpa como prenda. O pequeno Nicanor começou então a receber lições de Vincenta Tormo de Calvo (Conservatório de Madrid) e de Luiza Menarguez.
Em 1925, iniciou estudos em Paris, onde os seus professores foram Marcel Tournier e Jacqueline Borot. Foi nesta cidade que ocorreu a sua estreia oficial em público.
Viajou depois para os Estados Unidos, tendo ali dado o seu primeiro concerto em 1934. Em Porto Rico, em 1950, conheceu Graziela, com quem se casou em 1952. Voltaram a Espanha e Zabaleta empreendeu uma tournée pela Europa. Durante os anos de 1959/62, deu aulas de harpa na Academia Musical Chigiana, em Siena (Itália).
Zabaleta interpretava sobretudo música do século XVIII, mas também tocava música antiga e moderna. Entre os que compuseram para ele, encontram-se Heitor Villa-Lobos e Joaquín Rodrigo, autor de “Concierto de Aranjuez”. Estima-se que Zabaleta tenha vendido cerca de três milhões de discos.
Em 1981, recebeu a Medalha de Ouro do Mérito das Belas-Artes outorgada pelo Ministério da Educação, da Cultura e dos Desportos. No ano seguinte, recebeu o Prémio Nacional de Música entregue pelo Governo espanhol.
No seu último concerto, realizado em Junho de 1992, em Madrid, a sua saúde começou a declinar. Faleceu no ano seguinte, aos 86 anos de idade.

quinta-feira, 30 de março de 2017

30 DE MARÇO - MARIA TERESA

EFEMÉRIDEMaria Teresa Villa-Lobos, cantora portuguesa, nasceu em Setúbal no dia 30 de Março de 1982.
Em 2007, representou Portugal no Festival Eurovisão da Canção, na Finlândia, adoptando o nome artístico Sabrina. A partir de 2012, num novo projecto a que associou também uma mudança de imagem, passou a apresentou-se ao público com o seu verdadeiro nome (Maria Teresa).
Começou por cantar na escola e em festas de família. Aos 16 anos de idade, já participava em competições de karaoke. Frequentou o Conservatório Regional de Setúbal, onde aprendeu piano, sob influência e seguindo a vocação familiar (avó e pai).
Tirou um curso de Modelo e Manequim com a ex Miss Portugal Francisca Sobrinho. Frequentou igualmente o Instituto Piaget (Ciências da Comunicação) e a Universidade Nova (Sociologia), cursos que abandonou para se dedicar à música e ao canto.
Como “Carina”, fez parte de uma das últimas formações das Teenagers durante três anos (2003/06). Antes de enveredar por uma carreira a solo, venceu dois concursos de karaoke.
Aos 24 anos, foi seleccionada num casting para o Festival RTP da Canção de 2007. Venceu a 43.ª edição do conhecido concurso, com mais do dobro dos votos do 2º classificado.
Com o tema “Dança comigo (vem ser feliz)”, representou Portugal na semifinal do Festival Eurovisão da Canção 2007, que se realizou na Finlândia. Portugal não conseguiu obter os votos suficientes para passar à final, faltando-lhe apenas 3 pontos.
Interpretou uma versão especial de “My heart will go on”, original de Celine Dion, no programa de televisão “Diz que é uma espécie de magazine”, a convite dos membros do grupo “Gato Fedorento”.
Praticou Futsal durante 13 anos, representando o Vitória de Setúbal, entre outros clubes, onde foi a capitã de equipa, tendo alcançado o título de vice-campeã distrital.
Em 2012, abandonou o seu nome artístico e abraçou um novo projecto com a editora Espacial, apresentando-se desde então com o seu nome verdadeiro, Maria Teresa. Lançou o álbum “Faltam-me as Palavras”, fazendo a apresentação do mesmo nos Coliseus de Lisboa e do Porto. O 1º single, “Faltam-me as Palavras”, foi um enorme êxito, integrando a banda sonora de uma das novelas de maior sucesso da TVI – “Destinos Cruzados”.
Numa relação com o futebolista internacional português Orlando Sá desde 2010, a cantora divide o tempo entre as viagens a Portugal para a realização de espectáculos e a sua vida pessoal. Tem acompanhado Orlando Sá nos países onde ele tem jogado desde 2011.

quarta-feira, 29 de março de 2017

29 DE MARÇO - LINO ALDANI

EFEMÉRIDELino Aldani, escritor italiano de ficção científica, nasceu em San Cipriano Po, Lombardia, no dia 29 de Março de 1926. Morreu em Pavia, em 31 de Janeiro de 2009. Foi também professor de matemática, crítico literário e antologista.
Iniciou-se na ficção científica no final de 1960. Em 1961, publicou um ensaio intitulado “La Fantascienza” (“A Ficção Científica”), o primeiro livro publicado em Itália sobre este tema.
Em 1963, fundou a revista “Futuro”, em colaboração com Massimo Lo Jacono e Giulio Raiola. Escreveu romances, numerosas novelas, guiões para televisão e uma peça de teatro.
Para além do seu nome, usou o pseudónimo N. L. Janda. As suas obras encontram-se traduzidas em diversas línguas. Faleceu dois meses antes de completar 83 anos.

terça-feira, 28 de março de 2017

GILBERT BÉCAUD - "Et maintenant" (1987)

28 DE MARÇO - FRANCISCO DE MIRANDA

EFEMÉRIDE – Sebastián Francisco de Miranda Rodríguez, militar venezuelano, herói da independência do seu país, nasceu em Caracas no dia 28 de Março de 1750. Morreu em San Fernando, Cádis, em 14 de Julho de 1816.
Idealizou um plano para a independência das colónias espanholas na América Latina e é reconhecido como precursor dos ideais de Simón Bolívar, de Bernardo O'Higgins e de outros combatentes que lutaram pelos mesmos objectivos naqueles territórios.
Oriundo de uma família abastada, fez os estudos clássicos e seguiu um curso de Arte Militar. Com 21 anos, decidiu partir para Espanha a fim de prosseguir uma carreira no exército. Apesar do seu espírito independente, pouco apreciado pelos seus superiores, revelou rapidamente as suas capacidades de comando que lhe valeram várias promoções. 
Já com o posto de capitão, desembarcou em Cuba com as tropas espanholas para combater os ingleses. O rei de Espanha Carlos III tinha, com efeito, decidido ajudar os insurrectos da América do Norte durante a Guerra da independência dos Estados Unidos. Tornou-se notado não só pela sua bravura, mas também pelas suas qualidades diplomáticas.
Em 1783, com 33 anos, foi promovido a tenente-coronel mas – entusiasmado com o exemplo dos insurrectos americanos – deixou o exército e decidiu lutar pela independência das colónias espanholas, assegurando a formação de revolucionários e procurando uma potência europeia susceptível de o ajudar naqueles desígnios.
Passou então seis anos entre os Estados Unidos, a Inglaterra e o continente europeu. Em Paris, o seu espírito brilhante e a sua forte personalidade abriram-lhe os salões melhor frequentados da capital e também os corações de belas mulheres. Chegou a ser general, marechal de campo e tenente general (1792), participando na Batalha de Valmy. O seu nome está inscrito no Arco de Triunfo em Paris.
Miranda organizou uma invasão (não bem sucedida) da Venezuela, em 1806. Chegou ao porto de Coro, onde a bandeira venezuelana tricolor foi içada pela primeira vez. Depois tiveram de se retirar. Entre os voluntários que o acompanharam nesta rebelião, estava David G. Burnet dos Estados Unidos, que seria mais tarde o presidente interino da República do Texas, depois da sua separação do México, em 1836.
Em Abril de 1810, a Venezuela iniciou finalmente o seu processo de independência, pelo que Simón Bolívar persuadiu Miranda a voltar à sua terra natal, onde o fizeram general do exército revolucionário. Quando o país declarou formalmente a independência, em 1811, ele assumiu a presidência da primeira República venezuelana, com o posto de generalíssimo.
As forças espanholas contra-atacaram e Miranda, temendo uma derrota brutal e desesperada, assinou um armistício com os espanhóis em Julho de 1812 (Tratado de La Victoria). Simón Bolívar e outros revolucionários acharam que a sua rendição correspondia a uma traição às causas republicanas e frustraram a sua intenção de escapar, entregando-o ao exército real espanhol, que o trouxe para uma prisão em Cádis, Espanha, onde morreu em 1816. Viria mais tarde a ser sepultado no Panteão Nacional da Venezuela.
Em 2007, foi estreado o filme “Miranda Regresa”, realizado por Henry Herrera, que conta a história de Francisco de Miranda.

segunda-feira, 27 de março de 2017

27 DE MARÇO - HENRY ROYCE

EFEMÉRIDE – Frederick Henry Royce, pioneiro inglês da indústria automobilística, nasceu em Alwalton no dia 27 de Março de 1863. Morreu em West Wittering, em 22 de Abril de 1933.
Juntamente com Charles Rolls, foi co-fundador – em 1904 – da Rolls-Royce, prestigiada marca de automóveis de luxo. Em 1991, foi incluído no Automotive Hall of Fame.
Nasceu num família modesta, sendo o maia novo de cinco irmãos. Desde criança, apaixonou-se pelo funcionamento mecânico do moinho de águia do pai. 
Em 1873, com dez anos, foi vendedor de jornais em Londres. Depois, empregou-se como aprendiz de mecânica nos estaleiros de uma das primeiras companhias de caminhos-de-ferro britânica, a Great Northern Railway em Peterborough. De forma autodidacta, aprendeu os princípios fundamentais da mecânica. Passou a trabalhar numa fábrica de ferramentas de Leeds, onde rapidamente se tornou formador.  
Em 1882, com dezanove anos, foi atraído por uma invenção – a electricidade – e conseguiu emprego numa das primeiras companhias eléctricas de Inglaterra. Quatro anos depois, decepcionado pela falta de evolução e com a qualidade técnica da empresa, fundou a sua própria sociedade em Manchester – a Cook Street, para fabricar material electromecânico: geradores, dínamos e equipamentos eléctricos para fábricas. Este material adquiriu grande notoriedade pela sua «qualidade-fiabilidade-segurança» e assegurou-lhe sucesso comercial em todo o país.
No princípio dos anos 1900, uma nova invenção excitou a sua curiosidade – o automóvel. Comprou um Decauville em 2ª mão, para se deslocar até ao local de trabalho. Ficou decepcionado, porque arrancava mal, sobreaquecia, era barulhento, pouco potente, vibrava por todo o lado, era difícil de manejar e inconfortável, avariava frequentemente…
Em 1902, fundou a Royce Company em Manchester e fabricou a sua primeira viatura – estética, luxuosa, robusta, fiável, silenciosa, confortável, sem vibrações e com arranque seguro. Royce alcançou assim uma excelente e unânime reputação em toda a Inglaterra.
Em Maio de 1904, Charles Rolls, piloto pioneiro do desporto automóvel e importante importador de automóveis europeus, descontente com o fraco nível das viaturas da época, procurou Henry Royce, de quem toda a gente falava. Os ensaios foram promissores e, desde logo, se comprometeu a comercializar o automóvel.
Em Dezembro, os dois associaram-se e juntaram as suas empresas numa só (Rolls-Royce), atraindo os automobilistas de elite e os aristocratas. Eram viaturas mais caras, mas também as melhores do mundo e que impuseram um respeito universal.
Apesar da notoriedade e da fortuna, Henry ficava fechado, no seu atelier de mecânica, dezasseis horas por dia até ao esgotamento, à procura de melhorias, num desejo insaciável e maníaco de perfeição. Os artistas da empresa chamavam-lhe carinhosamente “Papá Royce”. As viaturas Rolls-Royce foram apresentadas por todo o lado e conquistaram numerosos troféus.
Charles Rolls afirmou certa vez : «Como me limito a estar sentado e a esperar que a viatura corte a meta, o mérito deve ir inteirinho para Henry Royce que é o seu desenhador e construtor». Rolls acabou por morrer durante um meeting aéreo, nove dias depois de ter batido o recorde da travessia da Mancha em avião. 
Em 1914, foi criada a Rolls Royce (aviação). Já nos anos 2000, ela era o segundo fabricante mundial de motores de avião, logo após a General Electric.
Em 1931, a empresa Rolls-Royce comprou e fundiu-se com a Bentley, o seu mais importante concorrente industrial e desportivo. Na actualidade, as viaturas são fabricadas em Goodwood, próximo do local em que Henry Royce faleceu.

domingo, 26 de março de 2017

26 DE MARÇO - AUGUSTO MACHADO

EFEMÉRIDEAugusto de Oliveira Machado, compositor, professor e director de teatro português, morreu em Lisboa no dia 26 de Março de 1924. Nascera na mesma cidade em 27 de Dezembro de 1845.  
Os seus primeiros estudos musicais decorreram em Lisboa, com Joaquim Casimiro, Emílio Daddi e João Guilherme Daddi. Seguiu mais tarde para uma primeira estadia em Paris, onde estudou com Lavignac.
Em 1869, apresentou o seu ballet “Zefiretto” no Teatro Nacional de São Carlos em Lisboa. No ano seguinte, estreou a opereta “Sol de Navarra” no Teatro da Trindade. Estes acontecimentos, porém, passaram quase despercebidos.  
Voltou à capital francesa, onde estudou com Lavignac e Dannhauser, tendo conhecido Camille Saint-Saëns e Jules Massenet, que influenciaram o seu trabalho, designadamente na ópera “Lauriane” que estreou com grande sucesso em 1883, no Grand Théâtre de Marseille. Houve ainda apresentações em Lisboa, no Teatro de São Carlos (1884), e no Teatro Lírico do Rio de Janeiro (1886).
Em Lisboa, compôs várias óperas e também a ode sinfónica “Camões e os Lusíadas”, comemorando o 300º aniversário da morte do grande poeta português.
Augusto Machado pertenceu ao círculo de Batalha Reis e Eça de Queiroz, acreditando-se que tenha servido de modelo a uma personagem no livro “Os Maias” – a do músico Vitorino Cruges.
Foi director do Teatro Nacional de São Carlos (1889/92) e desenvolveu intensa actividade ligada ao ensino, como professor de Canto na Escola de Música do Conservatório Nacional (1901/10).
Parte do espólio musical de Augusto Machado foi oferecida, em Julho de 2009, à Biblioteca Nacional de Portugal, onde pode ser consultada.

sábado, 25 de março de 2017

25 DE MARÇO - LUCIANO DOS SANTOS

EFEMÉRIDELuciano Pereira dos Santos, pintor e professor que pertenceu à segunda geração de modernistas portugueses, nasceu em Setúbal no dia 25 de Março de 1911. Morreu em Lisboa, em 13 de Dezembro de 2006.
Em Maio de 1918, por falecimento dos pais, ingressou no Orfanato Municipal Sidónio Pais, onde fez a instrução primária. De 1924 a 1929, estudou na Escola Industrial Gil Vicente e na Escola Industrial e Comercial João Vaz, também em Setúbal.
Em Agosto de 1929, realizou a primeira exposição de pintura e desenho no Cineteatro Luísa Todi. Neste mesmo ano, fundou o Grupo Alma Nova, juntamente com Celestino Alves, Álvaro Perdigão e Carlos Alberto. Este grupo setubalense viria a fazer a sua primeira exposição de artes plásticas, no Liceu Bocage, em 1930.
Ingressou, igualmente em 1930, no curso de pintura da Escola Superior de Belas-Artes de Lisboa (ESBAL), que concluiu em 1937. Durante o seu tempo de estudante, beneficiou de várias bolsas da Câmara Municipal de Setúbal e da Junta Geral do Distrito de Setúbal e de uma pensão da ESBAL (1934).
Foi professor do ensino técnico profissional nas Escolas Industriais de João Vaz, em 1939/1940 (Setúbal), Machado de Castro em 1940/41 (Lisboa) e Afonso Domingues em 1941/45 (Lisboa), dedicando-se, a partir de então, exclusivamente às artes plásticas.
Em 1951, foi bolseiro do Instituto para a Alta Cultura em várias localidades de França, Bélgica e Holanda.
Fez diversas exposições individuais em Portugal (Lisboa, Porto, Coimbra, Guimarães, Amarante, Alcobaça, Santo Tirso, Setúbal, etc.) e em Espanha (Madrid, Barcelona e Palma de Maiorca). Participou em dezassete Exposições de Arte Moderna do S.P.N./S.N.I..
A sua obra integrou a Exposição sobre a Arte Portuguesa da década de 1940 organizada pela Fundação Calouste Gulbenkian (1982).
Por iniciativa da Câmara Municipal de Setúbal, realizou-se em 1992 uma exposição retrospectiva da sua obra no Salão Nobre dos Paços do Concelho/Convento de Jesus. Em 1993, foi realizada nova exposição retrospectiva, pelo Instituto Português do Património Arquitectónico e Arqueológico/Museu de Alcobaça, na Ala Sul do Mosteiro de Santa Maria de Alcobaça. Em 2011, foram organizados, pela edilidade setubalense, vários eventos e exposições comemorativos do centenário do seu nascimento.
Encontra-se representado em múltiplas colecções públicas e particulares, não só em Portugal como no estrangeiro. Recebeu inúmeros prémios e homenagens, tanto em vida como postumamente. 

sexta-feira, 24 de março de 2017

24 DE MARÇO - QUIM MONZÓ

EFEMÉRIDEQuim Monzó, romancista e contista espanhol de língua catalã, nasceu em Barcelona no dia 24 de Março de 1952.
Começou a publicar reportagens em princípios dos anos 1970, sobre o Vietname, o Camboja, a Irlanda do Norte e a África do Índico, no jornal “Tele/eXprés”. Colaborou em diversos periódicos e, actualmente, publica diariamente uma coluna no diário “La Vanguardia”.
A sua primeira novela apareceu em 1976. Passou o ano de 1982 em Nova Iorque, com uma bolsa de estudos.
Publicou um bom número de novelas, contos e colectâneas de artigos, sendo traduzido em mais de vinte idiomas e tendo ganho diversos prémios literários.
As suas colaborações na rádio e na televisão catalãs desde a década 1980 contribuíram para fazer dele um dos autores catalães mais populares.
Em 2007, escreveu e leu o discurso inaugural da Feira do Livro de Frankfurt, ano no qual a cultura catalã foi convidada especial para o evento. Monzó preparou uma dissertação escrita em forma de conto que diferia totalmente dos discursos tradicionais.
De Dezembro de 2009 a Abril de 2010, realizou-se na Galeria Arts Santa Mònica de Barcelona uma grande exposição retrospectiva sobre a sua vida e a sua obra, que tinha por título “Monzó”.
A sua obra é caracterizada por referências à cultura popular e por uma certa ironia. Pode notar-se, na colecção de ensaios “ Catorze ciutats comptant-hi Brooklyn”, um certo fascínio por Nova Iorque no pós 11 de Setembro.
Em colaboração com Cuca Canals, escreveu os diálogos do filme “Jambon, jambon” de Bigas Luna. Escreveu também, com Jérôme Savary, “El tango de Don Joan”.

quinta-feira, 23 de março de 2017

23 DE MARÇO - ELISAVETA BAGRIANA

EFEMÉRIDEElisaveta Bagriana, de seu nome original Elisaveta Lyubomirova Belcheva, poetisa búlgara, morreu em Sófia no dia 23 de Março de 1991. Nascera na mesma cidade em 16 de Abril de 1893.
Ao lado de Dora Gabe (1886/1983), é uma das figuras mais importantes da literatura búlgara. Bagriana foi a segunda dos três escritores da Bulgária que foram até hoje nomeados para o Prémio Nobel. As suas obras estão traduzidas em cerca de 30 idiomas.
No início do século XX, Bagriana manteve estreita amizade com Pétar Russev, pai da política e ex presidente brasileira Dilma Rousseff.
Escreveu os primeiros poemas quando vivia com a família em Veliko Turnovo (1907/08). Foi professora rural em Aftane, entre 1910 e 1911. Estudou Filosofia na Universidade de Sófia. Em 1915, publicou dois poemas (“Porquê?” e “Canção Nocturna”) na revista “Suvremenna Misul” (“Pensamento Contemporâneo”).
Na primeira fase da sua carreira literária cultivou uma lírica intimista e sentimental, em que se destaca “A Eterna e a Sagrada”. A partir de 1945 (pós guerra), passou para um registo com maior sentido social, cujo exemplo mais relevante é “Brjag na Brjag” (1963).
Recebeu – em 1969 – a Medalha de Ouro da Associação Nacional de Poetas em Roma. Faleceu na sua cidade natal, a menos de um mês de completar 98 anos de idade.

quarta-feira, 22 de março de 2017

22 DE MARÇO - PÍO LEYVA

EFEMÉRIDEPío Leyva, de seu verdadeiro nome Wilfredo Leyva Pascual, considerado um dos ícones da música cubana, morreu em Havana no dia 22 de Março de 2006. Nascera em Morón, em 5 de Maio de 1917.
Leyva participou no grupo de sucesso Buena Vista Social Club que, pelas mãos de Win Winders e Ray Cooder, correu o mundo e colocou a música cubana em grande destaque. Ao lado de Ibrahim Ferrer, Compay Segundo e outros, Pío é considerado um dos mestres do Cuaguancó, ritmo consagrado pela velha guarda cubana.
Como muitos artistas cubanos, foi atraído pelo swing e a sensualidade da música popular de Cuba, do mambo até à salsa. Leyva, que ganhou uma competição de bongô (tambor) aos seis anos de idade e que iniciou a sua carreira artística em 1932, será sempre lembrado pelo carisma que possuía.
Começou por tocar bongô no grupo Siboney, tornando-se depois cantor no Sexteto Caribe. Formou seguidamente um duo com o outro cantor do grupo (1933/34). Cantou também no Tipo jazz band de Jesús Montalvo.
Tendo alguns rudimentos de guitarra, fundou mais tarde um trio, que monopolizou rapidamente a rádio local e passou a animar o café El Angel de Morón. A sua terra natal tornou-se pequena para ele, vindo a fixar-se em Camagüey para cantar na orquestra Hermanos Licea.
Nos anos 1950, partiu para Havana onde atingiu o apogeu da sua popularidade. Gravou vários álbuns a solo e compôs uma grande variedade de canções de sucesso. A partir desta década, passou a ser um cantor muito procurado para integrar grupos, dar espectáculos, actuar na rádio e em grandes programas de televisão.
Já em 2002, novamente pelas mãos de Winders, Pío Leyva – com 85 anos – mostrou ainda fôlego para actuar no CD/DVD “The Songs of Cuba”, trabalho pós Buena Vista que apresentava as novidades da música cubana.
Apesar da sua idade, continuava a dar concertos um pouco por todo lado, estrangeiro incluído. Faleceu na capital cubana, vítima de crise cardíaca, aos 88 anos de idade.  

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