EFEMÉRIDE – Luis Mariano, de seu verdadeiro nome Mariano Eusebio González y García, tenor espanhol que viveu a maior parte da sua vida em França, morreu em Paris no dia 14 de Julho de 1970, vítima das consequências de uma hepatite. Nascera em Irun, no País Basco Espanhol, em 13 de Agosto de 1914.
Fez parte do Orfeão Donostiarra de San Sebastian, coro misto onde ele era o solista. De 1937 a 1939 foi o segundo tenor do grupo vocal Eresoinka, com o qual cantou em Paris, Bruxelas, Amesterdão e Londres. Quando acabou a guerra civil espanhola, Luís Mariano e a família refugiaram-se em Bordéus, onde o pai retomou a sua profissão de mecânico, enquanto a mãe fazia trabalhos de limpeza e de costura ao domicílio.
Atraído pelo desenho, entrou para a Escola das Belas Artes de Bordéus e foi igualmente admitido no Conservatório, cujo director o apresentou à cantora Jeanine Micheau, que lhe augurou um grande futuro e o incitou a trabalhar a voz. Para ganhar algum dinheiro, actuou junto dos clientes do cabaret “Le Caveau des Chartrons”, até ao dia em que o responsável da orquestra descobriu que Mariano “tinha uma voz de oiro”. Passou directamente para o palco, onde as suas interpretações entusiasmaram o público.
Em Setembro de 1942, deixou o Conservatório e foi para Paris com uma carta de recomendação de Jeanine Micheau para o grande tenor basco Miguel Fontecha, de quem ficou a receber lições. Este eminente professor ensinou-lhe o “belo canto”, técnica da mais pura tradição lírica italiana que se caracteriza pela beleza do som e a procura da virtuosidade.
Actuou no Teatro de Chaillot em Dezembro de 1943 e cantou em vários espectáculos de variedades radiofónicos. Ainda em 1943, apareceu no filme “L'escalier sans fin”, cantando “Seul avec toi”. Em 1944, adoptou o nome artístico de Luis Mariano, como atestam os jornais e os cartazes da época.
Em 1945, gravou os seus primeiros discos: “Amor Amor” e “Besame mucho”. Actuou de novo no Teatro de Chaillot, onde – em Novembro – partilhou o palco com Edith Piaf e Yves Montand.
Tornou-se verdadeiramente célebre em 1945, graças a “La Belle de Cadix”, uma opereta de Francis Lopez, apresentada no teatro do Casino de Montparnasse e que esteve em cena durante cinco anos, apesar de inicialmente estar prevista somente para algumas semanas. Tornou-se desde então, tanto nos palcos como nos ecrãs, o “príncipe das operetas”. O disco gravado daquele espectáculo vendeu rapidamente mais de um milhão de exemplares, o que levou a editora Pathé-Marconi a ter de rever os seus métodos de produção, de forma a poder dar resposta a tanta procura.
A sua popularidade aumentou de forma sensacional. Durante uma dezena de anos, dominou o mundo da canção e da opereta. O ponto culminante da sua carreira pode situar-se em 1951/1952, nomeadamente com o filme “Violetas Imperiais”. No teatro continuou a actuar também com grande sucesso.
Entre 1945 e 1958, entrou numa vintena de filmes, traduzidos em numerosas línguas. Paralelamente deu recitais nos Estados Unidos, Canadá e América do Sul, havendo multidões à chegada dos barcos e dos aviões que o transportavam.
Em 1957 e 1959, acompanhou a caravana do Circo Pinder em tournées por França, apresentando-se depois no Olympia.
A opereta “Prince de Madrid” (1967) terá sido o seu último grande êxito. Ainda fez uma tournée triunfal pela Roménia em 1966 e gravou um disco de canções espanholas e outro de canções napolitanas.
Luís Mariano era solteiro. Recebeu várias condecorações, entre as quais a Ordem Espanhola de Isabel a Católica.
Mais de quatro décadas após a sua morte, o seu túmulo em Arcangues continua a ser visitado e coberto de flores pelos seus fãs.
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