sábado, 25 de dezembro de 2021

25 DE DEZEMBRO - CARLOS ANDRÉS PÉREZ

EFEMÉRIDE - ­ Carlos Andrés Pérez Rodríguez, político venezuelano que por duas vezes governou o seu país (1974/1979 e 1989/1993), morreu em Miami no dia 25 de Dezembro de 2010. Nascera em Rubio, em 27 de Outubro de 1922.

Desde muito jovem mostrou aspirações políticas e filiou-se na Acción Democrática (AD), o partido social-democrata venezuelano, fundado e liderado por Rómulo Betancourt. Quando este chegou ao poder, mediante um golpe de estado, em 1945, o jovem Pérez tornou-se seu secretário particular, enquanto ainda estudava Direito na faculdade. Quando o presidente Rómulo Gallegos, também membro da AD, foi deposto por um golpe militar, em 1948, Pérez foi preso. Nos dez anos seguintes, a sua vida dividiu-se entre a prisão, o exílio e a clandestinidade.

A democracia voltou à Venezuela em 1958, com a queda do ditador Marcos Pérez Jiménez e Rómulo Betancourt tornou-se novamente presidente da Venezuela no final daquele ano, desta vez sendo eleito pelo voto popular. Durante o governo Betancourt (1959/1964), Carlos Andrés Pérez foi seu ministro de Relações Interiores. A sua gestão caracterizou-se pela polémica repressão aos grupos guerrilheiros comunistas que, com apoio cubano, visavam derrubar a jovem democracia. A repressão encabeçada pelo ministro Pérez foi dura, facto pelo qual o ex-presidente Hugo Chávez o criticava duramente.

Em 1969, Pérez torna-se secretário-geral da Acción Democrática, liderando o partido. Nesta condição, foi postulado candidato da AD às eleições presidenciais venezuelanas de 1973, nas quais, após uma campanha inovadora e dinâmica para a época, cujo lema era “democracia com enargia”, foi eleito, derrotando o seu principal oponente, Lorenzo Fernández.

No seu primeiro mandato como presidente da Venezuela, Pérez nacionalizou a indústria do ferro e a indústria petrolífera, mantendo um perfil esquerdista, com manifestações de solidariedade ao Panamá (na sua reivindicação pela Zona do Canal do Panamá, então sob controlo dos Estados Unidos), com a Bolívia (na sua reivindicação de uma a saída para o mar) e mantendo fortes laços com lideranças da esquerda europeia e latino-americana, especialmente com Felipe González. Em 1976, a Internacional Socialista celebrou um congresso em Caracas e nela a AD ingressou. No entanto, o governo de Pérez, apesar de popular, ficou manchado por escândalos de corrupção. Nestas condições, nas eleições presidenciais de 1978, Pérez não logrou eleger o seu sucessor, sendo substituído na presidência da Venezuela por Luis Herrera Campins.

Em 1 de Junho de 1977, foi agraciado com o Grande-Colar da Ordem Militar de Sant’Iago da Espada de Portugal.

A Constituição Venezuelana da época (1961) não permitia a reeleição imediata. O presidente deveria esperar que transcorressem dois mandatos consecutivos após a sua saída do cargo, para que pudesse voltar a postular a presidência da república. Assim fez Carlos Andrés Pérez, que concorreu às eleições presidenciais de 1988, sendo novamente eleito, desta vez derrotando o seu principal oponente, Eduardo Fernández.

Surpreendentemente, no seu segundo mandato, Carlos Andrés Pérez deu uma guinada ideológica radical: do esquerdismo dos anos 1970, ele - com poucos dias de mandato, em Fevereiro de 1989, lançou um plano de austeridade fiscal que foi duramente contestado pela população venezuelana, especialmente a de Caracas. Tal descontentamento popular ficou conhecido como “Caracazo” e é tido por muitos como a génese do fenómeno Hugo Chávez (que soube construir a sua liderança política ao longo da década de 1990, canalizando este descontentamento).

Até hoje, não se sabe com certeza o número de vítimas no Caracazo. Pérez realizou uma governação de corte neoliberal, mas as denúncias e escândalos de corrupção prosseguiram. Em 1992, foi alvo de duas tentativas de golpe de estado. Estes factos foram os responsáveis pelo seu impeachment em 1993 (o primeiro e único presidente da história da Venezuela a ser impedido de exercer as suas funções e o segundo presidente latino-americano depois de Fernando Collor de Mello do Brasil, um ano antes).

Em 1997, Pérez rompeu com o seu velho partido, a Acción Democrática, e fundou a sua própria agremiação política, pela qual foi eleito senador no final da década de 1990. No entanto, com a chegada de Hugo Chávez ao poder, Carlos Andrés Pérez passou a ser visto como a encarnação de todos os males do passado (corrupção, repressão, enriquecimento ilícito, recessão etc.). Foi duramente perseguido pelo governo e justiça venezuelanos, facto este que levou ao seu auto-exílio entre a República Dominicana e Miami.

Carlos Andrés Pérez casou-se em primeiras núpcias com a sua prima-irmã, Blanca Rodríguez, com quem teve seis filhos. Posteriormente, divorciou-se, casando com a sua antiga secretária Cecilia Matos. 

Sem comentários:

Arquivo do blogue

Acerca de mim

A minha foto
- Lisboa, Portugal
Aposentado da Aviação Comercial, gosto de escrever nas horas livres que - agora - são muitas mais...