Desde muito jovem mostrou
aspirações políticas e filiou-se na Acción Democrática (AD), o
partido social-democrata venezuelano, fundado e liderado por Rómulo Betancourt.
Quando este chegou ao poder, mediante um golpe de
estado, em 1945, o jovem Pérez tornou-se seu secretário particular,
enquanto ainda estudava Direito na faculdade. Quando o presidente Rómulo
Gallegos, também membro da AD, foi deposto por um golpe militar, em
1948, Pérez foi preso. Nos dez anos seguintes, a sua
vida dividiu-se entre a prisão, o exílio e a clandestinidade.
A democracia voltou à Venezuela
em 1958, com a queda do ditador Marcos Pérez Jiménez e Rómulo Betancourt
tornou-se novamente presidente da Venezuela no final daquele ano, desta vez
sendo eleito pelo voto popular. Durante o governo Betancourt (1959/1964),
Carlos Andrés Pérez foi seu ministro de Relações Interiores. A sua
gestão caracterizou-se pela polémica repressão aos grupos guerrilheiros
comunistas que, com apoio cubano, visavam derrubar a
jovem democracia. A repressão encabeçada pelo ministro Pérez foi dura, facto pelo qual o
ex-presidente Hugo Chávez o criticava duramente.
Em 1969, Pérez torna-se
secretário-geral da Acción Democrática, liderando
o partido. Nesta condição, foi postulado candidato da AD às eleições
presidenciais venezuelanas de 1973, nas quais, após uma campanha inovadora e dinâmica para a
época, cujo lema
era “democracia com enargia”, foi eleito, derrotando
o seu principal oponente, Lorenzo Fernández.
No seu primeiro mandato como
presidente da Venezuela, Pérez nacionalizou a indústria do ferro e a indústria
petrolífera, mantendo um perfil esquerdista, com manifestações de solidariedade
ao Panamá (na sua reivindicação pela Zona do Canal do
Panamá, então sob controlo dos Estados Unidos), com a Bolívia (na sua reivindicação de uma a saída para o mar) e
mantendo fortes laços com lideranças da esquerda europeia e latino-americana, especialmente com Felipe
González. Em 1976, a Internacional Socialista celebrou
um congresso em Caracas e nela a AD
ingressou. No entanto, o governo de Pérez, apesar de popular,
ficou manchado por escândalos de corrupção. Nestas
condições, nas eleições presidenciais de 1978, Pérez não logrou eleger o seu
sucessor, sendo substituído na presidência da Venezuela
por Luis Herrera Campins.
Em 1 de Junho de 1977, foi
agraciado com o Grande-Colar da Ordem Militar de Sant’Iago da Espada
de Portugal.
A Constituição Venezuelana
da época (1961) não permitia a reeleição imediata. O presidente deveria esperar
que transcorressem dois mandatos consecutivos após a
sua saída do cargo, para que pudesse voltar a postular a
presidência da república. Assim fez Carlos Andrés Pérez, que concorreu às
eleições presidenciais de 1988, sendo novamente eleito, desta vez derrotando o seu
principal oponente, Eduardo Fernández.
Surpreendentemente,
no seu segundo mandato, Carlos Andrés Pérez deu uma guinada ideológica radical:
do esquerdismo dos anos 1970, ele - com poucos
dias de mandato, em Fevereiro de 1989, lançou um
plano de austeridade fiscal que foi duramente contestado pela população
venezuelana, especialmente a de Caracas. Tal descontentamento
popular ficou conhecido como “Caracazo” e é tido por muitos como a génese do fenómeno Hugo Chávez (que soube construir a sua liderança política ao longo da década de 1990,
canalizando este descontentamento).
Até hoje, não se sabe com certeza
o número de vítimas no Caracazo. Pérez realizou uma governação de corte neoliberal, mas as denúncias
e escândalos de corrupção prosseguiram. Em 1992,
foi alvo de duas tentativas de golpe de estado. Estes factos foram os
responsáveis pelo seu impeachment em 1993 (o primeiro e
único presidente da história da Venezuela a ser
impedido de exercer as suas funções e o segundo presidente latino-americano
depois de Fernando Collor de Mello do Brasil, um ano antes).
Em 1997, Pérez rompeu com o seu velho partido, a Acción Democrática,
e fundou a sua própria agremiação política, pela
qual foi eleito senador no final da década de 1990.
No entanto, com a chegada de Hugo Chávez ao poder, Carlos Andrés Pérez passou a
ser visto como a encarnação de todos os males do passado (corrupção, repressão,
enriquecimento ilícito, recessão etc.). Foi duramente perseguido pelo governo e justiça venezuelanos, facto
este que levou ao seu auto-exílio entre a República
Dominicana e Miami.
Carlos Andrés Pérez casou-se em primeiras núpcias com a sua prima-irmã, Blanca Rodríguez, com quem teve seis filhos. Posteriormente, divorciou-se, casando com a sua antiga secretária Cecilia Matos.
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