Com vários prémios alcançados e um reportório assente
num repertório de fado tradicional (tendo como maior referência fadista
Fernando Maurício), Ricardo Ribeiro é reconhecido no universo da World Music,
quer pela colaboração com o libanês Rabih Abou-Khalil, quer pelos trabalhos em
nome próprio.
Ricardo foi criado no Bairro da Ajuda, tendo começado
a cantar aos 9 anos de idade para os amigos.
Impulsionado por uma tia, a sua estreia aconteceu aos
12 anos, no Grupo Desportivo A Académica da Ajuda, sendo acompanhado à
guitarra por Carlos Gonçalves e à viola por José Inácio, que se tornaria um dos
seus mestres.
Participou na Grande Noite do Fado de 1996, em
Lisboa, arrecadando o 2º lugar. Venceu esta iniciativa da Casa da Imprensa
no ano seguinte e, já em 1998, volta a vencer, então na categoria de seniores
masculinos.
Ao mesmo tempo que estudava no Colégio Diocesano
Andrade Corvo, em Torres Novas, com 15 anos, passou a integrar o elenco do Restaurante
Típico “Os Ferreiras”, na freguesia da Pena, ao lado de nomes como Fernando
Maurício (que considera seu mestre) e Adelino dos Santos, guitarrista de quem
diz ter recebido muitos ensinamentos.
Passou mais tarde para o Bairro Alto, actuando no Restaurante
Típico “Nô-Nô”, em O Faia ou no Café Luso. Faz parte do
elenco da Casa de Fado Marquês da Sé e, aos sábados, canta na Mesa de
Frades, ambos em Alfama.
Em 2001 representou Portugal, a convite do Ministério
da Cultura francês, num festival de culturas realizado na casa doada pela
actriz Maria Casarès à localidade de Alloue, Charente, França.
Em 2004, participou com o tema “Rosas e Harpejo”
na compilação “Fado, a Canção de Lisboa: Para uma História do Fado”
editada em Setembro e incluída na colecção “O Fado do Público”.
Já em 6 de Outubro, saiu “A Tribute To Amália
Rodrigues”, uma compilação de homenagem à fadista portuguesa, editada pela World
Connection. Creditado apenas como Ricardo, apresenta o tema
escolhido “Quando se Gosta de Alguém”, lançamento em que participaram
também nomes do fado como Ana Moura, Argentina Santos, Cristina Branco ou Joana
Amendoeira, mas também doutras áreas como Vozes da Rádio, Dany Silva ou
Raul Marques e os Amigos da Salsa.
O álbum “Ricardo Ribeiro” sai ainda em 2004
pela editora Companhia Nacional de Música. Este trabalho está marcado
por composições do fado tradicional, mas com quatro excepções trazidas por
Jorge Fernando, Paco González e Manuel Mendes. Há ainda a notar as letras
escritas para si por José Luís Gordo e Rui Manuel. Na produção, estão as
assinaturas de Jorge Fernando e Ricardo Ribeiro, que é acompanhado neste álbum
por Jorge Fernando (viola), José Manuel Neto (guitarra portuguesa) e Marino de
Freitas (viola baixo). Deste trabalho, a canção “A Lua e o Corpo” seria
escolhida para integrar a compilação “Álbum Vermelho do Fado” (2006),
editada pela CNM, e a compilação “Fado Sempre! Ontem, Hoje e Amanhã”
comemorativa dos 150 anos de fado, editada pela Difference e iPlay
e que reúne 80 fados interpretados por «nomes incontornáveis do panorama do
fado». Nota ainda para o tema “Rezando Pedi por Ti” que viria a ser
integrado na compilação “Fado Presente: A Nova Geração do Fado” (2008)
com chancela da Farol Música.
Em 2005, Ricardo Ribeiro recebe o Prémio Amália,
categoria Revelação Fadista, da Fundação Amália Rodrigues. Na
secção feminina, a distinguida seria Carminho. A Casa da Imprensa
atribuiu-lhe, durante a Grande Noite do Fado de 2005, o Troféu
Revelação.
Pisando outras artes, ainda em 2005, participou no
filme “Rio Turvo” (2007) de Edgar Pêra, onde interpreta um fado e uma
canção de Fernando Girão. No teatro, canta na peça “Cabelo Branco É Saudade”,
do encenador Ricardo Pais, ao lado de Celeste Rodrigues, Argentina Santos e
Alcindo de Carvalho, no Teatro Nacional de São João. O espectáculo passaria
por outras importantes salas de espectáculo, como a Cité de la musique de
Paris, o Teatro de La Abadía de Madrid, a Casa de Ópera de
Frankfurt (Opern und Schauspielhaus Frankfurt), o Teatro Mercadante de
Nápoles ou a Casa da Música, no Porto.
Ainda em 2006, interpreta uma versão fadista do Hino
Nacional de Portugal, em apoio da selecção nacional de futebol,
participante no Campeonato Mundial de Futebol desse ano, realizado na
Alemanha.
No ano seguinte, Ricardo Ribeiro surge no filme
documentário musical “Fados” (2007), de Carlos Saura. Ricardo Ribeiro
participou numa cena final, onde o se tenta «recriar a Tasca do Chico», no
Bairro Alto, cantando ao lado de Ana Sofia Varela, Carminho, Maria da Nazaré,
Vicente da Câmara e Pedro Moutinho. Esta cena serviria de base para um
espectáculo, Casa de Fados, com estes artistas (excepto Carminho que
seria substituída por Tânia Oleiro), estreado em Novembro, no Centro
Cultural de Belém (CCB), em Lisboa.
Na sequência dos concertos em Julho de 2007, no Teatro
de São Luiz, em Lisboa, e no Porto no Teatro Nacional São João com o
alaudista e compositor libanês Rabih Abou-Khalil, Ricardo é a voz do álbum “Em
Português” do compositor e tocador de Oud, lançado em Maio de 2008 pela
editora Enja Records. As letras originais são assinadas por Mário
Rainho, Silva Tavares, José Luís Gordo, Tiago Torres da Silva, Rui Manuel e
António Rocha. O disco foi eleito Top of the World Album atribuído pela
revista inglesa “Songlines”.
Em 2009, Ricardo Ribeiro participou no álbum “Em Cantado”
de Rão Kyao, cantando dois temas, “O Meu Amor” e “Fado do Alentejo”.
Em 2010, foi editado o álbum “Porta do Coração”,
com selo EMI Music Portugal, produzido por Ricardo Ribeiro e pelos dois
músicos que o acompanhavam na altura, Pedro Castro (guitarra portuguesa) e
Jaime Santos (viola). No disco participaram ainda de José Luís Nobre Costa
(guitarra portuguesa) e, aos 90 anos, Joel Pina (viola baixo). Dominado mais
uma vez pelos fados tradicionais, entre os 15 temas apresentados, com poemas de
autores como de Maria de Lourdes Carvalho, Saudade dos Santos, Álvaro Duarte
Simões, Carlos Conde ou Jorge Rosa, encontra-se um tema de Fernando Girão, que
não se pode chamar fado. O álbum, lançado em 19 de Abril, teve como single de
apresentação “Moreninha da Travessa”, com o teledisco a contar com
realização do cineasta João Botelho. O disco teve entrada directa para o quinto
lugar do Top nacional de vendas, segundo a Associação Fonográfica
Portuguesa (AFP).
Estreia em Setembro o filme “Filme do Desassossego”
(2010), de João Botelho, que inclui participação musical de Ricardo Ribeiro.
Em 2011, Ricardo Ribeiro recebe o Prémio de Melhor
Intérprete atribuído pela Fundação Amália Rodrigues.
Estreia em Junho o documentário “O Rei Sem Coroa”
(2011), de Diogo Varela Silva, sobre a vida e obra de Fernando Maurício, que
inclui participação de Ricardo Ribeiro.
Em 2012, Ricardo Ribeiro colabora no disco “Rui
Veloso E Amigos”, num dueto em “Nunca Me Esqueci De Ti” com Rui
Veloso.
Em 2013, chega o disco “Largo da Memória”,
tendo como tema de apresentação “Destino Marcado”. Editado em 14 de
Outubro, este trabalho conta com a participação do músico libanês Rabih
Abou-Khalil e dos guitarristas Joel Pina, Ricardo Rocha, Pedro Caldeira Cabral
e Pedro Jóia. Entre as assinaturas dos poemas, encontramos nomes como Pedro
Homem de Melo, David Mourão-Ferreira, Maria do Rosário Pedreira ou Hasan Ibn
Al-Missîsi. Com este álbum editado pela Parlaphone, Ricardo Ribeiro foi
um dos quatro finalistas, na categoria de Melhor Artista da edição de
2015 dos prémios musicais da revista britânica “Songlines”. Na
compilação que assinala estes prémios, “Songlines Music Awards 2015”
(2015), podemos encontrar o tema “Entrega”.
Ainda em 2013, colaborou em dueto no tema “Pontas
Soltas” do disco “Fado É Amor” de Carlos do Carmo.
Em 27 de Janeiro de 2015, Ricardo Ribeiro foi feito comendador
da Ordem do Infante D. Henrique.
Em Julho de 2015, foi editada a compilação “Amália -
As Vozes do Fado”, uma homenagem a Amália Rodrigues idealizada pelo realizador
luso-francês Ruben Alves, em que Ricardo Ribeiro canta em “Grito” e “Maria
La Portuguesa”, em que também participa o espanhol Javier Limón.
O álbum “Hoje é Assim, Amanhã Não Sei” foi editado
em 1 de Abril de 2016. Este trabalho, que foi apresentado na noite anterior, no
lisboeta Coliseu dos Recreios, conta com o acompanhamento de José Manuel
Neto (guitarra portuguesa), Carlos Manuel Proença (viola) e Daniel Pinto (viola
baixo), e ainda com convidados como o pianista João Paulo Esteves da Silva, o
acordeonista Ricardo Dias, o trompetista Diogo Duque ou os guitarristas
clássicos Artur Caldeira e Daniel Paredes. Entre as surpresas deste álbum
podemos encontrar, ao lado de temas de fado tradicional, uma letra de Bernardim
Ribeiro (1482/1552), um tema em francês de Paul Verlaine ou outro em castelhano
de Luís Demétrio. Nota ainda para a participação do Grupo Coral Ganhões
de Castro Verde num tema assinado por Paulo de Carvalho. Como single de
apresentação surge “Nos Dias de Hoje”, com letra e música de Tozé Brito.
“Hoje é Assim, Amanhã Não Sei”, produzido por
Carlos Manuel Proença, voltaria a colocar Ricardo Ribeiro nos nomeados, na
categoria de Melhor Artista, para os prémios musicais da revista
britânica “Songlines” de 2017 e a merecer ser galardoado com o Prémio
Carlos Paredes (2017), da Câmara Municipal de Vila Franca de Xira,
ex aequo com o Projecto Michel Giacometti do Quarteto ARTEMSAX &
Lino Guerreiro.
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