Filho de António Cândido
Martins da Cunha do Vale e Azevedo, engenheiro agrónomo, e de sua mulher Maria
Antónia Vieira de Araújo, oriundos da Nobreza de Entre Douro e Minho.
Após concluir os estudos
secundários no Colégio de São João de Brito, que frequentou entre 1963 e
1974, licenciou-se em Direito, em 1980, pela Faculdade de Direito da
Universidade de Lisboa.
Foi monitor de Direito da
Família nesta faculdade, entre 1979 e 1982, e advogado, a partir de 1980.
Entre 1981 e 1983, foi assessor jurídico do primeiro-ministro de Portugal
Francisco Pinto Balsemão. Em 1983, fundou uma sociedade de advogados, a Vale
e Azevedo & Associados, da qual foi managing partner até 2000.
Viria a ser suspenso da Ordem
dos Advogados Portugueses em 2005, «por violação continuada, livre e
consciente, com dolo directo», por dez anos. Em Outubro de 2013, Vale e
Azevedo foi expulso da Ordem por «falta de idoneidade moral».
Em Outubro de 1997, tornou-se
o 34º presidente do SL e Benfica, após derrotar nas eleições do clube
Luís Tadeu e Abílio Rodrigues. O mandato de Vale e Azevedo ficou marcado pela
formação da SAD do Benfica e foi durante a sua vigência que se
iniciou a construção do centro de estágios do Seixal. Sem qualquer título no
futebol, o Benfica conseguiu apenas uma vitória no ciclismo, colectiva e
individual, com David Plaza a vencer a Volta a Portugal de 1999.
Desde que abandonou esse
cargo, em Novembro de 2000, foi alvo de vários processos judiciais, ainda em curso,
mas em fase final.
Foi detido no dia 16 de
Fevereiro de 2001 e condenado a seis anos de prisão em cúmulo jurídico, acusado
de se apropriar de 640 mil euros da transferência de Ovchinnikov. Em Agosto,
ficou em prisão preventiva, e foi condenado, em Abril de 2002, a quatro anos e
meio de cadeia pelos casos “Ovchinikov” e “Euroárea”. Apenas
cumpriu três anos e meio de cadeia. Parte da pena foi cumprida entre Agosto de
2001 e Fevereiro de 2004.
Em 19 de Fevereiro de 2004, foi
posto em liberdade por apenas 14 segundos. Esperavam-no à porta do
estabelecimento prisional anexo à PJ a mulher, Filipa, e o irmão,
Álvaro, juntamente com o motorista. As malas e a televisão já estavam no
interior do Mercedes S quando o ex-dirigente do Benfica foi
abordado por dois agentes da PJ com um novo mandado de detenção.
Solto em Julho de 2004, foi
condenado a ano e meio de prisão em 2005. Voltaria a ser condenado a penas de
prisão em mais dois processos - a burla a Dantas da Cunha (2006) e a dois
empresários no processo Ribafria (2007). Apresentou cauções falsas no
valor de 1,3 milhões de euros para ficar em liberdade e escapa-se para
Inglaterra, que, em 2008, começa a apreciar os pedidos de extradição de
Portugal.
Desde 2008, residiu em
Londres sob termo de identidade e residência e com o passaporte confiscado,
enquanto aguardava a decisão do Tribunal Superior de Justiça de
Londres sobre o pedido de extradição das autoridades portuguesas.
Vale e Azevedo esteve
envolvido em Inglaterra numa gigantesca fraude de compra de parte de um banco
privado alemão, detido pelo Deutsche Bank. O ex-presidente do Benfica
pedia dinheiro a investidores e apoderava-se de elevadas quantias que lhe eram
confiadas. Para atestar a sua credibilidade, Vale e Azevedo entregava
documentos emitidos pelo banco que, ao que tudo indica, seriam falsos. O
advogado fazia-se ainda passar por gestor de fundos de sucesso e dizia ter mais
de 618 milhões de euros para investir. Para conquistar a confiança dos
investidores, usou outros estratagemas: dizia ter ganho 138 milhões de euros em
negócios com uma empresa pública inglesa e afirmava deter 75% de uma empresa
luxemburguesa, ser dono de uma casa em Wentworth e ter também residência no Foster
Hotel Egham. Vale enganava os investidores e compradores mostrando ter uma
vida de luxo, jantando nos melhores restaurantes e vestindo-se de forma
elegante.
Foi, em 12 de Novembro de
2012, extraditado do Reino Unido sendo detido em Portugal.
Tem em Portugal mais de 30
credores da empresa V&A Capital Limited, que criou em Londres, tendo
enganado mesmo a justiça e as finanças, ao apresentar em tribunal várias
cauções que a Polícia Judiciária descobriu serem falsas.
Em 2 de Julho de 2013, Vale e
Azevedo foi condenado a dez anos de prisão efectiva pela apropriação indevida
de mais de quatro milhões de euros dos cofres do Benfica, resultantes da
transferência de futebolistas, entre 1998 e 2000. Foi culpado dos crimes de
branqueamento de capitais, falsificação de documentos, abuso de confiança e
peculato. Foi ainda condenado a pagar cerca de sete milhões de euros que
desviou ao clube. Desde então, Vale e Azevedo apresentou recursos, sem sucesso,
para revogar a condenação em torno das transferências dos atletas ingleses
Scott Minto e Gary Charles, do marroquino Tahar e do brasileiro Amaral. Mesmo
preso no estabelecimento prisional da Carregueira, o ex-presidente do Benfica
andava de recurso em recurso a tentar atrasar a condenação definitiva. Em Dezembro
de 2015, o Tribunal Constitucional determinou o trânsito em julgado
imediato do processo, por entender que Vale estava a abusar de incidentes
processuais.
Vale e Azevedo foi libertado,
em 7 de Junho de 2016, após cumprir cinco sextos da pena de 11 anos e meio na
prisão da Carregueira.
Em 15 de Janeiro de 2019, o Tribunal
da Relação de Lisboa considerou prescritos os crimes de que Vale e Azevedo
estava acusado, relativos ao desvio de dinheiro dos direitos televisivos do
clube. Os factos remontavam ao final da década de 1990 e o julgamento
estava marcado para o início de Março de 2019, mas a Relação entendeu
estar prescrito o procedimento criminal. Em causa, estavam os crimes de
peculato e falsificação de documentos, relacionados com os direitos televisivos
do Benfica e que envolviam a verba de 1,2 milhões de euros.
Em 2022, respondeu num
processo por ter prestado falsas garantias de três milhões de euros em
processos judiciais e por tentar burlar o BCP, também com falsas
garantias, para conseguir um crédito de 25 milhões de euros. Desde Março 2019,
que o tribunal tenta, sem sucesso, notificar o ex-advogado para julgamento. O Tribunal
Judicial da Comarca de Lisboa emitiu em Setembro de 2022 um mandado
de detenção para o antigo presidente do Benfica, alegando que se recusava
a comparecer perante o juiz.
Sem comentários:
Enviar um comentário