quarta-feira, 19 de junho de 2024

19 DE JUNHO - JOSÉ DIAS COELHO

EFEMÉRIDE - José Dias Coelho, artista plástico, militante e dirigente do Partido Comunista Português, nasceu em Pinhel no dia 19 de Junho de 1923. Morreu em Lisboa, em 19 de Dezembro de 1961.

Natural de Pinhel, próximo da Guarda, passou a sua infância em Coimbra e Castelo Branco.

Foi aluno da Escola de Belas Artes de Lisboa, onde entrou em 1942. Frequentou primeiro o curso de Arquitectura e, depois, o de Escultura.

Ainda muito jovem, aderiu à Frente Académica Antifascista e, mais tarde (em 1946), ao MUD Juvenil. Participante em várias lutas estudantis em 1947, aderiu em seguida ao Partido Comunista Português e, em 1949, foi detido pela PIDE após participar na campanha presidencial de Norton de Matos.

Em 1952, foi expulso da Escola Superior de Belas Artes e impedido de ingressar em qualquer faculdade do país; seria também demitido do lugar de professor do Ensino Técnico.

José Dias Coelho foi trabalhar, em 1952, como desenhador com os arquitectos Keil do Amaral, Hernâni Gandra e Alberto José Pessoa, numa oficina na Rua Fernão Álvares do Oriente, no Bairro de São Miguel em Lisboa.

Em 1955, entra para a clandestinidade, enquanto exercia funções no PCP, com o objectivo de criar uma oficina de falsificação de documentos para dar cobertura às actividades dos militantes clandestinos. Exercia esta actividade na altura do seu assassinato pela PIDE, em 19 de Dezembro de 1961, na Rua da Creche, que hoje tem o seu nome, junto ao Largo do Calvário, em Lisboa.

O assassinato levou o cantor Zeca Afonso a escrever e dedicar-lhe a música “A Morte Saiu à Rua”. O mesmo fez o grupo Trovante com a música “Flor da Vida”.

Da vida pessoal de José Dias Coelho há ainda a salientar a sua relação com Margarida Tengarrinha, também artista plástica. O casal teve três filhas.

Ao optar pela clandestinidade em 1955, pôs de parte a sua carreira artística como escultor, que nesse mesmo ano vê os primeiros sinais de reconhecimento público, com duas esculturas para a Escola Primária de Campolide (secções feminina e masculina) e uma grande escultura para a Escola Primária de Vale Escuro, em Lisboa, e dois baixos-relevos, um para o Café Central das Caldas da Rainha e outro para a fábrica Secil.

Já estava na clandestinidade quando, em Junho de 1956, se realizou a 10ª e última das Exposições Gerais de Artes Plásticas; José Dias Coelho foi um dos organizadores dessas exposições, desde a primeira edição em 1946, e é um dos artistas que expõe a partir da segunda. Por não poder participar abertamente na 10ª edição, por estar na clandestinidade, um grupo de amigos expôs a escultura da cabeça da irmã Maria Emília, que já havia sido exposta, para garantir que o seu nome consta do catálogo.

Com uma intensa actividade social e intelectual a par da política, travou e manteve amizade com várias figuras destacadas da sociedade portuguesa de então, tais como os arquitectos Keil do Amaral e João Abel Manta, com Fernando Namora, Carlos de Oliveira, José Gomes Ferreira, Eugénio de Andrade, José Cardoso Pires, Abel Manta, Rogério Ribeiro, João Hogan, bem como aqueles que viriam dentro em breve a liderar os movimentos de independência nas colónias, na altura estudantes em Lisboa: Agostinho Neto, Vasco Cabral, Marcelino dos Santos, Amílcar Cabral e Orlando Costa.

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