Ela foi a primeira mulher a
ser aceite na Faculdade de Medicina da Universidade do Estado do Haiti,
formando-se em 1940. Após o final da graduação, trabalhou como especialista em ginecologia
e obstetrícia no Hospital Geral de Porto Príncipe.
Por ser a primeira médica do
país, Sylvain desempenhou um importante papel em providenciar acesso aprimorado
à saúde aos cidadãos haitianos. Entre outras realizações, Yvonne Sylvain também
foi uma das vozes que lutaram pela igualdade física, económica e social das
mulheres do Haiti.
Yvonne Sylvain era filha de
Eugénie Mallebranche e Georges Sylvain, activista haitiano e importante figura
de resistência à ocupação americana do Haiti. O casal teve ao todo sete filhos,
uma deles sendo Suzanne Comhaire-Sylvain, a primeira mulher antropóloga do
país.
Muito influenciada pelo seu
pai, ela frequentou a École Normale d’institutrices, na qual se formou e
começou a trabalhar como professora.
Aos 28 anos, tornou-se a
primeira mulher a ser admitida na Faculdade de Medicina da Universidade
do Estado do Haiti, concluindo os seus estudos em 1940.
Sylvain recebeu uma bolsa de
estudos para estudar na Faculdade de Medicina da Universidade
Columbia. Três anos após o seu estágio, continuou em Nova Iorque
trabalhando e estudando em importantes hospitais.
Sylvain deu inúmeras
contribuições à área da saúde no Haiti e inspirou outras haitianas a seguirem os
seus passos.
Em 1953, treze anos após a sua
formatura, oito mulheres haitianas já possuíam diplomas de medicina e já
trabalhavam na área. Na época, a Universidade do Estado do Haiti contava
com 241 estudantes de medicina matriculados; destes, dezassete eram
mulheres.
Após a sua graduação, Sylvain
trabalhou durante muitos anos no Hospital Geral de Porto Príncipe, actuando
na área de ginecologia e obstetrícia. A alta taxa de mortalidade no
Haiti inspirou-a a tornar-se médica; ela investiu o seu tempo e habilidades
para tratar haitianos com doenças variadas. Sylvain tinha interesse nos
problemas de saúde imediatos que assolavam a população haitiana na época:
esterilidade, superpopulação e cancro. Ela também se tornou professora da Universidade
do Estado do Haiti.
Sylvain publicou inúmeros
artigos em revistas médicas e continuou a pesquisar sobre os principais e mais
letais problemas de saúde que ocorriam no país.
Sylvain tornou-se
vice-presidente da Fundação Haitiana para a Saúde e Educação. Frustrada
com os métodos precários de tratamento do cancro no Haiti, tornou-se inflexível
quanto a investir em raios X e outros equipamentos médicos para o diagnóstico
da doença, já que desejava que mais avanços médicos chegassem ao Haiti a fim de
diminuir o número de pessoas que morriam de cancro.
Sylvain fez parte da Liga
Haitiana Contra o Cancro e ajudou a introduzir no país o teste de
papanicolau, método de prevenção ao cancro cervical.
Ela criou um comité especial
que ajudou a arrecadar fundos da França e da diáspora haitiana para um hospital
que ela queria construir em Frères, cidade a dez minutos de Pétion-Ville, a fim
de fornecer acesso médico a uma comunidade de mais de 100 000 pessoas. Ao
mostrar comprometimento com a causa, Sylvain permaneceu no cargo de
vice-presidente da Fundação Haitiana para a Saúde e Educação até à sua
morte, aos 82 anos.
Com a sua organização
melhorando os hospitais haitianos, ela começou a trabalhar com saúde pública,
especialmente na área de saúde reprodutiva e pesquisa, para a Organização
Mundial da Saúde (OMS).
Sylvain também levou o seu
conhecimento científico a países africanos como Nigéria e Senegal e trabalhou
na Costa Rica.
Ela participou activamente na
promoção da cultura haitiana através da arte. Sylvain foi tutorada por Normil
Charles e também influenciada por Petion Savain. Ela trabalhou nos campos da
arte, pintura, escrita, crítica de arte, teatro e até mesmo animação de rádio,
sendo uma importante operadora cultural para a sua comunidade.
Arte, pintura e teatro eram
interesses muito importantes para Yvonne Sylvain durante a sua juventude, pois
ela estava profundamente inserida numa comunidade muito cultural.
Em 1932, ela tinha exibido
mais de trinta pinturas a óleo e desenhos. No entanto, o desamparo que sentiu
após a morte de sua mãe inspirou a sua devoção às ciências médicas.
Sylvain também esteve
envolvida em movimentos a favor do sufrágio feminino, principalmente na Ligue
Féminine d’Action Sociale (Liga Feminina de Acção Social), que
ajudou as mulheres haitianas a ganharem o direito ao voto em 1950. Ela também
publicou artigos sobre saúde pública no veículo de notícias da Liga, La
Voix des Femmes.
A Associação Médica
Haitiana (AMH) fez uma homenagem póstuma a Sylvain, reconhecendo-a
como a primeira médica do país.
Sem comentários:
Enviar um comentário