EFEMÉRIDE – Akira Kurosawa, um dos realizadores mais célebres do Japão, cujos filmes influenciaram profundamente várias gerações de realizadores de todo o mundo, morreu em Setagaya no dia 6 de Setembro de 1998. Nascera em Tóquio, em 23 de Março de 1910.
Kurosawa começou por tentar ser pintor, mas não prosseguiu os estudos por falta de dinheiro. Continuou no entanto apaixonado pelas artes, principalmente pela literatura, de onde se inspirou para a grande maioria das suas obras cinematográficas. Um seu irmão era narrador de filmes no tempo do cinema mudo mas, com o advento dos filmes sonoros, viu-se desempregado e de tal modo deprimido que se suicidou aos 27 anos. A Kurosawa custou muito aceitar esta tragédia e só alguns anos depois é que ingressou na carreira cinematográfica, como assistente de realizador. Nunca mais parou de trabalhar no cinema e, de 1943 a 1965, dirigiu vinte e quatro filmes seus.
Foi o introdutor dos “filmes sobre samurais”, em que o importante era a honra acima de tudo. Sofrendo de fadiga mental, tentou suicidar-se também em 1971, golpeando os pulsos mais de trinta vezes. Em 1985, no Festival de Cinema de Cannes foi homenageado pelo seu filme "Ran" que ele próprio considerava a "obra da sua vida". Era baseado em adaptações do livro “Rei Lear” de William Shakespeare. Kurosawa adaptou igualmente ao cinema, obras dos escritores russos Dostoievski e Gorki.
Ganhou o “Leão de Ouro “ no Festival de Veneza em 1950, o “Leão de Prata” no mesmo Festival em 1954, o “Urso de Prata” do Festival de Berlim em 1958, um “César” em 1980 e a Palma de Ouro do Festival de Cannes no mesmo ano. Recebeu igualmente um Óscar do Melhor Filme Estrangeiro em 1975 e um Óscar Honorário.
Nas suas obras, Kurosawa descreveu a pobreza, a violência urbana, as destruições ambientais, a doença e a velhice.
Rashōmon foi o filme da sua consagração e, através dele, veio o reconhecimento do cinema japonês na Europa. Nos seus últimos filmes foi ajudado pelos ocidentais Serge Silberman, Francis Ford Coppola e George Lucas, o que lhe permitiu realizar filmes grandiosos, que reconstituíram o “Japão dos Shoguns” e que são verdadeiras obras de arte.
Kurosawa distinguiu-se igualmente pelo uso de teleobjectivas que lhe permitia filmar os actores de longe sem os perturbar. Era um perfeccionista que despendia toda a sua energia e tempo para atingir os efeitos desejados.
Apesar de alguns críticos japoneses o considerarem demasiado ocidentalizado, ele inspirou-se profundamente na cultura japonesa e nomeadamente no “Teatro Kabuki”.
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