EFEMÉRIDE – Josué Apolônio de Castro, médico, professor, nutricionista, antropólogo, geógrafo, sociólogo, escritor, político, intelectual, humanista e activista brasileiro, nasceu no Recife em 5 de Setembro de 1908. Faleceu em Paris no dia 24 de Setembro de 1973.
Concluiu o curso de Medicina aos 21 anos, na Faculdade Nacional de Medicina da Universidade do Brasil. Três anos mais tarde ensinou Fisiologia na Faculdade de Medicina do Recife. Foi professor catedrático de Geografia Humana, na Faculdade de Filosofia e Ciências Sociais do Recife de 1933 a 1935 e professor catedrático de Antropologia, na Universidade do Distrito Federal, de 1935 a 1938. De 1940 a 1964 foi professor catedrático de Geografia Humana na Faculdade Nacional de Filosofia da Universidade do Brasil.
Josué de Castro viveu três fases da história brasileira: o Governo de Getúlio Vargas (1930/1945), a experiência democrática (1945/1964) e a tomada do poder pelos militares (1964/1973), época em que foi obrigado a exilar-se. Catorze países ofereceram-lhe exílio e ele optou por França, onde viveu até à sua morte. Internacionalmente, foi testemunha dos horrores da 2ª Guerra Mundial e da polarização do mundo em torno dos Estados Unidos e da URSS, no âmbito da chamada Guerra-fria.
Chefiou em 1933 a Comissão que realizou o inquérito sobre as Condições de Vida das Classes Operárias do Recife, o primeiro desta natureza realizado no Brasil. Foi também membro da "Comissão de Inquérito para Estudo da Alimentação do Povo Brasileiro", organizado pelo Departamento Nacional de Saúde em 1936.
Em 1939, foi convidado oficial do Governo Italiano para realizar um ciclo de conferências nas Universidades de Roma e de Nápoles sobre "Os Problemas de Aclimatação Humana nos Trópicos". Vários governos convidaram-no para estudar problemas de alimentação e nutrição, entre eles a Argentina (1942), os Estados Unidos (1943), a República Dominicana (1945), o México (1945) e a França (1947).
O tema da Fome perpassa por quase todos as suas obras, algumas das quais foram objecto de estudos a nível mundial, como a “Geografia da Fome” (1947) e a “Geopolítica da Fome” (1951). A fome foi tratada por Josué de Castro sob o ponto de vista científico e social, com críticas e denúncias das relações sociais existentes.
Em 1957 publicou “O Livro Negro da Fome”, adoptando uma interpretação através do conceito de subdesenvolvimento, influenciado certamente pela actividade política que desempenhou de 1952 a 1955 na FAO (Organização para a Agricultura e Alimentação da ONU). Josué de Castro dedicou também uma atenção muito especial à fome parcial ou escondida, porque esta, segundo ele, é mais frequente e atinge um maior número de pessoas em todos os continentes.
Entre muitos cargos e distinções recebidas, salienta-se: Presidente da Sociedade Brasileira de Alimentação, de 1942 a 1944; Fundador e Director do Instituto de Nutrição da Universidade do Brasil, em 1946; Prémio José Veríssimo da Academia Brasileira de Letras, no mesmo ano; e Doutor Honoris Causa de várias Universidades estrangeiras.
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