EFEMÉRIDE – Alexander Issaïevich Soljenitsyne, romancista, dramaturgo, historiador e dissidente russo, nasceu em Kislovodsk no dia 11 de Dezembro de 1918. Morreu em Moscovo, vítima de uma crise cardíaca aguda, em 3 de Agosto de 2008. Venceu o Prémio Nobel de Literatura em 1970.
Desde muito novo, denotou interesse pela literatura e pelas ciências, o que era incentivado por sua mãe. Soljenitsyne estudou Matemática na Universidade Estatal de Rostov, ao mesmo tempo que seguia por correspondência cursos de Filosofia, Literatura e História. Durante a Segunda Guerra Mundial participou em acções importantes, como comandante de uma companhia de artilharia do Exército Soviético, obtendo a patente de capitão e sendo condecorado por duas vezes.
Algumas semanas antes do conflito acabar, foi preso por criticar Estaline, o que foi considerado uma actividade contra-revolucionária. Foi condenado a oito anos num campo de trabalhos forçados. Desta experiência surgiria o livro "O Primeiro Círculo", publicado no estrangeiro em 1968.
Em 1950 foi enviado para um "campo especial" para prisioneiros políticos, em Ekibastuz no Cazaquistão, onde trabalhou como pedreiro, mineiro e metalúrgico. Esta época inspiraria o livro "Um Dia na Vida de Ivan Denisovich" (1962).
Após ter recuperado a liberdade em 1953, foi enviado para o Cazaquistão em “exílio perpétuo”. Reabilitado em 1956, instalou-se a 200 km de Moscovo, leccionando em escolas secundárias durante o dia e passando as noites a escrever em segredo.
Foi recebido no Kremlin por Khrouchtchev, mas dois anos depois já sob a presidência de Brejnev, começou a ter dificuldade em publicar os seus livros. Em 1967, escreveu uma carta ao Congresso dos Escritores Soviéticos exigindo a supressão de qualquer censura sobre as produções artísticas.
Só veio a receber o Prémio Nobel de 1970 quatro anos mais tarde, depois de ter sido expulso da União Soviética, por ter publicado livros fora do território pátrio.
Depois da sua expulsão, instalou-se na Suíça, emigrando mais tarde para os Estados Unidos da América. Era convidado assiduamente para entrevistas, discursos e conferências.
Mikhaïl Gorbatchev restituiu-lhe a nacionalidade russa e as suas obras passaram a ser publicadas normalmente na URSS a partir de 1989. Regressou ao país natal em 1994. Durante três anos teve uma actividade social intensa e um programa na televisão, viajando bastante através da Rússia. A doença interrompeu este ciclo da sua vida.
Em 2007 Vladimir Putine homenageou-o com o prestigioso Prémio do Estado.
Soljenitsyne foi uma personalidade controversa que, ao longo dos tempos, foi acusado de nacionalista, czarista, ultra-ortodoxo, anti-semita ou favorável a Israel, traidor, cúmplice da Gestapo, da CIA., dos franco-maçons, dos serviços secretos franceses e mesmo do KGB.
Outras obras suas, bastante conhecidas também, são: “O Pavilhão dos Cancerosos” (1968); “O Arquipélago do Goulag” (1958/1967) e “Agosto, 1914” (1984).
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