terça-feira, 30 de dezembro de 2008

EFEMÉRIDE Victor Serge, de seu verdadeiro nome Victor Lvovich Kibalchich, anarquista, revolucionário e escritor francófono, filho de emigrantes políticos russos, nasceu em Bruxelas no dia 30 de Dezembro de 1890. Faleceu no México em 19 de Novembro de 1947.
Era oriundo de uma família russo-polaca de Narodniks. O pai, um oficial da Guarda Imperial, abandonara a Rússia a seguir ao atentado em que Alexandre II perdeu a vida em 1881.
Desde a idade de quinze anos demonstrou o seu anti-militarismo e opôs-se à política colonial belga. Em 1906 começou a frequentar os meios anarquistas de Bruxelas. Viveu de vários ofícios, tais como: técnico-desenhador, fotógrafo e tipógrafo.
Publicou o seu primeiro artigo em 1908. Escreveu para várias publicações, sobretudo anarquistas, por vezes com o pseudónimo de “Le Rétif” (O Agitador).
Em 1909 deixou a Bélgica e foi para Paris.
Estava preso quando a Primeira Guerra Mundial começou e logo anteviu que o conflito iria encaminhar a Rússia para uma revolução: «Os revolucionários sabiam que o Império autocrático, com os seus carrascos, os seus massacres organizados, os seus requintes formais, a sua fome, as suas cadeias siberianas e a sua iniquidade antiga, não poderia sobreviver à guerra».
Após a sua libertação em 1915, foi viver para Barcelona, voltando depois para França até que, após a queda de Nicolau II em Fevereiro de 1917 na Rússia, tentou ir para o seu país a fim de aderir à Revolução em andamento, o que só conseguiu em 1918, com a ajuda da Cruz Vermelha Dinamarquesa.
Quando Serge chegou à Rússia, aderiu aos Bolcheviques e trabalhou durante algum tempo com Máximo Gorki, numa editora. Foi um activo participante no processo revolucionário russo, trabalhando como jornalista, editor e tradutor.
Crítico do estalinismo, viu-se obrigado mais tarde a abandonar a União Soviética para fugir à repressão, exilando-se no México
Apesar de ser grande admirador de Lenine e da Revolução, Victor Serge não poupou críticas aos aspectos que julgava serem menos bons da actuação do Governo soviético. Em 1923, Serge incorporou-se na Oposição de Esquerda, liderada por Leon Trotsky. Crítico acérrimo do caminho ditatorial tomado por Estaline, teria sido ele o primeiro a descrever o Governo soviético posterior a Lenine como “totalitário”.
Em 1925 escreveu “O que todo revolucionário deve saber sobre a repressão”. Em 1928 Serge foi expulso do Partido Comunista e impossibilitado de trabalhar para o Governo. Nos anos seguintes, escreveu “O ano I da Revolução Russa” e dois romances: “Homens em Prisão” e “O nascimento do nosso poder”. Todas estas obras foram proibidas na União Soviética, sendo publicadas em França e em Espanha.
Serge foi detido e preso em 1933. Conseguiu abandonar o país graças às pressões e protestos de sectores políticos em França, Bélgica e Espanha. Exilou-se então em França, onde publicou dois livros sobre a Revolução Russa e a sua degeneração: “De Lenine a Estaline” e “Destino de uma Revolução” (1937). Escreveu ainda vários romances e um livro de poesia (“Resistência”) sobre as suas experiências na Rússia.
Quando a França foi invadida pela Alemanha em 1940, Serge conseguiu fugir para o México, onde continuou a escrever. A sua autobiografia “Memórias de um revolucionário” foi publicada nos Estados Unidos em 1945. Em 1947, pouco antes de morrer, escreveu “Trinta anos depois da Revolução Russa”, considerado o seu testamento político. Nele mantém as suas convicções revolucionárias e socialistas, ao mesmo tempo que reconhece os erros cometidos pelo Partido Bolchevique, os quais, aliados ao assédio capitalista, à derrota das expectativas revolucionárias na Europa e aos precedentes de revoluções massacradas, poderiam explicar a deriva totalitária estalinista. Nunca hesitou em apoiar a experiência revolucionária russa e o partido de Lenine, se bem que afirmasse que as lutas anti-capitalistas deveriam assumir novas formas no futuro.
A saúde de Serge foi piorando em consequência dos seus largos períodos de prisão em França e na Rússia, mas continuou a escrever até ao ataque cardíaco que o vitimou. Foi reconhecido internacionalmente como um escritor e romancista de grande talento.

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