EFEMÉRIDE – Raul Christiano Machado Pinheiro de Amorim Cortez, consagrado actor brasileiro, nasceu em São Paulo no dia 28 de Agosto de 1932. Faleceu na mesma cidade em 18 de Julho de 2006.
Teria seguido a profissão de advogado se, aos 22 anos, não tivesse optado pela carreira de actor. A estreia foi em 1955 e, no ano seguinte, já fez o papel principal no filme “O Pão que o Diabo Amassou”. Em 1969 encarnou um travesti na peça “Os Monstros” e em 1970 fez o primeiro nu masculino do teatro brasileiro em “O Balcão” de Jean Genet.
Na década seguinte recebeu vários prémios, mas a consagração veio com a peça “Rasga Coração” (1979), no Teatro Sérgio Cardoso, em São Paulo, interpretando o amargurado funcionário público e ex-militante comunista Maguary Pistolão. A cena final ficou inesquecível: o funcionário público apareceu despido, com os pés amarrados por cordas e pendurado no ponto mais alto do palco.
Após participar em algumas novelas nos canais de televisão Excelsior, Bandeirantes e Tupi, Raul Cortez estreou-se na Rede Globo em 1980, com a novela “Água-Viva”, na qual interpretou o cirurgião plástico Miguel Fragonard. Com este trabalho alcançou popularidade e reconhecimento do público, tornando-se uma grande estrela da televisão. Para isso também contribuíram as suas interpretações em “Baila Comigo” e “Partido Alto”.
Os mega-vilões Virgílio de “Mulheres de Areia” (1993) e Jeremias Berdinazzi de “O Rei do Gado” (1996) trouxeram-lhe fama internacional, particularmente na Rússia, onde ambas as telenovelas atingiram enormes audiências. “Terra Nostra”, a trama mais vendida pela Rede Globo, levou-o aos cinco continentes.
Em 2005 teve de suspender a participação em “Senhora do Destino”, devido ao avanço da doença que causaria a sua morte, mas tudo parecia relativamente ultrapassado, pois ainda voltou aos ecrãs interpretando António Carlos na mini série “JK”, a biografia do ex-presidente Juscelino Kubitschek.
Teve uma impressionante carreira que incluiu 66 peças teatrais, 20 telenovelas, seis mini-séries, 28 filmes e vários prémios, entre os quais cinco “Molière”, a mais importante distinção do teatro brasileiro. É considerado um dos maiores actores brasileiros de todos os tempos.
Apesar de ser descendente de espanhóis, foram marcantes os personagens italianos que interpretou em telenovelas como “O Rei do Gado”, “Terra Nostra” e “Esperança”.
Foi nomeado duas vezes para o Grande Prémio Cinema Brasil na categoria de Melhor Actor e recebeu o Prémio Candango de Melhor Actor Secundário. Foi galardoado com os prémios Molière, APCA (Associação Paulista dos Críticos de Arte) e Mambembe de Melhor Actor pelo seu desempenho na peça “O Lobo de Ray-Ban”.
Em Dezembro de 2004, Cortez tinha sido operado para a remoção de um tumor na região do pâncreas e do intestino delgado, seguindo depois um tratamento de quimioterapia. Em Junho de 2006 foi novamente internado e veio a falecer nas vésperas de completar cinquenta anos de carreira.
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