EFEMÉRIDE
– Di Cavalcanti, de seu verdadeiro nome Emiliano Augusto Cavalcanti
de Albuquerque e Melo, pintor modernista, ilustrador e caricaturista
brasileiro, morreu no Rio de Janeiro em 26 de Outubro de 1976. Nascera na
mesma cidade em 6 de Setembro de 1897. A sua arte contribuiu significativamente
para a dignificação da arte brasileira e de diversos movimentos da época, com
as suas cores vibrantes, formas sinuosas e temas tipicamente brasileiros, como
o carnaval, as mulatas e o tropicalismo em geral.
Di Cavalcanti
é, juntamente com outros grandes nomes da pintura como Anita Malfatti, Tarsila
do Amaral e Graça Aranha, um dos mais ilustres representantes do modernismo
brasileiro.
Estudou
no Colégio Pio Americano. Começou a trabalhar fazendo ilustrações para a
“Fon-Fon”, uma revista que se dedicava sobretudo à caricatura política.
Em 1916, mudou-se para São Paulo e ingressou na Faculdade de Direito.
Continuou a fazer ilustrações e começou a pintar. Frequentou o atelier do impressionista
George Fischer Elpons.
Entre
11 e 18 de Fevereiro de 1922, idealizou e organizou a Semana de Arte Moderna
no Teatro Municipal de São Paulo, criando – para essa ocasião – as
peças promocionais do evento: o catálogo e o programa. Fez a sua primeira
viagem à Europa em 1923, permanecendo em Paris até 1925. Frequentou a Academia
Ranson. Expôs em diversas cidades, como Londres, Berlim, Bruxelas,
Amesterdão e Paris. Conheceu Pablo Picasso, Fernand Léger, Matisse, Jean
Cocteau e outros intelectuais franceses. Voltou ao Brasil em 1926 e ingressou
no Partido Comunista. Continuou a fazer ilustrações. Efectuou nova
viagem a Paris e criou os painéis de decoração do Teatro João Caetano no
Rio de Janeiro.
Iniciou
as suas participações em exposições colectivas e salões nacionais e
internacionais, como a International Art Center em Nova Iorque. Em
1932, fundou – em São Paulo
– com Flávio de Carvalho, António Gomide e Carlos Prado, o Clube dos
Artistas Modernos. Sofreu a sua primeira prisão em 1932, durante a Revolução
Constitucionalista de 1932. Casou-se com a pintora Noémia Mourão. Publicou
o álbum “A Realidade Brasileira”, série de doze desenhos satirizando o
militarismo da época. Em Paris, trabalhou na rádio Diffusion Française,
nas emissões "Paris Mondial".
Viajou
até Lisboa, onde expôs no salão “O Século”. Ao voltar ao Brasil, foi
preso novamente no Rio de Janeiro. Em 1936, escondeu-se na Ilha de Paquetá, mas
foi preso juntamente com Noémia. Libertado por influência de alguns amigos,
seguiu para Paris, onde permaneceu até 1940. Em 1937, recebeu uma Medalha de
Ouro pela decoração do Pavilhão da Companhia Franco-Brasileira, na Exposição
de Arte Técnica em
Paris. Com a iminência da Segunda Guerra Mundial,
deixou Paris e voltou ao Brasil, fixando-se em São Paulo. Um lote
de mais de quarenta obras suas, despachado da Europa, nunca chegou ao Brasil,
extraviando-se.
Viajou
para o Uruguai e Argentina, expondo em Buenos Aires. Em
1946, voltou a Paris em busca dos quadros desaparecidos, sem sucesso. Nesse
mesmo ano, expôs no Rio de Janeiro, na Associação Brasileira de Imprensa.
Ilustrou livros de Vinicius de Moraes e de Jorge Amado. Em 1947, entrou em
crise com a esposa, «uma personalidade que se bastava a si própria, uma
artista com um temperamento muito complicado...».
Expôs
na Cidade do México em 1949. Foi convidado e participou na I Bienal
Internacional de Arte de São Paulo em 1951. Fez uma doação generosa ao Museu
de Arte Moderna de São Paulo, constituída por mais de quinhentos desenhos.
Recebeu
o Prémio de Melhor Pintor Nacional na II Bienal de São Paulo,
prémio dividido com Alfredo Volpi. Em 1954, o Museu de Arte Moderna do
Rio de Janeiro realizou uma exposição retrospectiva dos seus trabalhos.
Publicou o livro “Viagem de minha vida”. Em 1956, participou na Bienal
de Veneza. Recebeu o 1º Prémio da Mostra Internacional de Arte Sacra de
Trieste. Os seus trabalhos fizeram parte de uma exposição itinerante por
países europeus. Recebeu uma proposta de Óscar Niemeyer para a criação de
imagens para tapeçaria a ser instalada no Palácio da Alvorada. Também
pintou “as estações para a via-sacra” da Catedral Metropolitana de Nossa
Senhora Aparecida, em Brasília.
Teve
direito a uma sala especial na Bienal Interamericana do México,
recebendo uma Medalha de Ouro. Viajou mais uma vez até para Paris e foi
a Moscovo. Participou na Exposição de Maio, em Paris, com a tela “Tempestade”.
Teve uma sala especial na VII Bienal de São Paulo. Recebeu indicação do
presidente brasileiro João Goulart para ser adido cultural em França. Embarcou
para Paris, mas não assumiu o cargo por causa do Golpe de 1964. Lançou
um novo livro, “Reminiscências líricas de um perfeito carioca” e
desenhou jóias para Lucien Joaillier. Em 1966, os seus trabalhos desaparecidos
no início da década de 1940, foram finalmente localizados nos armazéns
da embaixada brasileira.
Em
1971, o Museu de Arte Moderna de São Paulo organizou nova retrospectiva
das suas obras. Recebeu um prémio da Associação Brasileira dos Críticos de
Arte. A Universidade Federal da Bahia outorgou-lhe o título de doutor
honoris causa. A pintura “Cinco Moças de Guaratinguetá” foi
reproduzida num selo postal. Em 1997, ano do centenário do seu nascimento,
foram organizadas diversas exposições comemorativas e retrospectivas da sua
obra.
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