domingo, 17 de dezembro de 2017

17 DE DEZEMBRO - D. MARIA I DE PORTUGAL


EFEMÉRIDED. Maria I (Maria Francisca Isabel Josefa Antónia Gertrudes Rita Joana de Bragança), rainha de Portugal e Algarves de 1777 até 1815 e também rainha do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves a partir do final de 1815 até à sua morte, nasceu em Lisboa no dia 17 de Dezembro de 1734. Morreu no Rio de Janeiro em 20 de Março de 1816. Era apelidada de “Piedosa” (em Portugal) e de “Louca”, no Brasil. De 1792 até ao seu falecimento, o filho mais velho, João, actuou como regente do reino em seu nome devido à sua doença mental.
Quando o seu pai subiu ao trono em 1750 como D. José I, Maria tornou-se sua herdeira presuntiva e recebeu os títulos tradicionais de princesa do Brasil e duquesa de Bragança.
O seu primeiro acto como rainha, iniciando um período que ficou conhecido como a Viradeira, foi a demissão e exílio da corte do marquês de Pombal, a quem nunca perdoara a forma brutal como tratou a família Távora durante o Processo dos Távoras. Rainha amante da paz, dedicada a obras sociais, concedeu asilo a numerosos aristocratas franceses fugidos ao terror da Revolução Francesa (1789/99). Era, no entanto, dada à melancolia e ao fervor religioso, de tal modo que quando ladrões entraram numa igreja e espalharam hóstias pelo chão, decretou nove dias de luto, adiou os negócios públicos e acompanhou a pé, com uma vela, a procissão de penitência que percorreu Lisboa.
O seu reinado foi de grande actividade legislativa, comercial e diplomática, na qual se pode destacar o tratado de comércio que assinou com a Prússia em 1789. Desenvolveu a cultura e as ciências, com o envio de missões científicas a Angola, Brasil, Cabo Verde e Moçambique, e a fundação de várias instituições, entre elas a Academia Real das Ciências de Lisboa e a Real Biblioteca Pública da Corte. No âmbito da assistência, fundou a Casa Pia de Lisboa. Fundou ainda a Academia Real de Marinha, para formação de oficiais da Armada.
Em Janeiro de 1785, promulgou um alvará impondo pesadas restrições à actividade industrial no Brasil. Durante o seu reinado ocorreu o processo, condenação e execução do alferes Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes.
Mentalmente instável, desde Fevereiro de 1792, foi obrigada a aceitar que o filho tomasse conta dos assuntos de Estado. Obcecada com as penas eternas que o pai estaria sofrendo no inferno, por ter permitido a Pombal perseguir os jesuítas, via-o como «um monte de carvão calcinado».
Para a tratar, veio de Londres o Dr. Willis, psiquiatra e médico real de Jorge III, enlouquecido em 1788, mas de nada adiantaram os seus «remédios evacuantes».
Em 1799, a sua instabilidade mental agravou-se com os lutos pelo seu marido e por um filho, a marcha da Revolução Francesa e a execução do rei Luís XVI de França na guilhotina.
A família real portuguesa transferiu-se para o Brasil (1807) devido ao receio de ser deposta, à semelhança do que ocorrera nos países recentemente invadidos pelas tropas francesas.  Portugal ficou a mercê do invasor. Junot invadiu Lisboa, sendo nomeado governador de Portugal. Em Agosto de 1808, o duque de Wellington desembarcou em Portugal e iniciou-se a Guerra Peninsular. Entre 1809 e 1810, o exército luso-britânico lutou contra as forças invasoras de Napoleão, nomeadamente na Batalha do Buçaco. Quando Napoleão foi derrotado em 1815, Maria e a família real encontravam-se ainda no Brasil. Dos membros da realeza, porém, foi D. Maria a que se manteve mais calma, chegando a declarar: «Não corram tanto, vão pensar que estamos a fugir».
Incapacitada, Maria viveu no Brasil durante oito anos, sempre infeliz. Faleceu no Convento do Carmo, no Rio de Janeiro, aos 81 anos de idade. Após as cerimónias fúnebres, o seu corpo foi sepultado no Convento da Ajuda, também no Rio. Com a sua morte, o príncipe regente João foi aclamado rei de Portugal, Brasil e Algarves.
Em 1821, após o retorno da família real a Portugal, os seus restos mortais foram transladados para Lisboa e sepultados num mausoléu na Basílica da Estrela, igreja que ela mesma mandara erigir.

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