EFEMÉRIDE – Francisco Higino Craveiro Lopes, político e militar português, 12º presidente da República (1951/1958), nasceu em Lisboa no dia 12 de Abril de 1894. Morreu, também na capital portuguesa, durante a noite, em situação pouco clara, provavelmente vítima de enfarte de miocárdio, em 2 de Setembro de 1964.
Frequentou e concluiu o curso do Colégio Militar, após o que ingressou na Escola Politécnica de Lisboa. Em 1911, alistou-se como voluntário no Regimento de Cavalaria 2.
Seguiu o Curso de Cavalaria na antiga Escola do Exército, ingressando posteriormente na Aeronáutica Militar. Em 1915 foi mobilizado para a fronteira Norte de Moçambique onde, em Novembro de 1916, defrontando tropas alemãs no contexto da Primeira Guerra Mundial, se distinguiu pela sua bravura. Recebeu por estas acções a Cruz de Guerra e foi feito Cavaleiro da Ordem Militar da Torre e Espada.
Em 1918 tirou o Curso de Piloto Militar na Escola de Aviação Francesa, sendo na altura promovido a tenente. Nesse mesmo ano, voltou a Moçambique.
Em Março de 1922, exerceu as funções de instrutor de pilotagem, como capitão piloto aviador. Em 1926, colocado na Aeronáutica Militar, foi nomeado director da Divisão de Instrução da Escola Militar, cargo que exerceu até 1929, voltando a exercer a mesma função em 1932 e também em 1939 por curtos períodos.
Em 1930 fez o 1.º voo de Correio Aéreo Goa/Bombaim/Goa num avião mono motor De Havilland DH-80A “Puss Moth”. Como major, exerceu as funções de Chefe de Repartição do Gabinete do Governador-geral da Índia.
De 1933 a 1934 ocupou a chefia do Gabinete do Governador-Geral da Índia, cargo que voltaria a exercer durante alguns meses em finais de 1936. Em 1934, foi Governador interino do distrito de Damão, cargo mais tarde confirmado com as atribuições de Intendente, sendo mesmo encarregado do Governo-Geral da Índia em 1936, a título interino, cargo que desempenhou até 1938.
Em 1939, como tenente-coronel, comandou a Base Aérea de Tancos. Comandante-geral da Aeronáutica em 1941, negociou as condições de utilização da Base Aérea dos Açores pelos Estados Unidos. Em 1943 fez o Curso de Altos Comandos e foi chamado para o Instituto de Altos Estudos Militares como professor. Em 1945 foi promovido a brigadeiro e em 1949 a general.
Em 1951 foi nomeado comandante da 3ª Região Militar. Nesse ano, pouco após a morte de Carmona, foi indigitado pela “União Nacional” como candidato às “presidenciais”, sendo eleito em Julho de 1951.
Cedo viria a revelar a sua frieza nas relações com o Presidente do Conselho e a demonstrar até uma certa simpatia pelos oposicionistas. Por isso mesmo, não foi proposto para um segundo mandato presidencial. Depois de retirado da política activa, foi feito Marechal da Força Aérea, ao mesmo tempo que mantinha contactos com os líderes da Oposição. Esteve associado ao golpe de Botelho Moniz, em Abril de 1961.
Todas as ofertas de estado e presentes pessoais, que recebeu durante o seu mandato como Presidente, foram doados a instituições e obras de caridade. Apenas guardou para si algumas das medalhas e ofertas de menor valor.
O Governo de Salazar tentou amenizar o facto de o não ter proposto para um segundo mandato, anunciando a sua promoção a Marechal, que incluiria também a atribuição de uma casa para sua residência e um automóvel do Estado para seu uso pessoal. Craveiro Lopes informou que não aceitaria qualquer benefício ou privilégio da parte do Governo que não estivesse já publicado em lei e que no respeitante à promoção a Marechal, só a aceitaria se ela fosse da iniciativa das Forças Armadas e não do Governo.
O bastão e as estrelas de Marechal da Força Aérea foram adquiridos por subscrição pública da população de Moçambique, que nutria por Craveiro Lopes um carinho e uma admiração especial, principalmente pelas posições que defendia, muito distantes da política colonial salazarista.
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