EFEMÉRIDE
– António Reis, poeta e cineasta português, morreu em Lisboa no dia 10 de
Setembro de 1991. Nascera em Valadares, em 27 de Agosto de 1927. Dedicou-se
igualmente à pintura e à escultura. Publicou três livros de poesia.
A curta-metragem “Trás-os-Montes”
(1976) foi, juntamente com as longas-metragens “Gente da Praia da Vieira”
de António Campos e “Mau Tempo, Marés e Mudança” de Ricardo Costa, uma
das primeiras “docu/ficções” do cinema português. Estas três obras tiveram
como precursoras os filmes “Acto da Primavera” (1962) realizado por
Manoel de Oliveira (com A. Reis como assistente) e “Ala-Arriba!” (1948)
de Leitão de Barros.
Tendo
sido membro activo do Cineclube do Porto, António Reis iniciou-se na
actividade cinematográfica como assistente. Em 1963, realizou o seu primeiro
documentário, encomendado pela Câmara Municipal do Porto – “Painéis
do Porto”. Manteve-se nos filmes documentários, com “Alto do Rabagão”
de 1966, ano em que assinou também o argumento de “Mudar de Vida”, um filme
de Paulo Rocha.
A
película “Jaime” (1974) viria chamar definitivamente a atenção do
público e da crítica para a sua actividade de realizador, ao ser premiada no Festival
de Cinema de Locarno como a Melhor Curta-Metragem.
Após
a Revolução dos Cravos, em Abril de 1974, António Reis e sua mulher, a
psiquiatra Margarida Cordeiro, co-realizadora de uma parte importante dos seus
filmes, enveredaram por um cinema não convencional, de vertente lírica, baseado
em elementos da cultura popular de locais isolados do interior do país, sobretudo
no nordeste. O filme “Trás-os-Montes”, que participou em catorze
festivais internacionais, incluindo o de Roterdão e o de Veneza, foi a primeira
dessas obras, a que se seguiu “Ana”. António Reis e Margarida Cordeiro
retratam, nestes filmes, diversos locais em que o 25 de Abril de 1974
não impediu o êxodo rural.
“Rosa
de Areia” (1989), estreado no Festival de Berlim, de carácter mais
ficcional, foi o último trabalho de António Reis. Tal como António Campos,
Manoel de Oliveira ou João César Monteiro, ele foi um dos cineastas portugueses
que se inspiraram no conceito de antropologia visual para criar obras de
forte expressão poética.
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