EFEMÉRIDE
– Hans Henrik Jæger, escritor norueguês, filósofo e teórico anarquista,
nasceu em Drammen no dia 2 de Setembro de 1854. Morreu em Tostrupgarden, em
8 de Fevereiro de 1910, vítima de cancro. Influenciou muito os meios intelectuais
noruegueses, no fim da década de 1880.
Ficou
órfão aos catorze anos, tendo sido obrigado muito cedo a desenvencilhar-se por
si só. Alistou-se na marinha. Em 1874, já como capitão, desembarcou e ficou a
estudar em Kristiania,
onde levou uma vida libertina. Obteve o bacharelato em 1875, começando depois
os seus estudos de filosofia sobre a “procura da liberdade”. Insurgia-se contra
os casamentos burgueses e as convenções religiosas que prendiam as Mulheres ao
lar, na melhor das hipóteses rodeadas de rendas e bordados e ocupadas em dirigir
e vigiar uma criadagem aplicada e numerosa, enquanto os homens dominadores
frequentavam locais tolerados de prostituição.
Profissionalmente,
enquanto aprendiz literário, trabalhava no registo e arquivo dos debates do
parlamento norueguês. Como pensador, multiplicava as suas intervenções. Em
1881/82, durante uma série de conferências para trabalhadores e estudantes,
defendeu o amor livre. A chegada à Noruega dos primeiros romances de Émile Zola
suscitou-lhe uma irreprimível vocação para romancista naturalista.
Em
1885, publicou “Fra Kristiania Bohemen”, romance-testemunho de características
naturalistas, composto de descrições quase fotográficas da vida dos
artistas e escritores noruegueses daquela época. Não era uma verdadeira obra literária,
mas uma reportagem jornalística sem sofisticações hipócritas, em que factos
triviais, ao serviço de uma moral sexual libertária e de uma filosofia de
liberdade anarquista, levaram à sua apreensão pelas autoridades com a alegação
de que se tratava de um «atentado aos bons costumes». Foi preso, pagou
uma multa, perdeu o emprego e, em 1886, foi julgado e condenado por
imoralidade, sendo praticamente convidado a exilar-se.
Jæger
foi para Paris mas, de 1886 a
1890, colaborou ainda na revista norueguesa “Impressionisten”. Tornou-se
uma celebridade da boémia norueguesa no exílio, tendo sido retratado pelo
pintor Edvard Munch em 1889.
Instável
e muitas vezes doente, sentia a nostalgia do seu país, onde voltava regularmente
para reencontrar os velhos amigos. O grupo, outrora animado e solidário, começava
porém a dispersar-se e todas as loucuras de antanho já não eram para as suas
idades. Quando Hans Jæger voltou definitivamente para Oslo, era um homem só. Esperavam-no
a solidão pessimista e a miséria. Viveu penosamente os seus dois últimos anos
de vida, doente e esquecido por todos.
As
suas obras julgadas mais “subversivas” só foram publicadas na Noruega nos anos 1950
e, depois, de um modo mais global, em 1969.
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