Luchino prestou o serviço militar
como suboficial de cavalaria, em 1926, no Piemonte, e viveu os anos de
juventude cuidando dos cavalos da sua propriedade. Além disso, frequentou activamente
o mundo da lírica e do melodrama, que tanto o influenciou.
Foi para França, onde se tornou
amigo de Coco Chanel e, através dela, em 1936, foi apresentado ao cineasta Jean
Renoir, com quem trabalhou no filme “Une partie de champagne”. Em 1937,
passou por Hollywood, antes de voltar a Roma. Na capital italiana, trabalhou
com Renoir na direcção da ópera “Tosca”.
A partir de 1940, ligou-se aos
intelectuais que faziam o jornal “Cinema” e vendeu jóias da família para
realizar o seu primeiro filme, “Ossessione”, em 1943, com Clara Calamai
e Massimo Girotti. No fim da Segunda Guerra Mundial, realizou o segundo
filme, o documentário “Giorni di gloria”. Contratado pelo Partido
Comunista Italiano para realizar três filmes sobre pescadores, mineiros e
camponeses da Sicília, acabou por fazer apenas um, “A Terra Treme”.
Em 1951, filmou “Bellissima”,
com a grande actriz italiana Anna Magnani, Walter Chiari e Alessandro Blasetti.
O primeiro filme colorido foi em 1954, “Senso “com Alida Valli e Farley
Granger. O primeiro grande prémio da crítica chegou em 1957, quando recebe o Leão
de Ouro do Festival Internacional de Cinema de Veneza, pelo filme “Noites
Brancas”, uma transposição delicada e poética de uma história de Fiódor
Dostoiévski, com Marcello Mastroianni, Maria Schell e Jean Marais.
O primeiro êxito de bilheteira
viria em 1960, com “Rocco e Seus Irmãos”, a saga de uma humilde família
de calabreses que emigrava para Milão. Foi o filme que consagrou o actor
francês Alain Delon, ao lado de Annie Girardot e Renato Salvatori. No ano
seguinte, juntou-se a Vittorio De Sica, Federico Fellini e Mario Monicelli, no
filme em episódios “Boccaccio 70”. O episódio de Visconti é
protagonizado por Tomas Milian, Romy Schneider, Romolo Valli e Paolo Stoppa.
Em 1963, dirigiu o seu maior
sucesso comercial e um dos filmes mais elogiados pela crítica, o grandioso “O
Leopardo”, com três horas de duração e extraído do romance homónimo de
Giuseppe Tomasi di Lampedusa, vencedor da Palma de Ouro do Festival
de Cannes, que conta a história da transição da nobreza para o populismo na
Sicília, nos tempos da Unificação Italiana. O filme tem um elenco
estelar, onde se destacam Burt Lancaster, Claudia Cardinale e Alain Delon.
“Vaghe stelle dell'Orsa...”,
um mergulho inquieto e melancólico na capacidade dos seres sensíveis para se destruírem
amorosamente, com Claudia Cardinale e Jean Sorel, realizado em 1965, foi a obra
seguinte. Em 1970, conheceu o fracasso de uma obra sua, com “O Estrangeiro”,
extraído do livro homónimo de Albert Camus, e realizou também “La caduta
degli dei” que lançou o actor Helmut Berger.
Com o sensível e refinado “Morte
em Veneza” (1971), protagonizado por Dirk Bogarde e baseado na obra de
Thomas Mann, Visconti voltou a encontrar-se com o sucesso do público e da
crítica. O filme conta a história de Gustav Aschenbach, um compositor que vai
passar férias em Veneza e acaba por viver uma grande e inesperada paixão, que
iniciaria a sua completa destruição. O filme faz uma abordagem do conceito
filosófico de beleza, assim como a passagem do tempo e a importância da
juventude nas nossas vidas. O filme que se seguiu foi o grandioso, mas
decepcionante, “Ludwig”, com Helmut Berger e Romy Schneider. Durante as
filmagens de “Ludwig”, Visconti sofreu um ataque cardíaco que o prendeu
a uma cadeira de rodas até à sua morte. Mesmo com muita dificuldade, Luchino
Visconti ainda fez dois filmes, “Violência e Paixão” e “L’innocente”,
a sua derradeira obra, versão do romance de Gabriele d’Annunzio, que regista
brilhantes interpretações de Giancarlo Giannini e Laura Antonelli.
Apesar dos casos amorosos
vividos, em diferentes períodos, com várias mulheres, como a estilista Coco
Chanel, as actrizes Clara Calamai, María Denis, Marlene Dietrich e com a
escritora Elsa Morante, Visconti nunca escondeu a sua homossexualidade,
explicitamente referida em muitos dos seus filmes e nas montagens teatrais que
dirigiu. Segundo Visconti, na sua autobiografia, ele e o rei Humberto II de
Itália tiveram um relacionamento amoroso durante a juventude, na década de 1920.
Nos anos 1930, em Paris, teve um relacionamento com o fotógrafo Horst P.
Horst. Entre o final dos anos 1940 e o início da década de 1950,
já consagrado como realizador, manteve uma longa relação afectiva e
profissional com o seu então cenógrafo Franco Zeffirelli.
Depois de 1965, Visconti foi ligado ao actor austríaco Helmut Berger, que também actuou em alguns dos seus filmes. Estra relação manteve-se, com altos e baixos, até à morte de Visconti, em 1976.
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