Frequentou o Curso de Ciências
Histórico-Filosóficas na Faculdade de Letras da Universidade de
Lisboa. A partir de 1958, trabalhou como crítico de cinema em diversas
publicações. Em 1962, estudou em Paris, frequentando o Institut d’Hautes
Études Cinématographiques e, no ano seguinte, a London Film School.
Pertencente à geração de realizadores
portugueses formada nos cineclubes de Lisboa, foi dirigente do ABC -
Cineclube de Lisboa. Seixas Santos começou por filmar documentários: “A
Arte e o Ofício de Ourives” e “Indústria Cervejeira em Portugal”
(1968). Foi, em 1970, um dos fundadores do Centro Português de Cinema,
entidade apoiada pela Fundação Calouste Gulbenkian, ao tempo presidida
por José de Azeredo Perdigão, que permitiu aos realizadores do cinema novo iniciarem
a sua actividade na realização cinematográfica.
“Brandos Costumes” foi a sua
primeira longa-metragem, tendo sido rodada entre 1972 e 1975 e escrita em
parceria com Luiza Neto Jorge e Nuno Júdice. O argumento consiste numa
narrativa paralela entre o quotidiano de uma família da média burguesia e o
trajecto do regime emanado do golpe militar de 28 de Maio de 1926, que precedeu
a institucionalização do Estado Novo. Este filme foi seleccionado, em
competição, para o Festival de Cinema de Berlim.
No período revolucionário do pós-25
de Abril de 1974, Seixas Santos foi um dos realizadores de “As Armas e o
Povo”, filme colectivo, estreado em 1975, que retrata a primeira semana da Revolução
dos Cravos, fazendo uma cobertura desde a semana de 25 de Abril até 1 de Maio
de 1974. Seguindo a mesma linha política, realizou em 1976 o filme, também
colectivo, “A Lei da Terra”, exibido no Festival de Leipzig, que
tem como tema o processo da reforma agrária então em curso. Neste mesmo ano,
foi nomeado presidente do Instituto Português de Cinema (IPC).
Foi um dos fundadores da cooperativa Grupo Zero, à qual pertenceram realizadores
como João César Monteiro, Jorge Silva Melo, Ricardo Costa, Margarida Gil,
Solveig Nordlund e o director de fotografia Acácio de Almeida.
“Gestos e Fragmentos”, de
1982, aborda a relação entre os militares e o poder em Portugal, baseando-se
nas vivências do célebre capitão de Abril, Otelo Saraiva de Carvalho, nos
pontos de vista do filósofo e ensaísta Eduardo Lourenço e do jornalista e
realizador norte-americano Robert Kramer. Esta longa-metragem participou no Festival
de Veneza desse mesmo ano.
De 1980 a 2002, foi professor na Escola
Superior de Teatro e Cinema (ESTC) do Instituto Politécnico de
Lisboa e, a partir de 1985, por algum tempo, foi director de programas da RTP.
A sua última longa-metragem, “Mal”,
de 1999, foi apresentada no Festival de Veneza. Nas duas últimas obras
privilegiou a ficção, valorizando a psicologia das personagens e o rigor técnico.
Em 2005, terminou a
curta-metragem “A Rapariga da Mão Morta”, que teve estreia mundial no 13º
Festival de Curtas-Metragens de Vila do Conde.
Em 10 de Abril de 2014, a Escola
Superior de Teatro e Cinema homenageou Alberto
Seixas Santos, «realizador, fundador da Escola de Cinema do Conservatório
Nacional e antigo professor da ESTC (sucessora do Conservatório)».
Alberto Seixas Santos foi distinguido com a medalha de Conhecimento e Mérito
do Instituto Politécnico de Lisboa, ao qual a ESTC pertence, e foram
exibidos excertos do documentário “Refúgio e Evasão”, de Luís Alves de
Matos, que aborda o olhar cinematográfico de Alberto Seixas Santos. A sessão
contou ainda com as intervenções do sociólogo francês Jacques Lemière,
especialista em cinema português, e do director do Departamento de Cinema
da ESTC José Bogalheiro.
Alberto Seixas Santos faleceu, na sua casa de Lisboa, aos 80 anos, depois de um período de doença.
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