Fez parte dos membros fundadores e colaboradores
do Instituto Histórico da Ilha Terceira (1942) e do Rádio
Clube de Angra (1946), tendo um papel relevante no panorama cultural
açoriano da primeira metade do século XX.
Desde cedo, foi colaborador assíduo nos jornais,
publicando, com 17 anos (1921), o seu primeiro livro de poemas.
Enquanto estudava Belas-Artes em Lisboa (a
partir de 1927), teve oportunidade de contactar com artistas de renome: Armando
de Lucena (seu mestre), Abel Manta, Jorge Barradas, Diogo de Macedo e Rui
Gameiro, entre outros.
Ainda em Lisboa, colaborou no Pavilhão
Português para a Exposição de Sevilha, onde colheu «proveitosos conhecimentos através dos
quais beberia os princípios da forma
em que assentariam as suas futuras criações
estéticas».
O empedrado da Praça
Velha é, provavelmente, um dos trabalhos mais marcantes da
sua vida. Nessa altura, estava a regressar dos estudos em Lisboa e
imediatamente fez por se ligar a todas as
manifestações artísticas. Terminado em
1930 e inspirado no desenho de uma manta regional terceirense, a solução artística desse empedrado, «dado o arrojo da concepção modernista, seria motivo de
acesas polémicas».
Uma das amizades que teve oportunidade de fazer ao
longo da sua vida foi com António Dacosta. Ambos
tiveram a oportunidade de criar retratos um do outro, como é o caso do “Retrato
de Maduro Dias” documentado pela Fundação Calouste Gulbenkian.
Desde o regresso de Lisboa que
a sua presença artística ecléctica e organização de exposições foram marcando a
Ilha Terceira. Alguns exemplos dessas intervenções são: a encenação da opereta “Água Corrente”
(estreia em 1928); a organização da exposição, em 1934, no Palácio do
Governo Civil (actual Palácio dos Capitães-Generais); da
Exposição do Esforço do Emigrante Açoriano, em 1940, na Junta Geral de
Angra do Heroísmo; o Cruzeiro alusivo à
Restauração de 1640 (1940), no Pico Matias Simão; livros de poemas
como “Melodia Íntima” e “Poemas de
Eiramá “(1985); quadros como “Sonho
do Infante”; capas de livros; e trabalhos de
ornamentação nas Sanjoaninas.
Desde 1961 até ao começo de 1985, «foi convidado a
desenvolver ensino artístico no destacamento
americano da Base das Lajes (Clube de Oficiais, onde se
realizaram várias exposições), o que denota a sua
vocação para um certo magistério artístico que nunca o abandonou».
Faleceu na sua cidade natal, em 1986, e Augusto Gomes,
em artigo biográfico na revista “Ilha Terceira” desse mês de Dezembro,
recorda-o assim: «Como prosador, Maduro Dias
deu-nos as mais belas páginas da literatura açórica, numa realização
estética, das mais seguras e acabadas,
tal como nas outras manifestações artísticas a que se entregava de alma e
coração».
Maduro Dias foi feito cavaleiro da Ordem
Militar de Sant’Iago da Espada, em 14 de Junho de 1950. Ganhou vários
prémios literários em Jogos Florais e foi homenageado com
a Medalha de Honra do Município.
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