Jean Behra começou a sua carreira nas motos com uma Moto
Guzzi, com a qual se sagrou campeão francês de 1948 a 1951.
Estreou-se no automobilismo em 1950, disputando uma
prova de subida de montanha em Mont Ventoux, ao volante de um Maserati,
em que obteve o 1º lugar.
Após esta experiência, disputou outras provas durante
o ano, entre as quais o Rali de Monte Carlo, onde terminou em 3º lugar a
bordo de um Simca, e as 24 Horas de Le Mans, com um Simca
Gordini, que abandonou.
No fim do ano, foi procurado por Amédée Gordini, que o
convidou para integrar a sua equipe em 1951, ao lado dos mais renomados pilotos
franceses da época, como Maurice Trintignant, Robert Manzon e André Simon.
Nesse ano, com um Fórmula 2, obteve o 2º lugar
no Grand Prix des Sables-d’Olonne, fazendo ainda a volta mais rápida, e
o 3º lugar no Grand Prix de Cadours. Existe uma controvérsia sobre uma
eventual participação do francês no Grande Prémio da Itália de 1951, em
Monza; segundo o jornalista especializado suíço, Gérard Crombac, Behra teria
substituído Trintignant, que no dia da corrida teria sofrido um desarranjo
intestinal, embora sem ter sido inscrito junto da organização da prova.
Precisamente por conta da inexistência de registos específicos sobre o facto,
esse grande prémio não é computado na sua carreira na F1.
Em 1952, Behra finalmente estreou-se no Campeonato
Mundial de Fórmula 1, com um Gordini, somente dois anos após o seu
início no automobilismo; na sua primeira corrida, o Grande Prémio da Suíça,
obteve o 3º lugar. A pouca confiabilidade mecânica do carro, contudo, impediu-o
de obter outras posições de destaque, restando-lhe apenas um 5º lugar no Grande
Prémio da Alemanha, em Nurburgring.
Na Fórmula 2, venceu em Reims, batendo os Ferrari
de Alberto Ascari e Giuseppe Farina, e em Aix-des-Bains, e chegou em 3º lugar
no Grand Prix de Pau. No final do ano, sofreu um sério acidente quando
liderava a Carrera Panamericana, no México, ao volante de um Simca
Gordini, com 7 costelas partidas e várias contusões.
Em 1953, obteve o 3º lugar em Cadours na F 2,
ao passo que na F 1 teve como melhor resultado um 6º lugar no Grande
Prémio da Argentina, terminando a temporada sem pontuar.
No ano seguinte, novamente o seu melhor resultado não
passou de um 6º lugar, desta vez no Grande Prémio de França, em Reims.
No Grande Prémio da Grã-Bretanha, contudo, estabeleceu a melhor volta da
prova; todavia, como esse tempo foi igualado por outros seis pilotos, Behra
recebeu apenas 0,14 ponto pelo evento. Entretanto, na prova extracampeonato de F
1 disputada em Pau, Behra venceu de forma espectacular, precedendo o Ferrari
de Maurice Trintignant por apenas 2 décimos de segundo, após ultrapassá-lo nas
voltas finais da corrida, depois de uma grande recuperação. À falta de
competitividade dos Gordini somou-se a diminuição das actividades da
equipa, razão pela qual Behra assinou contrato com a Maserati em 1955.
Com o novo carro, a temporada foi bem melhor. Behra
venceu novamente em Pau e em Bordéus, provas extracampeonato de F 1. Na F
1, obteve o 3º lugar no Mónaco, dividindo o carro com Cesare Perdisa, o 4º
lugar em Itália e o 5º lugar na Bélgica, em dupla com Roberto Mieres; terminou
o ano na 9ª posição no campeonato. No Mundial de Marcas, venceu o Gran
Premio Supercortemaggiore, em Monza, em dupla com Luigi Musso. No Tourist
Trophy, porém, sofreu um grave acidente, que o afastou das pistas no resto
da temporada.
Em 1956, já recuperado do acidente no Tourist
Trophy, Behra disputou a sua melhor temporada na F 1. Ao volante do Maserati,
conseguiu o 2º lugar na Argentina e o 3º lugar no Mónaco, em França, na
Inglaterra e na Alemanha. Apesar de não ter vencido nenhuma prova no Mundial,
a sua regularidade fez com que chegasse a Itália, na última prova da temporada,
com chances de ser campeão mundial; uma quebra do sistema de ignição do seu
carro, contudo, forçou-o a abandonar a corrida, deixando-o na 4ª posição no
final do campeonato.
No Mundial de Marcas, obteve o 3º lugar nos 1000km
de Buenos Aires, correndo com José Froilán González. Na temporada seguinte,
Behra dividiu-se entre a BRM e a Maserati; novamente, fez uma boa
sessão. No Mundial de F 1, chegou em 2º lugar na Argentina; porém,
venceu as provas extracampeonato de Pau, Caen, Silverstone, Modena e Marrocos,
além de terminar em 2º lugar em Reims. No Mundial de Marcas, venceu as 12
Horas de Sebring, em dupla com Juan Manuel Fangio, e o GP Sverige,
com Stirling Moss, e foi 2º colocado nos 1000 km de Buenos Aires, com o
argentino Carlos Menditeguy. Sofreu novo acidente, desta vez sem gravidade,
testando um Maserati para a Mille Miglia.
Em 1958. chegou em 5º lugar na Argentina, com a
Maserati; a partir daí, correu com a BRM nas demais provas do Mundial
da F 1, obtendo um 3º lugar na Holanda e um 4º lugar em Portugal.
No Mundial de Marcas, passou a correr pela Porsche:
foi 2º colocado na Targa Florio, com Giorgio Scarlatti, 3º colocado em
Buenos Aires, com Moss, e nas 24 Horas de Le Mans, com Hans Hermann. E na
F 2, venceu em Reims e em Avus. Venceu também a subida de Mont Ventoux.
Para a temporada de 1959, a Ferrari havia
perdido os seus pilotos; Mike Hawthorn, campeão de 1958, havia abandonado as
pistas, ao passo que Peter Collins e Luigi Musso haviam morrido num acidente em
Nürburgring e Reims, respectivamente. Por isso, a renovação da equipa veio com
a contratação de Behra e do inglês Tony Brooks, que havia se destacado no ano
anterior com um Vanwall.
Em Aintree, prova extracampeonato de F 1, Behra
venceu pela primeira vez com o carro italiano, chegando 10 segundos à frente de
Brooks. No Mónaco, largou em 2º lugar e liderou a prova em 21 voltas, até
abandonar com problemas mecânicos.
Na Holanda, porém, marcou os seus primeiros pontos,
com um 5º lugar. No Mundial de Marcas, conseguiu o 2º lugar em Sebring,
correndo com Cliff Allison. A próxima etapa da F 1 válida pelo Mundial
foi disputada em França; em Reims, Behra superou a marca de 51 grandes prémios
disputados por Fangio, tornando-se o piloto com maior número de participações
em grandes prémios até então. Correndo diante da sua torcida, teve uma má partida,
mas recuperou de forma extraordinária, a ponto de disputar a 2ª posição com Phil
Hill, quando o motor do seu Ferrari explodiu. Ao chegar às boxes,
Behra teve uma violenta discussão com o director desportivo da equipa, Romolo
Tavoni, que o acusou de ter forçado deliberadamente o carro, causando o
abandono; o piloto, por sua vez, acusou a equipa de lhe fornecer equipamento
inferior ao dos seus colegas. A discussão terminou com um soco do francês no
italiano. Tomando conhecimento do ocorrido, Enzo Ferrari demitiu Behra no mesmo
dia. Depois da saída da equipa italiana, Behra, após tentar, sem sucesso,
adquirir um Ferrari para prosseguir no Mundial como piloto
privado, voltou para a Porsche, com quem estava desenvolvendo um
protótipo próprio, o Behra-Porsche, para correr na categoria desportiva.
O carro foi apresentado para disputar uma corrida
dessa categoria, realizada como preliminar do Grande Prémio da Alemanha,
em Avus, no dia 1 de Agosto. Na 4ª volta, porém, quando corria em 3º lugar,
atrás de Wolfgang Von Trips e de Joakim Bonnier, o francês derrapou na pista húmida
e chocou contra um poste; o choque matou-o instantaneamente.
O funeral de Behra, em Nice, foi acompanhado por mais
de três mil pessoas. A sua morte interrompeu a renovação que o próprio Behra
havia iniciado no automobilismo francês, deixando apenas o veterano
Trintignant, já no final da sua carreira, como representante gaulês nas
principais pistas do mundo. Levaria quase dez anos para uma nova geração de
pilotos franceses surgir no cenário internacional, tendo em Jean-Pierre
Beltoise, Henri Pescarolo, Johnny Servoz-Gavin e François Cevert os principais
nomes.
Behra deixou um filho, Jean-Paul, que correu na Fórmula
3 francesa e em provas de turismo.
O circuito de Magny-Cours, um dos palcos do Grande
Prémio de França, teve o nome de Jean Behra entre 1961 e 1989.
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