segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

EFEMÉRIDE - Padre Himalaya, de seu verdadeiro nome Manuel António Gomes, padre católico, cientista e inventor português, faleceu em Viana do Castelo no dia 21 de Dezembro de 1933. Nascera em Santiago de Cendufe, em 9 de Dezembro de 1868.
Tendo por origem uma família de humildes lavradores, estudou no Seminário Conciliar de Braga, completando com distinção o curso de Teologia em 1890. Foi no seminário que modificou o seu nome de baptismo, acrescentando-lhe Himalaya, devido à alcunha por que era conhecido em virtude da sua elevada estatura. Depois da ordenação inscreveu-se na Universidade de Coimbra. Estudou hidroterapia, o tratamento pelas plantas, as medicinas naturais e a energia solar.
Foi professor de Ciências Naturais, Física, Química e Religião em várias escolas do norte e centro do País. Foi também professor particular da família Van Zeller.
Em França, onde esteve beneficiando de uma bolsa, estudou com o físico Berthelot e outros conhecidos professores, enquanto trabalhava nas suas teorias matemáticas e astronómicas para a construção de um aparelho inovador de concentração da radiação solar. Depois de várias tentativas e aparelhos experimentais, os seus esforços culminaram na construção do "Pirelióforo", que significa “eu trago o fogo do sol”. Com este instrumento conseguiu atingir uma temperatura de aproximadamente 3500 ºC com recurso apenas à radiação solar, o que era suficiente para fundir a maior parte dos metais ou rochas. Este aparelho constituiu a grande atracção da Exposição Universal de St. Louis em 1904, ganhando duas medalhas de ouro e uma de prata. No entanto as forças económicas da época não se mostraram interessadas no aproveitamento da energia solar, estando mais empenhadas na exploração petrolífera. Era a hora do petróleo e dos automóveis Ford.
Passou a interessar-se por explosivos, dados os seus conhecimentos químicos e a abertura no mercado para este tipo de produto. Montou na sua casa de Washington um laboratório e nele fabricava a Pólvora Sem Fumo ou Himalayite, patenteada em Maio de 1907 com a designação “Process of Making Smokeless Powder”. Esta pólvora cloratada foi testada primeiro em pedreiras e posteriormente em vários arsenais do exército norte-americano. A Himalayite resiste a grandes choques, fricções e temperaturas sem perigo de explosão, sendo fabricada com produtos de origem vegetal e mineral, de fácil obtenção e baixo custo.
Em 1908 o padre Himalaya aderiu à Academia de Ciências de Portugal, onde proferiu diversas conferências e participou em vários congressos. Nas suas intervenções manifestava a preocupação com o ordenamento territorial de Portugal, expresso nas suas teses de aproveitamento das energias renováveis, com vista a um desenvolvimento sustentado. Prosseguiu os seus estudos, que incluíam mesmo a possibilidade de fazer chover artificialmente.
Esteve na Argentina entre 1927 e 1932, onde escreveu um livro sobre Cosmologia, os seus inventos e as suas visões inovadoras nas várias áreas científicas. Regressou então a Portugal onde viria a falecer com 65 anos.
O Padre Himalaya, que foi um dos pioneiros mundiais no estudo das energias renováveis e da energia solar em particular, morreu no anonimato, vítima de mielite, porventura provocada por envenenamento resultante das experiências com ervas medicinais que efectuava sobre si próprio.

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