EFEMÉRIDE – Beatriz Costa, de seu verdadeiro nome Beatriz da Conceição, actriz de teatro e de cinema portuguesa, muito popular, carismática e sedutora de plateias, nasceu na Charneca do Milharado, Mafra, em 14 de Dezembro de 1907. Faleceu em Lisboa no dia 15 de Abril de 1996. Deixou para a posteridade a imagem de uma pessoa calorosa, maliciosa e irreverente - além do corte de cabelo que a tornava inconfundível.
Estreou-se no teatro de revista, aos quinze anos, como corista em “Chá e Torradas” (1923), seguindo depois em tournée para o Alentejo e Algarve. Antes, já tinha sido ajuntadeira e bordadeira, trabalhando em casa. No ano seguinte, actuou pela primeira vez no Teatro Maria Vitória na revista “Rés Vês”, tendo ingressado depois na companhia do Teatro Avenida. Estreou-se no mesmo ano, no Rio de Janeiro, onde foi felicitada pela imprensa e pelos espectadores, nomeadamente nas revistas “Fado Corrido” e “Tiro ao Alvo”.
De regresso a Lisboa (1925) ocupou um lugar de destaque em “Ditosa Pátria”, no Teatro da Trindade. Em Agosto do mesmo ano, a “Companhia do Trindade” seguiu para o Porto, apresentando-se no Teatro Sá da Bandeira.
Em Outubro de 1925, integrou uma Companhia de operetas sediada no Teatro São Luiz. De regresso à revista, esteve nos teatros Éden e Maria Vitória.
Em 1927 estreou-se no cinema, em pequenos papéis. Passou pelo Teatro Apolo e pela Companhia de Eva Stachino. Fez “Pó de Maio”, onde granjeou enorme popularidade.
Na sua segunda digressão pelo Brasil (1929), foi recebida com efusivas manifestações de admiração e carinho, tanto do público como da crítica. Foi então convidada por Procópio Ferreira, conhecido comediante do teatro brasileiro, para ficar a trabalhar no Rio de Janeiro, integrando o elenco da sua Companhia de comédias, mas a proposta não foi aceite.
De volta a Portugal, apareceu no documentário “Memória de uma Actriz” (com base nos artigos que escrevia para “O Século”, a contar episódios da sua carreira).
Em 1930 participou no filme “Lisboa, Crónica Anedótica”, de Leitão de Barros. No fim desse mesmo ano foi convidada pela Paramount, através de um contrato muito vantajoso, para protagonizar o filme “A Minha Noite de Núpcias”.
Foi contratada por Corina Freire para participar em várias revistas, que obtiveram grandes êxitos. Numa ida a Espanha, a convite da Casa da Imprensa de Badajoz, para uma festa no Teatro Lopez Ayola, teve grande sucesso.
Em 1933 a sua imagem imortalizou-se no filme “A Canção de Lisboa”, de Cotinelli Telmo, ao lado de António Silva e Vasco Santana.
Em 1937, juntamente com Vasco Santana, obteve a maioria dos votos dos cinéfilos portugueses, sendo eleitos “príncipes do cinema português”, protagonizando “A Aldeia da Roupa Branca”. Em 1939, aceitou novo convite para se apresentar no Brasil durante uma temporada, que se prolongou por uma década, a que chamou “os melhores anos da sua vida”. Actuou quase sempre no Casino de Urca, no Rio de Janeiro. Casou por essa época, com Edmundo Gregorian (poeta, escritor, escultor), de quem se divorciou dois anos depois.
Em 1949, regressou aos palcos de Lisboa numa revista, cujo título diz tudo sobre o mito que continuava a ser: “Ela aí está!”. Aos 41 anos, repetia os êxitos de vinte anos atrás.
Ainda apareceu em revistas de sucesso como “Com Jeito Vai” mas, em 1960, despediu-se dos palcos com “Está Bonita a Brincadeira”.
Foi a partir dos anos 1960 que começou a viajar por todo o mundo, assistindo a festivais de teatro e a outros espectáculos. Conheceu personalidades como Salvador Dali, Pablo Picasso, Sophia Loren, Orson Welles, John Ford, Greta Garbo, Edith Piaf e o Rei Hassan II de Marrocos, entre muitas outras. Sobre Marlene Dietrich, disse um dia: «Foi minha amiga. Ela cozinhava, eu e a Greta Garbo lavávamos a louça».
Depois da Revolução dos Cravos, quando já vivia no Hotel Tivoli, onde habitou durante meio século até morrer, começou a publicar livros sobre a sua espantosa vida. Lendo-os, descobre-se que ela foi o «sol dos anos negros da ditadura», como afirmou a escritora Inês Pedrosa. Beatriz Costa, que aprendera a ler aos 13 anos e sozinha, seguindo a sua ambição de saber, começou a sua alfabetização à mesa do café "A Brasileira", rodeada por figuras como Almada Negreiros, Aquilino Ribeiro e Vitorino Nemésio.
Após o seu reaparecimento num espectáculo da “Casa da Imprensa”, que decorreu no Coliseu dos Recreios foi sistematicamente solicitada pelos órgãos de comunicação social e espantou-se com as óptimas reacções do público leitor em relação a essa outra faceta da sua vida - escrever.
Em 1977 foi editado um álbum que compilava vários dos seus sucessos musicais e que em 1996 seria reeditado com o título “Grande Marcha de Lisboa”. Apesar das muitas propostas para regressar aos palcos, preferiu ficar longe deles por considerar que o teatro de revista estava muito diferente do que tinha sido no seu tempo.
Muitos foram também os convites para programas de televisão, mas só veio a participar, como membro de júri, no concurso “Prata da Casa” (RTP), que visava lançar jovens no mundo do espectáculo.
Um grupo de jovens chegou a propor a sua candidatura simbólica nas eleições presidenciais de 1985, como meio de comemorar “O Ano Internacional da Juventude” do ano seguinte.
Morreu na manhã de 15 de Abril de 1996, aos 88 anos, com a serenidade que os deuses deviam conceder sempre a quem propaga alegria à sua volta. Está sepultada no cemitério da Malveira, cumprindo o seu último desejo.
Existe na sua região natal um Cineteatro com o seu nome e, na Malveira, o “Museu Popular Beatriz Costa”.
Além da sua prodigiosa actividade teatral, fez sete filmes e escreveu quatro livros. O seu sorriso único era capaz de derreter um “iceberg”. Para ela, a vida era um espectáculo imperdível - «uma brincadeira». «Era, fui e serei sempre uma criança contente», dizia. Os momentos de tristeza eram resolvidos de maneira simples: «Quando quero chorar, penso na minha vida sexual. Quando quero rir, também…».
Estreou-se no teatro de revista, aos quinze anos, como corista em “Chá e Torradas” (1923), seguindo depois em tournée para o Alentejo e Algarve. Antes, já tinha sido ajuntadeira e bordadeira, trabalhando em casa. No ano seguinte, actuou pela primeira vez no Teatro Maria Vitória na revista “Rés Vês”, tendo ingressado depois na companhia do Teatro Avenida. Estreou-se no mesmo ano, no Rio de Janeiro, onde foi felicitada pela imprensa e pelos espectadores, nomeadamente nas revistas “Fado Corrido” e “Tiro ao Alvo”.
De regresso a Lisboa (1925) ocupou um lugar de destaque em “Ditosa Pátria”, no Teatro da Trindade. Em Agosto do mesmo ano, a “Companhia do Trindade” seguiu para o Porto, apresentando-se no Teatro Sá da Bandeira.
Em Outubro de 1925, integrou uma Companhia de operetas sediada no Teatro São Luiz. De regresso à revista, esteve nos teatros Éden e Maria Vitória.
Em 1927 estreou-se no cinema, em pequenos papéis. Passou pelo Teatro Apolo e pela Companhia de Eva Stachino. Fez “Pó de Maio”, onde granjeou enorme popularidade.
Na sua segunda digressão pelo Brasil (1929), foi recebida com efusivas manifestações de admiração e carinho, tanto do público como da crítica. Foi então convidada por Procópio Ferreira, conhecido comediante do teatro brasileiro, para ficar a trabalhar no Rio de Janeiro, integrando o elenco da sua Companhia de comédias, mas a proposta não foi aceite.
De volta a Portugal, apareceu no documentário “Memória de uma Actriz” (com base nos artigos que escrevia para “O Século”, a contar episódios da sua carreira).
Em 1930 participou no filme “Lisboa, Crónica Anedótica”, de Leitão de Barros. No fim desse mesmo ano foi convidada pela Paramount, através de um contrato muito vantajoso, para protagonizar o filme “A Minha Noite de Núpcias”.
Foi contratada por Corina Freire para participar em várias revistas, que obtiveram grandes êxitos. Numa ida a Espanha, a convite da Casa da Imprensa de Badajoz, para uma festa no Teatro Lopez Ayola, teve grande sucesso.
Em 1933 a sua imagem imortalizou-se no filme “A Canção de Lisboa”, de Cotinelli Telmo, ao lado de António Silva e Vasco Santana.
Em 1937, juntamente com Vasco Santana, obteve a maioria dos votos dos cinéfilos portugueses, sendo eleitos “príncipes do cinema português”, protagonizando “A Aldeia da Roupa Branca”. Em 1939, aceitou novo convite para se apresentar no Brasil durante uma temporada, que se prolongou por uma década, a que chamou “os melhores anos da sua vida”. Actuou quase sempre no Casino de Urca, no Rio de Janeiro. Casou por essa época, com Edmundo Gregorian (poeta, escritor, escultor), de quem se divorciou dois anos depois.
Em 1949, regressou aos palcos de Lisboa numa revista, cujo título diz tudo sobre o mito que continuava a ser: “Ela aí está!”. Aos 41 anos, repetia os êxitos de vinte anos atrás.
Ainda apareceu em revistas de sucesso como “Com Jeito Vai” mas, em 1960, despediu-se dos palcos com “Está Bonita a Brincadeira”.
Foi a partir dos anos 1960 que começou a viajar por todo o mundo, assistindo a festivais de teatro e a outros espectáculos. Conheceu personalidades como Salvador Dali, Pablo Picasso, Sophia Loren, Orson Welles, John Ford, Greta Garbo, Edith Piaf e o Rei Hassan II de Marrocos, entre muitas outras. Sobre Marlene Dietrich, disse um dia: «Foi minha amiga. Ela cozinhava, eu e a Greta Garbo lavávamos a louça».
Depois da Revolução dos Cravos, quando já vivia no Hotel Tivoli, onde habitou durante meio século até morrer, começou a publicar livros sobre a sua espantosa vida. Lendo-os, descobre-se que ela foi o «sol dos anos negros da ditadura», como afirmou a escritora Inês Pedrosa. Beatriz Costa, que aprendera a ler aos 13 anos e sozinha, seguindo a sua ambição de saber, começou a sua alfabetização à mesa do café "A Brasileira", rodeada por figuras como Almada Negreiros, Aquilino Ribeiro e Vitorino Nemésio.
Após o seu reaparecimento num espectáculo da “Casa da Imprensa”, que decorreu no Coliseu dos Recreios foi sistematicamente solicitada pelos órgãos de comunicação social e espantou-se com as óptimas reacções do público leitor em relação a essa outra faceta da sua vida - escrever.
Em 1977 foi editado um álbum que compilava vários dos seus sucessos musicais e que em 1996 seria reeditado com o título “Grande Marcha de Lisboa”. Apesar das muitas propostas para regressar aos palcos, preferiu ficar longe deles por considerar que o teatro de revista estava muito diferente do que tinha sido no seu tempo.
Muitos foram também os convites para programas de televisão, mas só veio a participar, como membro de júri, no concurso “Prata da Casa” (RTP), que visava lançar jovens no mundo do espectáculo.
Um grupo de jovens chegou a propor a sua candidatura simbólica nas eleições presidenciais de 1985, como meio de comemorar “O Ano Internacional da Juventude” do ano seguinte.
Morreu na manhã de 15 de Abril de 1996, aos 88 anos, com a serenidade que os deuses deviam conceder sempre a quem propaga alegria à sua volta. Está sepultada no cemitério da Malveira, cumprindo o seu último desejo.
Existe na sua região natal um Cineteatro com o seu nome e, na Malveira, o “Museu Popular Beatriz Costa”.
Além da sua prodigiosa actividade teatral, fez sete filmes e escreveu quatro livros. O seu sorriso único era capaz de derreter um “iceberg”. Para ela, a vida era um espectáculo imperdível - «uma brincadeira». «Era, fui e serei sempre uma criança contente», dizia. Os momentos de tristeza eram resolvidos de maneira simples: «Quando quero chorar, penso na minha vida sexual. Quando quero rir, também…».
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