segunda-feira, 11 de outubro de 2010

EFEMÉRIDEJean Maurice Eugène Clément Cocteau, poeta, romancista, cineasta, designer, dramaturgo, actor e encenador de teatro francês, morreu em Milly-la-Forêt no dia 11 de Outubro de 1963. Nascera em Maisons-Lafitte, em 5 de Julho de 1889.
Em conjunto com outros surrealistas da sua geração, Cocteau conseguiu conjugar com maestria os novos e os velhos códigos verbais, a linguagem de encenação e as tecnologias do modernismo, criando um paradoxo: um “modernismo clássico”.
As suas peças foram levadas aos palcos dos Grandes Teatros, nos Boulevards da época parisiense em que viveu e que ele ajudou a definir e a criar. A sua abordagem versátil e nada convencional e a sua enorme produtividade trouxeram-lhe fama internacional.
Jean Cocteau foi um dos mais talentosos artistas do século XX e actuou activamente em diversos movimentos artísticos. Foi eleito membro da Academia Francesa e da Academia Real da Bélgica em 1955.
Homossexual, nunca escamoteou a sua orientação sexual. Manteve estreita amizade com Jean Marais, o seu actor preferido. Entre os seus amigos contavam-se Édith Piaf, Jean Genet, etc.
Cocteau realizou sete filmes e colaborou como argumentista ou narrador em mais alguns, todos eles ricos em simbolismos e imagens surreais. É considerado um dos mais importantes cineastas de todos os tempos.
O pai suicidou-se quando ele tinha nove anos. Cocteau começou a escrever aos dez e aos dezasseis já publicava as suas primeiras poesias, um ano depois de abandonar a casa familiar. Apesar de se distinguir em todos os campos literários e artísticos, Cocteau insistia em que era fundamentalmente um poeta e que toda a sua obra era poesia. Em 1909, com vinte anos, publicou o seu primeiro livro de poemas “A Lâmpada de Aladino”. O seu segundo livro, “O príncipe frívolo”, foi editado no ano seguinte. Por esta altura conheceu os escritores Marcel Proust e André Gide.
Durante a Primeira Guerra Mundial, Cocteau prestou serviço na Cruz Vermelha como condutor de ambulâncias. Neste período conheceu o poeta Guillaume Apollinaire, os pintores Pablo Picasso e Amedeo Modigliani e numerosos outros escritores e artistas com quem mais tarde viria a colaborar. O empresário russo de ballet, Sergei Diaghilev, desafiou Cocteau a escrever um cenário para um novo bailado: “- Surpreende-me!”, teria dito Diaghilev. O resultado foi “Parade”, que seria produzido por Diaghilev em 1917, com cenografia de Picasso.
Expoente importante do Surrealismo, Cocteau teve enorme influência na obra de outros artistas. O consumo de ópio e os seus esforços para deixar esta droga afectaram profundamente o seu estilo literário. O seu livro mais famoso, “Les Enfants Terribles”, foi escrito numa semana em que fez uma dolorosa tentativa de abandonar o ópio. Em “Ópio, diário de uma desintoxicação” narrou a experiência da sua recuperação do vício em 1929.
Na década de 1930, Cocteau teve um surpreendente caso com a Princesa Natalie Paley, a linda filha de um Grão-duque da família Romanov, modelo e actriz, anteriormente casada com um costureiro. Natalie ficou grávida mas, para grande desgosto de ambos, veio a abortar.
Em 1940, “Le Bel Indifférent”, uma peça de teatro que Cocteau escreveu para Édith Piaf, teve um enorme sucesso. Trabalhou também com Pablo Picasso em diversos projectos e fez amizade com inúmeros artistas europeus. Publicou um considerável número de ensaios criticando a homofobia.
Os filmes de Cocteau que, na sua maioria, foram escritos e realizados por ele próprio, foram particularmente importantes para a introdução do Surrealismo no cinema francês e influenciaram, até um certo ponto, a “Nouvelle Vague”. Os seus filmes mais conhecidos são “Les parents terribles” (1948), “La Belle et la Bête”(1946) e “Orpheus” (1949).
Cocteau morreu de enfarte do miocárdio, apenas algumas horas depois de saber da morte da sua grande amiga Édith Piaf.
Pode ler-se no epitáfio da sua pedra tumular: «Fico convosco». Em 22 de Junho de 2010, a sua casa em Milly-la-Forêt, entretanto transformada em museu, foi inaugurada.

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