EFEMÉRIDE – Sebastião Alba, de seu verdadeiro nome Dinis Carneiro Gonçalves, escritor português naturalizado moçambicano, nasceu em Braga no dia 11 de Março de 1940. Morreu, na mesma cidade, em 14 de Outubro de 2000.
De ascendência transmontana, foi buscar o seu pseudónimo ao nome dos pais (Sebastiana e Albano). Pertenceu à jovem vaga de autores moçambicanos que vingaram na literatura lusófona.
Viveu em Braga até 1950, ano em que a família se radicou em Moçambique. Formou-se em jornalismo e leccionou em várias escolas, contraindo casamento com uma mestiça.
Em 1965, publicou o livro “Poesias”, com poemas inspirados na sua própria biografia. Foi, embora por pouco tempo, administrador da província de Zambézia
Só regressou a Portugal em 1981, voltando a viver na “Cidade dos Arcebispos”. Colaborou no “Correio do Minho”.
Uma curta experiência em Lisboa, com a família, aumentou-lhe a tendência anti-social e libertária. Regressou a Braga só, isto é, sem a mulher e sem as filhas. Optou definitivamente por ter as estrelas como tecto, depois de curtas estadas em quartos arrendados. Como parceiros de vida tinha o álcool, a música e a poesia. A rádio “Antena 2” e uma harmónica de boca alimentavam-lhe a melomania; o álcool, sempre dissimulado num saco de plástico, entorpecia-lhe a voz da consciência; a poesia embalava-o no sonho idealista de submeter o mundo à ordem musical.
Era uma figura controversa, por rejeitar teimosamente qualquer oferta de protecção ou abrigo, por ser bêbado, provocador e incumpridor contumaz das normas sociais. Por outro lado, era um ser desprendido. Dava o pouco dinheiro que tinha a mendigos ou vadios, sendo ele mesmo um mendigo, mas de grande dignidade, pois apenas aceitava actos de caridade contra actos de gratidão: tocava peças musicais ou oferecia poemas a quem o ajudava. Até os 1 500 contos do “Grande Prémio ITF” deu às filhas.
Faleceu vítima de atropelamento. Deixou um bilhete dirigido ao irmão: «Se um dia encontrarem morto o teu irmão Dinis, o espólio será fácil de verificar: dois sapatos, a roupa do corpo e alguns papéis que a polícia não entenderá».
Só teve o reconhecimento público depois da editora Assírio e Alvim lhe ter publicado em Lisboa “A Noite Dividida”.
Para o poeta Rui Knopfli, «a verve de Sebastião Alba era apanágio de muito poucos poetas, tanto mais que assumiu a condição de despojado e desprendido, própria dos espíritos que se dão à Arte, o mesmo é dizer à Humanidade, sem esperar outro retorno que não seja de ordem espiritual».
Muito versado em cultura musical e literária, tinha alguns amigos que o procuravam e concedia conversas e entrevistas a alunos do ensino secundário e a universitários. Tinha uma grande paixão pelas filhas que visitava com regularidade. Morreu sem identidade civil e tornou-se num problema para as autoridades. Finalmente, identificado pela família, o seu corpo rumou a Torre D. Chama, a terra dos pais.
De ascendência transmontana, foi buscar o seu pseudónimo ao nome dos pais (Sebastiana e Albano). Pertenceu à jovem vaga de autores moçambicanos que vingaram na literatura lusófona.
Viveu em Braga até 1950, ano em que a família se radicou em Moçambique. Formou-se em jornalismo e leccionou em várias escolas, contraindo casamento com uma mestiça.
Em 1965, publicou o livro “Poesias”, com poemas inspirados na sua própria biografia. Foi, embora por pouco tempo, administrador da província de Zambézia
Só regressou a Portugal em 1981, voltando a viver na “Cidade dos Arcebispos”. Colaborou no “Correio do Minho”.
Uma curta experiência em Lisboa, com a família, aumentou-lhe a tendência anti-social e libertária. Regressou a Braga só, isto é, sem a mulher e sem as filhas. Optou definitivamente por ter as estrelas como tecto, depois de curtas estadas em quartos arrendados. Como parceiros de vida tinha o álcool, a música e a poesia. A rádio “Antena 2” e uma harmónica de boca alimentavam-lhe a melomania; o álcool, sempre dissimulado num saco de plástico, entorpecia-lhe a voz da consciência; a poesia embalava-o no sonho idealista de submeter o mundo à ordem musical.
Era uma figura controversa, por rejeitar teimosamente qualquer oferta de protecção ou abrigo, por ser bêbado, provocador e incumpridor contumaz das normas sociais. Por outro lado, era um ser desprendido. Dava o pouco dinheiro que tinha a mendigos ou vadios, sendo ele mesmo um mendigo, mas de grande dignidade, pois apenas aceitava actos de caridade contra actos de gratidão: tocava peças musicais ou oferecia poemas a quem o ajudava. Até os 1 500 contos do “Grande Prémio ITF” deu às filhas.
Faleceu vítima de atropelamento. Deixou um bilhete dirigido ao irmão: «Se um dia encontrarem morto o teu irmão Dinis, o espólio será fácil de verificar: dois sapatos, a roupa do corpo e alguns papéis que a polícia não entenderá».
Só teve o reconhecimento público depois da editora Assírio e Alvim lhe ter publicado em Lisboa “A Noite Dividida”.
Para o poeta Rui Knopfli, «a verve de Sebastião Alba era apanágio de muito poucos poetas, tanto mais que assumiu a condição de despojado e desprendido, própria dos espíritos que se dão à Arte, o mesmo é dizer à Humanidade, sem esperar outro retorno que não seja de ordem espiritual».
Muito versado em cultura musical e literária, tinha alguns amigos que o procuravam e concedia conversas e entrevistas a alunos do ensino secundário e a universitários. Tinha uma grande paixão pelas filhas que visitava com regularidade. Morreu sem identidade civil e tornou-se num problema para as autoridades. Finalmente, identificado pela família, o seu corpo rumou a Torre D. Chama, a terra dos pais.
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