Filho único, numa família
aristocrática radicada em Moçambique, João Maria Tudela, depois de concluir o
ensino primário em Lourenço Marques, prosseguiu os seus estudos na África do
Sul, até aos 13 anos, regressando a Lourenço Marques, onde frequentou o Liceu
Salazar.
Em 1944 veio para Coimbra, onde
cantou, em ambientes informais, no meio estudantil.
Em 1950, não tendo acabado o
curso, regressou a Lourenço Marques, por decisão da família. Nesta cidade, trabalhou
na Companhia de Seguros Império (quatro anos) e na Shell (7
anos), empresa onde ocupou o lugar de responsável comercial.
Foi secretário particular do eng.º
Jorge Jardim, com o qual trabalhou nos contactos desenvolvidos antes do 25
de Abril de 1974, com vista à Autonomia e eventual Independência de
Moçambique.
Logo em 1950, começa a
interpretar, no Rádio Clube de Moçambique, músicas ligadas à tradição
musical coimbrã.
Nos anos seguintes, cantou na
rádio e em clubes de Moçambique, África do Sul e Rodésia (actual Zimbabwe).
Em 1957, com Dan Hill e Seu
Quinteto, gravou, para a editora sul-africana Gallotone, o LP “Sundown
at Lourenço Marques”.
Começou, entretanto, a constituir
um reportório próprio, com a colaboração de Reinaldo Ferreira e Gustavo Matos
Sequeira (letras) e de Artur Fonseca (músicas).
Em 1959, lançou, no Rádio
Clube de Moçambique, “Kanimambo”, com letra de Reinaldo Ferreira e
Matos Sequeira e música de Artur Fonseca, editada igualmente pela Gallotone
e também pela Valentim de Carvalho (Portugal).
No mesmo ano, gravou, de novo
para a Gallotone, o LP “Uma Casa Portuguesa: João Tudela Canta Música
de Artur Fonseca”, incluindo as composições “Uma Casa Portuguesa”, “Moçambique”,
“Baião”, “Magaíça”, “Lourenço Marques”. “Uma Estrela Falou”, “Adeus” “Cidade”,
“Holiday In Lourenço Marques”, “Hambanine” e “Macala”.
O sucesso de “Kanimambo” e
de outras composições entretanto lançadas, acabam por o conduzir à
profissionalização.
Em 1961, João Maria Tudela
fixa-se em Portugal, onde actuou na rádio, na televisão, em cruzeiros e em
salas de espectáculo.
Em 1966 e 1968, concorre ao Festival
RTP da Canção como intérprete e, em 1969, como compositor, com Fernando Alvim,
com a canção “Tenho Amor para Amar”, interpretada pelo Duo Ouro Negro.
O contacto com personalidades da
oposição política ao regime do Estado Novo, como Mário Castrim, Alice
Vieira, Ary dos Santos e Fernando Tordo, altera a orientação do seu reportório.
Em 1969, grava para a Decca o LP “Tudela Canta Música de Pedro Jordão”,
onde se incluem poemas de José Gomes Ferreira e Manuel Alegre. Em 1968, é
proibido de actuar na RTP por ter cantado, em directo, no programa “Natal
dos Hospitais” a composição “Cama 4, sala 5” de Ary dos Santos e
Nuno Nazareth Fernandes.
Casou em Lisboa, em 27 de Junho
de 1990, com Filomena Maria Ferreira da Fonseca, com quem teve um filho e uma
filha. Faleceu aos 81 anos.
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