Stuart era filho do
norte-americano Norman Jones e de Zuleika Angel Jones, mais conhecida
como Zuzu Angel, figurinista e estilista reconhecida
internacionalmente. Bicampeão carioca de remo pelo Clube de Regatas
Flamengo na adolescência (1964 e 1965), ele foi estudante de Economia na Universidade
Federal do Rio de Janeiro. Possuía dupla nacionalidade, brasileira e
norte-americana.
Na viragem das décadas de 1960/1970,
passou a militar no MR-8, grupo de ideologia socialista que fazia a
luta armada contra a ditadura militar. Após ser acusado de assaltar e de
sequestrar o então embaixador americano, Stuart foi preso, torturado e morto
por membros do Centro de Informações da Aeronáutica, aos 25 anos de idade. Foi casado com
a também militante e guerrilheira Sónia Morais Jones, presa, torturada e morta
dois anos depois e também dada como desaparecida.
A versão mais conhecida e
difundida da sua tortura e morte foi dada pelo ex-guerrilheiro Alex Polari,
também preso no local, que assistiu da janela da sua cela as torturas feitas a Stuart. Ele foi amarrado a um carro e
arrastado por todo o pátio do quartel. Em alguns
momentos, entre os risos, as perguntas e as chacotas feitas
pelos militares, ele era obrigado a colocar a boca no
tubo de escape do veículo, aspirando os gases tóxicos. Polari ainda contou
que, após o desamarrarem, foi deixado abandonado no
chão, com o corpo bastante, dilacerado, onde ficou pedindo água pela noite
fora. A mãe denunciou o assassinato de Stuart, que
também tinha a nacionalidade americana. ao senador Edward Kennedy,
que levou o caso ao Congresso dos Estados Unidos.
A mãe, usando a sua
notoriedade internacional, envolveu na sua causa (a
descoberta do corpo do filho) diversas celebridades como Joan Crawford, Liza
Minnelli e Kim Novak. Zuzu morreu em 1976, num suspeito acidente de automóvel
no bairro de São Conrado, Rio de Janeiro, sem nunca conseguir descobrir o
paradeiro do corpo do filho.
Em 2006, a vida de Stuart e de
sua mãe foram levadas ao cinema, com o filme “Zuzu Angel”, realizado por
Sérgio Rezende, com Daniel de Oliveira e Patrícia Pillar no papel do
militante-guerrilheiro e da estilista.
O escritor
José Louzeiro escreveu o romance “Em carne viva”, com personagens e
situações que lembram o drama da morte de Stuart Angel.
Em 2010, Stuart foi homenageado
pelo Clube de Regatas do Flamengo com a inauguração de um
memorial na sede social do clube.
Em 2015, um busto em sua
homenagem foi inaugurado em frente do campus da Universidade Federal do
Rio de Janeiro. Ali, também há uma ciclovia com o seu nome.
Em 2019, torcedores do Flamengo,
ao acompanharem até ao aeroporto do Galeão o autocarro da equipa, que ia
disputar a final da Libertadores contra
o River Plate, em Lima, estenderam uma
faixa em «Homenagem ao remador Stuart Angel, assassinado pela ditadura
militar, na Base Aérea do Galeão, em 1971».
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