Publicou três livros de poesia e
um livro de contos, entre outros escritos. Em 1925, lançou a revista “Europa”, de que saíram três números (Abril, Maio
e Junho).
Exemplares
do seu livro “Decadência” (1923) foram apreendidos,
juntamente com os livros de António Botto (“Canções”)
e Raul Leal (“Sodoma Divinizada”), e mandados queimar pelo Governo
Civil de Lisboa na sequência de uma campanha
liderada pela conservadora Liga de Acção dos
Estudantes de Lisboa, contra «os artistas decadentes, os poetas de Sodoma, os editores, autores e vendedores de livros imorais».
Judith Teixeira (apelido do
segundo marido) foi baptizada em 1 de Fevereiro de 1880, na Sé Catedral de
Viseu, como filha natural de Maria do Carmo, não constando
do assento do baptismo o nome do pai.
Em 1907, foi perfilhada por
Francisco dos Reis Ramos, alferes de Infantaria, passando então a usar
como nome completo Judith dos Reis Ramos. Era ainda solteira e residia em
Lisboana Rua do Arco do Carvalhão.
Algum tempo depois, terá casado
com Jaime Levy Azancot, empregado comercial, com
quem viveu na Rua Rodrigo da Fonseca. Em 8 de Marco de 1913, o casamento
foi dissolvido, a esposa tendo sido acusada de adultério
e abandono do domicílio legal. Em 22 de Abril de 1914, no Bussaco, casou com Álvaro Virgílio de Franco Teixeira,
de 26 anos, advogado e industrial, neto materno do 1º visconde da Falcarreira.
Foi na década dos seus quarenta
anos, entre 1922 e 1927, que publicou todos os seus livros e dirigiu a revista “Europa”.
Devido à temática lésbica de alguns dos seus poemas,
foi atacada violentamente na imprensa conservadora e
moralista, pelas «vergonhas sexuais» e «versalhadas
ignóbeis» que escrevia. Na revista pró-fascista “Ordem
Nova”, em 1926, Marcello Caetano referiu-se ao seu livro “Decadência”
como sendo da autoria «duma desavergonhada chamada
Judith Teixeira», regozijando-se que os seus
livros tivessem sido apreendidos e queimados em 1923. Em 1927, encontrava-se ausente de Portugal, como se depreende de uma nota inserida no fim do livro “Satânia”, o último que publicou.
Pouco se
sabe acerca dos últimos trinta e dois anos da sua vida, em que chegou a ter um
negócio de antiguidades. Morreu em 1959, aos 79 anos, residindo então em
Lisboa, na Praceta Padre Francisco em Campo de Ourique. Segundo o
assento de óbito, morreu viúva, sem deixar filhos nem bens e sem fazer
testamento.
Sobre Judith Teixeira pronunciou-se Aquilino Ribeiro, em 1923, considerando-a uma «poetisa de valor». Em 1927, José Régio afirmaria que «todos os livros de Judith Teixeira não valem uma canção escolhida de António Botto». O crítico João Gaspar Simões louvaria em 1937 a «audácia» da poetisa, considerando-a embora «sem talento». António Manuel Couto Viana referiu-se a Judith Teixeira como «a única poetisa modernista» portuguesa, afirmando sobre as suas poesias: «separando muito trigo de muito joio, penso-as merecedoras de melhor sorte do que o silêncio, a ignorância, a que têm estado votadas».
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