Na juventude, estudou Direito, mas logo
abandonou a profissão. Em 1753, entrou no exército, no corpo dos mosqueteiros.
Com 25 anos, publicou um tratado de cálculo integral como suplemento do tratado
De l’Hôpital, Des infiniment petits.
Em 12 de Outubro de 1754, foi enviado a Londres como
secretário da embaixada de França e tornou-se membro da Royal Society.
Primeiro ajudante (aide de camps) de Montcalm
em 1756, ao lado do qual combateu em 1759, tornou-se capitão de fragata em 1753
e tentou em vão colonizar as ilhas Malvinas (1763/1765).
«Participou activamente na guerra franco-inglesa no
Canadá»», diz a Brasiliana da
Biblioteca Nacional, pg 49, «e realizou três viagens às Malvinas, com
interesse em transportar colonos canadenses para as ilhas». Mesmo com as
enormes perdas da guerra, procurou convencer o governo francês a reforçar as
frotas naval e mercantil, com a finalidade de alargar e recuperar o império
francês. Nos Mares do Sul, segundo o militar viajante, os franceses
encontrariam as especiarias, o ouro e produtos tropicais perdidos para os
ingleses. Os novos territórios forneceriam ainda elementos preciosos para a
História Natural.
Em 1766, Bougainville recebeu de Luís XV de França a
missão de navegar ao redor do globo numa expedição com um naturalista,
cartógrafo e astrónomo. Tornou-se o 14° navegador da história e o primeiro
francês a conseguir o feito: a realização dessa volta ao mundo revigorou o
prestígio da França após as suas humilhantes derrotas durante a Guerra dos
sete anos.
Bougainville zarpou em 1766 com dois navios, La
Boudeuse e L’Etoile. Esteve no Rio de Janeiro em 1767 e reuniu dados
sobre as fortificações, administração e comércio. «Se inicialmente recebera
boa acolhida das autoridades locais, incidentes no Sul, envolvendo portugueses
e espanhóis, provocaram mudança na atitude do vice-rei em relação aos franceses»,
segundo conta Maria Fernanda Bicalho. Ele e os seus oficiais foram proibidos de
permanecer nos arredores da cidade, inviabilizando a colheita de espécies vegetais
pelo naturalista Philibert Commerson, célebre pelas suas ideias
conservacionistas. No seu álbum “Pitoresco”, entretanto, retratou os
principais monumentos naturais e artificiais e o aspecto geral das cidades e
populações: a prancha 34, por exemplo, reproduz a «Cascade de la Grande
Tijuca, près Rio-Janeiro» que é hoje chamada a cascatinha da Tijuca, no
Parque do Açude, Alto da Boa Vista.
Visitou a ilha de Taiti em Abril de 1768 e por pouco
perdeu a oportunidade de se tornar o seu descobridor, desconhecendo a visita
anterior de Samuel Wallis no HMS Dolphin menos de um ano antes. Em Março
de 1769, a expedição completou a sua circum-navegação e chegou a Saint-Malo,
com a perda de somente sete dos 200 homens que compunham a tripulação, facto
excepcional naquela época, e um crédito extra ao bom comando da expedição de
Bougainville. A sua viagem foi também excepcional pelo facto de ter sido a
primeira a incluir uma mulher, Jeanne Baré, empregada do naturalista da
expedição acima mencionado, Philibert Commerçon.
Descrevendo o Taiti no seu livro de 1771 “Voyage
autour du Monde”, Bougainville ofereceu a visão de um paraíso terrestre
onde homens e mulheres viviam felizes, em completa inocência, longe da
corrupção da civilização. Ele ilustrou o conceito de «nobre selvagem», e
influenciou as ideias utópicas de filósofos como Jean-Jacques Rousseau antes do
advento da Revolução francesa.
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