Ao longo da sua carreira, conquistou treze medalhas em
grandes competições internacionais, com destaque para o título de Campeã da
Europa, em 2010. Participou em duas edições dos Jogos Olímpicos,
tendo como melhor prestação o 7º lugar na maratona das Olimpíadas de Londres.
Foi corredora do SC Braga e do Maratona CP. Desde o ano de 2009,
até Setembro de 2015, concorreu como individual, tendo nessa data
ingressado no Sporting CP. Em 2022 voltou a representar o Braga.
O seu treinador é António José Nogueira da Costa.
Jéssica Augusto nasceu em Paris, neta de avós
emigrados. Veio com os pais para Portugal tinha 6 anos de idade, para morar em
Braga. Começou a correr pelo Braga tinha 15 anos de idade. O gosto pelo
atletismo surgiu quatro anos antes, ao assistir aos Jogos Olímpicos
de Barcelona pela televisão e foi estimulada pelo triunfo de Fernanda
Ribeiro em Atlanta. Em 10 de Dezembro de 2000, ainda como júnior,
conseguiu a sua primeira grande conquista, ao sagrar-se Campeã Europeia em
corta-mato, nos campeonatos disputados em Malmö, na Suécia. Em Setembro de
2015, juntou-se ao Sporting, onde ficou até 2022, quando voltou
ao Braga.
Jéssica Augusto estreou-se em grandes competições
internacionais a nível sénior, no ano de 2002. A sua primeira grande prova
aconteceu no Europeu de corta-mato em Medulin, com a corredora do Braga
ao terminar no 16º lugar. Em pista, a estreia deu-se em Viena nos Europeus
indoor, na prova dos 1500 metros. A jovem de 21 anos não conseguiu
acompanhar o ritmo elevado da corrida e ficou-se pelas meias finais.
Até 2007, a carreira internacional como fundista não
lhe ofereceu resultados de nomeada em grandes competições, com a excepção das
medalhas conquistadas nos Campeonatos ibero-americanos. Estreou-se nos Mundiais
ao ar livre no ano de 2005. Contudo, não passou das meias finais novamente.
A prova foi especialmente má para Jéssica Augusto, visto que ficou praticamente
em última na corrida.
Na capital tailandesa Banguecoque, deu-se uma viragem
no percurso desportivo do novo reforço do Maratona CP. Nas Universíadas
apresentou-se em grande nível e vence a prova dos 5000 metros, com o tempo
de 15.28,78. A sua marca bateu mesmo o recorde do mundo universitário, por mais
de 1 segundo. Foi um triunfo que deu motivação à corredora, que ficou em 12º
lugar no Campeonato do Mundo de corta-mato, realizado no mesmo ano. 2007
fechou com o Mundial, realizado em Osaka, no Japão. Jéssica Augusto
decidiu participar nos 5000 metros e qualificou-se com relativa facilidade para
a final. O objectivo para a corrida decisiva era ficar no top-10, mas tal não
foi possível. A prova foi demasiado irregular para a atleta portuguesa, que
ficou no 15º e último lugar, com um tempo de 15.24,93.
Cada vez mais forte em corta-mato, foi sem surpresa
que alcançou a primeira medalha neste estilo de corrida. Foi em 2008, nos Europeus
de Bruxelas. A atleta do Maratona CP colocou-se desde cedo no
segundo lugar, posição que defendeu com sucesso até ao final. Inês Monteiro
garantiu o bronze e a selecção nacional ganhou o ouro por equipas, num dia de
sucesso para o atletismo português.
Meses antes do sucesso no corta-mato, Jéssica Augusto
estreou-se nos Jogos Olímpicos. Em Pequim, optou por correr tanto nos
5000 metros como nos 3000 metros obstáculos. Na prova de obstáculos, estavam
depositadas grandes expectativas em relação à prestação da portuguesa, que
havia sido uma das melhores europeias do ano. No entanto, depois de controlar
praticamente toda a corrida, Jéssica cedeu nos metros finais e terminou em 5º
da sua séria, ficando pelo caminho nas meias finais, a apenas um lugar da
qualificação para a final. Quatro dias mais tarde, na corrida dos 5000 metros,
a fundista acusou a frustração da prova anterior e terminou a um minuto do seu
máximo pessoal, no 14º lugar da sua série.
Depois da desilusão olímpica, Jéssica Augusto
participou nos Europeus indoor no início de 2009, terminando os 3000
metros no 10º lugar. No final do ano, voltou a ser a melhor portuguesa nos Campeonatos
da Europa de corta-mato, realizados em Dublin. Apesar de não ter conseguido
subir ao pódio, a atleta que passou a competir como individual, ficou no
4º lugar, dando o seu contributo para a revalidação do título por equipas.
2010 foi um ano decisivo na sua carreira. Começou com
os Mundiais de pista coberta, realizados em Doha, onde a corredora
portuguesa impôs o ritmo durante toda a prova, mas terminou em 8º lugar, com o
tempo de 9.01,71, dois lugares atrás da colega de selecção, Sara Moreira. As
boas notícias estavam reservadas para o Verão do mesmo ano. No dia 16 de Junho
de 2010, no Meeting de Paris, melhorou o seu recorde pessoal dos 5000
metros para 14.37,07, ficando muito perto do recorde nacional de Fernanda
Ribeiro. Um mês mais tarde, consegue a sua primeira medalha nos Europeus ao
ar livre, em Barcelona. Numa corrida ganha pela etíope naturalizada turca
Elvan Abeylegesse, Jéssica Augusto terminou a sua prova em 31.25,77, apenas 6
centésimos atrás de Inga Abitova, a segunda classificada. Foi a terceira
medalha para a comitiva nacional nos campeonatos, depois da prata de Naide
Gomes, no comprimento e do bronze de João Vieira, nos 20 km marcha. A medalha
passaria a prata, em 2013, depois da desclassificação da turca Elvan Abeylegesse,
tendo o 4º lugar dos 5000 metros também passado a bronze, pelo mesmo motivo. Jéssica
Augusto conseguiu assim ganhar duas medalhas nos mesmos Europeus, apesar
dos seus resultados só terem sido homologados três anos mais tarde.
Em Dezembro, mais uma medalha. Desta vez foi o ouro
que Jéssica Augusto tanto procurava. Nos Europeus de corta-mato
realizados em Albufeira, foi com naturalidade que se sagrou nova Campeã da
Europa, depois da medalha de prata de 2008 e do 4º lugar de 2009. A
corredora bracarense dominou a prova de princípio ao fim, e ganhou um avanço
considerável logo no termo da primeira volta. No final, cortou a meta
desgastada, mas a acenar para a bancada. Foi uma competição de sucesso para
Portugal, que colocou cinco atletas no top 10, com Ana Dulce Félix a garantir a
medalha de bronze, pese embora tenha perdido o 2º lugar nos últimos metros.
Em 2011, a fundista portuguesa de 29 anos estreou-se
numa nova distância, com a disputa da Maratona de Londres, que terminou
num impressionante 8º lugar, e da Maratona de Nova Iorque, em que foi
forçada a desistir por problemas físicos. Na capital inglesa, surpreendeu tudo
e todos, terminando com o tempo de 2.24,33, apenas um minuto mais lenta que o
recorde nacional de Rosa Mota. Jéssica Augusto tornou-se assim no 2º melhor
tempo português de sempre, no escalão feminino. Nos Mundiais de Daegu,
estreou-se também nos 10000 metros em grandes competições internacionais. A
prova correu-lhe bem e acabou em 10º lugar, segunda melhor europeia, apenas
atrás de Ana Dulce Félix.
Em ano de Olimpíadas, a corredora teve mais um
grande momento, em 22 de Abril, quando participou na Maratona de Londres
e repetiu o 8º lugar do ano anterior. Mas a grande conquista da temporada
aconteceria nos Jogos Olímpicos de Londres. A atleta minhota decidiu
apenas participar na maratona, poupando-se ao cansaço escusado de outras
provas. Em 5 de Agosto de 2012, Jéssica Augusto arrancou determinada a
conseguir a melhor classificação possível e manteve sempre o seu ritmo durante
as 2 horas e 25 minutos que demorou até passar a meta. Ela manteve-se imune ao
ritmo das suas oponentes e foi ultrapassando uma a uma na parte final,
suficiente para o 7º lugar. Esta posição valeu-lhe o primeiro diploma olímpico
da sua carreira, um feito assinalável tendo em conta que apenas começou um ano
antes a correr esta distância. Depois de Londres, Jéssica foi eleita a Melhor
Atleta do Ano na Gala Nacional do Desporto.
Em 10 de Julho de 2016, foi feita comendadora
da Ordem do Mérito.
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