Chefe da Reunião Democrática Africana (RDA),
em 1956, empenhou-se numa luta antifrancesa. Foi o primeiro presidente da
República da Guiné após a independência da França em 1958, até 1984.
Em 1961, foi-lhe atribuído o Prémio Lenine da Paz.
Foi um dos sete filhos dos camponeses Alpha e Aminata
Touré. Era bisneto do notável conquistador e guerreiro Samory Touré, que
construiu o império de Uassulu, que abrangeu os territórios em grande parte do
actual Níger, Costa do Marfim e Mali. O bisavô de Sékou com o seu império,
ainda obteve parte da Costa do Ouro (actual Gana) e a Libéria - ambos os territórios
serviram para a obtenção de armas do exército de Uassulu.
Foi um dos organizadores da primeira greve com êxito
(76 dias) nas colónias francesas do oeste africano. Em 1945, foi eleito
secretário-geral da União de Trabalhadores das Telecomunicações e ajudou
a fundar a Federação de Uniões de Trabalhadores da Guiné, que fez parte
da Federação Mundial de Sindicatos da qual chegaria a ser
vice-presidente.
Passou da militância sindical à política em 1946,
quando Félix Houphouët-Boigny da Costa do Marfim formou o Reagrupamento
Democrático Africano. Em 1951, foi eleito para la Assembleia Nacional
Francesa, mas não lhe permitiram tomar o seu assento. Reeleito em 1954, foi
excluído pela segunda vez. Depois de ser eleito presidente da Câmara de
Conakry por ampla maioria em 1955, permitiram-lhe finalmente aceder ao seu
assento parlamentar na Assembleia Nacional Francesa.
Em finais de 1957, era vice-presidente do Conselho
Executivo da Guiné. Quando o presidente francês Charles de Gaulle propôs em
1958 o referendo nas colónias para criar una comunidade federal ou a
independência de cada território, Touré fez campanha pela independência. Em 2
de Outubro de 1958, a Guiné declarou-se independente. O governo francês reagiu
retirando do pais todos os profissionais de nacionalidade francesa e retirando
do pais todo o material público de transporte.
Maurice Robert, chefe do sector africano do Serviço
de Documentação Externa e Contra-Inteligência (SDECE) de 1958
a 1968, explica que: «Tivemos de desestabilizar Sékou Touré, torná-lo
vulnerável, impopular e facilitar a tomada de controlo pela oposição. Uma
operação desta envergadura envolve várias fases: a recolha e análise de
informação, a elaboração de um plano de acção baseado nesta informação, o
estudo e implementação de meios logísticos e a adopção de medidas de execução
do plano. Com a ajuda dos refugiados guineenses exilados no Senegal,
organizámos também maquis da oposição em Fouta-Djalon. A supervisão foi
assegurada por peritos franceses em operações clandestinas. Armámos e treinámos
estes opositores guineenses para desenvolver um clima de insegurança na Guiné
e, se possível, para derrubar Sékou Touré. Entre essas acções
desestabilizadoras, posso citar a operação Persil, por exemplo, que
consistiu em introduzir no país uma grande quantidade de notas falsificadas
guineenses para desequilibrar a economia».
Ameaçado pelo desastre da economia, Touré procurou
apoios no bloco comunista e nas nações ocidentais. Em 1961, incorporou a Guiné
no bloco dos não-alinhados.
No ano de 1968, Touré foi vítima de uma tentativa de
assassinato: o atacante foi linchado no local. Já havia alguns anos, desde a
independência da Guiné em Outubro de 1958, conspirações contra o novo governo
vieram a ocorrer. Em 1960, um grupo de franceses foi expulso da Guiné acusado
de tentar liderar uma tentativa de golpe de Estado.
Foi ainda no início da década de 1960, que um
grupo de professores foi culpado de iniciarem uma revolta que ia contra a
ditadura do governo guineense de Sékou, supostamente foram os soviéticos os
responsáveis por influenciar tal insurreição. As relações com os soviéticos só
voltaram a melhorar em 1962 com a visita de Mikoyan a Conacri. Diante desses factos,
realmente o que é descrito por muitos cientistas políticos e historiadores não
é nada mais do que o ocorrido. Nos anos subsequentes aos acontecimentos, o
governo realizou varreduras e demitiu muitos dos seus próprios
funcionários, aqueles que foram elementos anticolonialistas aliados na era da
ocupação francesa, foram notados por Touré a conspirar. O caso de Fodéba Keita,
um cidadão cultural famoso, também fora do contexto político por inventar a
companhia de ballet Keita Fodéba, acabou sendo afastado em 1969 e
condenado à morte, mais tarde a sua pena foi reduzida para prisão perpétua. Os
acontecimentos seguintes pesaram de forma decisiva para o modo rígido de
governo. Portugal invadiu a costa guineense em 22 de Novembro de 1970 na
chamada Operação Mar Verde; Touré condenou à morte 58 cúmplices da
invasão, mas somente 4 acusados foram executados um ano depois (1971).
Uma razão possível para tantas aversões e conspirações
contra a ditadura - era a incapacidade do governo de integrar a sociedade, a
demora para a execução de projectos foi vista como um fruto de corrupção
notavelmente percebido por todo o povo guineense e por todo o conselho
governamental (alguns desses internos da base).
Após uma abertura de inquérito em Setembro de 1971, o
governo anunciou que uma nova invasão estava sendo planeada - mais uma vez,
Sékou mandou uma centena de guineenses para a prisão, foram submetidos a
julgamento 11 membros do seu governo. No ano de 1972, procurou estabelecer boas
relações com os países africanos, pois desde a independência da Guiné em
Setembro de 1958, a nação estava isolada do cenário Africano. Um ano depois, em
1973, Sékou acusou o Senegal e a Costa do Marfim de planearem uma invasão
territorial na Guiné. Em diversos momentos desde a soberania da Guiné,
elementos de dentro do governo e fiéis para com a pátria, foram submetidas a julgamento
- relações mais liberais passaram a quase nem existir por parte dessa gestão.
Em 1975, a Guiné aderiu a Convenção de Lomé e à
Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental. Ainda nesse ano,
Sékou proibiu o comércio privado na Guiné - o que causou durante dois anos
(1975/1977) a insatisfação popular e, em meio a toda a desaprovação do povo, as
medidas voltaram dentro do tempo citado. Em 1976, um facto até nos dias actuais
recordado veio a ocorrer. Sékou Touré demitiu o seu membro de governo Diallo
Telli; de forma quase compensatória demitiu também todos os membros da sua
tribo, a dos fulas. O conselho de direitos humanos da ONU denunciou em
1977/1978 o governo por violação dos direitos humanos, todas as acusações foram
negadas - o resultado: a ditadura libertou da prisão mais de 1 000 prisioneiros
e foi autorizado a volta de exilados ao país.
Em 1979, ocorreram factos consideráveis na gestão do
governo. Em Junho, a Guiné recebeu a visita do primeiro presidente francês
desde a independência da nação em 1958, Giscard d’Estaing visitou Conacri. O
arcebispo de Conacri, Raymond-Marie Tchidimbo, foi solto depois de 8 anos em
cárcere (1971/1979), o religioso foi acusado de tramar uma conspiração contra o
governo na época, logo após a invasão portuguesa. Em Agosto de 1979, viajou
para os Estados Unidos em tentativa de melhorar as relações com o bloco ocidental.
Ainda em 1979, esteve presente numa chamada cúpula de reaproximação com os
presidentes do Senegal e da Costa do Marfim - foi um meio de reconciliação para
com a parte abalada pelo desgaste (acusação, conspiração) anterior.
Em Maio de 1980 e em Fevereiro de 1981, Touré sofreu
atentados, mas acabou escapando com vida e íntegro de ambos.
Com todas as tentativas de derrubamento da ditadura,
Sékou realizou um verdadeiro “'limpa!”' no governo e no exército guineense -
eram acusadas pessoas da base governista e de toda a estrutura nacional,
perseguições e prisões foram mantidas sob segredo durante o período de governo
ditatorial do mandinga.
Ainda sob a sua gestão, em 1982, foi inaugurada a Grande
Mesquita de Conacri - a maior da África Subsariana e a quarta maior da
África. O rei Fahd da Arábia Saudita contribuiu com uma fatia considerável no
orçamento. Os corpos de Samory Touré, Alfa Yaya e do próprio Ahmed Sékou Touré
estão sepultados dentro da mesquita de Conacri.
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