quarta-feira, 3 de abril de 2024

3 DE ABRIL - MISTINGUETT

EFEMÉRIDEMistinguett, de seu verdadeiro nome Jeanne Bourgeois, cantora e actriz francesa, nasceu em Enghien-les-Bains, Val-d’Oise, Île-de-France, no dia 3 de Abril de 1875. Morreu em Bougival, em 5 de Janeiro de 1956.

Começou como florista num restaurante, na sua cidade natal, cantando cançonetas populares enquanto vendia as flores.

O seu grande sonho era brilhar em grandes palcos. Sabendo não ter um talento aguçado, fez os pais investirem em aulas de dança e de canto.

Posteriormente, alterou a sua profissão, a sua voz e o seu nome artístico, tendo utilizado sucessivamente “Miss Helyett”, “Miss Tinguette” e “Mistinguette”.

Estreou-se no Cassino de Paris, em 1895, aparecendo também em espectáculos no Folies Bergère, no Moulin Rouge e no Eldorado.

A sensualidade das suas apresentações cativou Paris, tornando-a a mais popular vedete de sua época e a mais bem paga do mundo. Em 1919, as suas pernas foram cobertas por uma apólice de seguros, pela importância segurada de 500 000 francos, milionária na época.

Nos anos 1920, encenou operetas de sucesso: « Paris qui danse », «Paris qui jazz», «En douce », « Ça, c’est Paris » e « Oui, je suis de Paris».

A maioria das suas músicas usava como acompanhamento musical a corneta, característica da sua época. As suas músicas são marcadas pela sensualidade e alegria nas letras. Tinha também um talento enorme para escolher as canções pela popularidade das mesmas. Por isso, Mistinguett também é conhecida como um símbolo dos anos loucos - os loucos anos 1920.

Mesmo sendo um símbolo dos anos 1920, Mistinguett teve uma carreira muito longa. Conhecida desde o fim do século XIX, não deixou de trabalhar até à sua morte, nos anos 1950.

Também lançou muito da moda. Bem antes de Coco Chanel, Mistinguett já usava os seus cabelos curtos e cruzava elegantemente as pernas, além de fumar muito, hábito que, antes dela, era restrito apenas aos homens. Foi um símbolo de ousadia e de vanguarda, isso quando o século XX ainda nem despontara completamente.

Após 1933, a sua carreira começou a entrar em lentíssimo declínio. Mesmo assim, nunca parou de trabalhar. Numa época sem cirurgias plásticas e cosméticos avançados, chamou a atenção a jovialidade que ela demonstrava mesmo após ter passado dos 60 anos. Aparentava ter 20 anos a menos, tanto que no filme “Rigolboche”, de 1936, quando ela tinha 61 anos, fazia o papel de uma cantora que mostrava as suas belas pernas e era mãe de um garoto de 6 anos. Era apelidada de “indestrutível”.

Trabalhou nos primeiros filmes da indústria cinematográfica francesa, época em que os filmes ainda eram mudos. No cinema falado, trabalhou em “Rigolboche”, em 1936, e em “Carrocelo del varietà”, de 1955, um ano antes de morrer. No entanto, não gostava de actuar em filmes, dizendo que não tinha a mínima graça trabalhar olhando para uma máquina de olho de vidro, conforme ela própria dizia.

Mistinguett foi sobretudo uma artista que precisava de contacto directo com o público. Isso explica o seu sucesso: mesmo sem ter voz potente e sem dançar com desenvoltura, hipnotizava plateias.

Manteve um longo relacionamento com o jovem Maurice Chevalier, treze anos mais novo que ela, muito embora tenha mantido outros tórridos envolvimentos amorosos, que se tornaram lendários no seu tempo, como o caso com um marajá indiano e o filho da Rainha Vitória, da Inglaterra.

No início do século XX, teve um romance com o engenheiro e diplomata Leopoldo José de Lima e Silva, de rica família do Rio e cônsul do Brasil em Paris, com quem teve um filho, nascido em 1901.

Em 1923, esteve no Brasil na inauguração do hotel Copacabana Palace, no Rio de Janeiro. A sua presença foi muito alardeada, mas mesmo assim Mistinguett, famosa por ter as mais belas pernas do mundo, foi proibida de exibi-las.

Gravou discos relativamente tarde, em 1920, quando tinha 45 anos. O seu primeiro sucesso em discos foi “Mon Homme”, com letra de Albert Willemetz, autor de numerosas canções e revistas teatrais para o Folies Bergères, então nos Estados Unidos da América. A canção foi popularizada sob o seu título em inglês, “My Man”, na voz de Fanny Brice, integrando o repertório de numerosos cantores populares e de jazz. A própria Mistinguett regravou-a algumas vezes. A versão mais conhecida é de 1938, e a última foi gravada em 1949.

Outra canção estreada por ela foi a inesquecível “Ça c’est Paris”, gravada em 1926 e 1927, em duas versões muito parecidas. A música foi regravada em numerosas versões e é conhecida até hoje.

O repertório de Mistinguett gira em torno de 150 títulos, gravados entre 1920 e 1942. Mas existem registos de gravações realizadas em 1949, entre as quais a última versão de “Mon Homme” e de “C’est vrai”.

Entre os títulos mais célebres do seu repertório destaca-se a já citada “Ça c’est Paris”, “C’est Vrai” (que aparentemente foi resposta a críticas feitas a Mistinguett, como o facto de exibir as suas pernas, gastar muito e se cuidar), “Oui, je suis de Paris” (cantada no filme “Rigolboche”, de 1936), “Je cherche un millionaire”, “Je vous ai reconnu”, “Un petit boy c’est gentil”, “Si tu vas sur le port” e “Nuits de Paris”, além de muitas outras.

Durante uma das muitas tournées nos Estados Unidos, foi-lhe pedido por um repórter do “Time Magazine” que explicasse a sua popularidade. Ela simplesmente respondeu: «É um tipo de magnetismo. Eu digo ‘chegue mais perto’ e trago-os a mim».

Foi contemporânea da vedete americana naturalizada francesa, Josephine Baker.

No início dos anos 1950, trabalhou na célebre peça “Paris s’emmuse”, em cartaz durante vários meses. Foi a sua última revista.

Em 1954, publicou as suas memórias, sob o título “Toute ma vie” (“Toda a minha vida”), que foi um grande best-seller.

Faleceu aos 80 anos de idade, estando sepultada no cemitério de Enghien-les-Bains, na Île-de-France, em França.

Quando morreu, foi destaque em todos os jornais de Paris. Diziam que ela, apesar dos seus 80 anos, ainda tinha as mais belas pernas do mundo. E a escritora Colette dizia que Mistinguett não era apenas uma artista do Music-Hall, mas um «património nacional».

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