segunda-feira, 5 de março de 2007

EFEMÉRIDE - António Gonçalves da Silva, mais conhecido por Patativa do Assaré, poeta popular, compositor, cantor e repentista brasileiro, nasceu em Serra de Santana, Assaré, no sul do Ceará, em 5 de Março de 1909. Morreu na sua terra natal, em 8 de Julho de 2002, vítima de pneumonia dupla. Tinha 93 anos.
Cego do olho direito desde os 4 anos de idade, António alfabetizou-se aos doze, frequentando a escola durante apenas quatro meses e começando desde logo a fazer versos. Trocando uma ovelha do pai por uma viola, iniciou-se como cantador e tocador aos 16 anos. Três anos depois, começou a utilizar o pseudónimo de Patativa, como eram conhecidos aqueles que viviam cantando os próprios versos. Patativa é o nome de uma ave que canta maravilhosamente.
Em 1926, viu um poema seu publicado no Correio do Ceará. Com o passar dos anos, foi-se tornando bastante conhecido mas, só em 1956, publicou o seu primeiro livro "Inspiração Nordestina". Publicou depois outras colectâneas, além de diversos folhetos de cordel. Celebrizou-se em todo o Brasil, em 1964, quando Luiz Gonzaga, o Rei do Baião, gravou uma canção de sua autoria (Triste Partida). Gravou depois, ele mesmo, o disco "Poemas e Canções", em 1979, no mesmo ano em que Rosemberg Cariry produziu o filme "Patativa do Assaré". Depois disso, foram feitos outros filmes, documentários e peças de teatro sobre a sua vida. Na década de 1990, publicou mais alguns livros. Parte da sua obra foi traduzida em diversos idiomas e tornou-se tema de estudo na universidade francesa da Sorbonne. A sua obra abordou sobretudo os valores e os ideais dos camponeses cearenses, com temas sobre a reforma agrária e o quotidiano dos sertanejos. Falou também da beleza e dos contrastes nordestinos. A política serviu-lhe igualmente de mote, tendo sido perseguido por isso pelos militares.
Recebeu inúmeros prémios e distinções, de que se destacam os seus doutoramentos Honoris Causa em, pelo menos, três universidades. Era capaz de fazer sonetos clássicos e, ao mesmo tempo, poesia estritamente popular, guardando tudo na memória.
Quase surdo e cego desde 1999, o grande poeta (que tinha apenas um metro e meio de altura), “disfarçando” as suas incapacidades, costumava dizer, nos últimos anos de vida, que «não escrevia, porque já tinha dito tudo, nada mais tendo para dizer».

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