EFEMÉRIDE – António Nunes Ribeiro Sanches, médico português e grande intelectual, considerado por muitos como um verdadeiro enciclopedista (médico, filósofo, pedagogo, historiador, etc.), nasceu em Penamacor no dia 7 de Março de 1699. Morreu em Paris, em 14 de Outubro de 1783.
Por influência de um tio, que era jurisconsulto, partiu ainda jovem para estudar Direito na Universidade de Coimbra, onde se inscreveu em 1716. De débil constituição física, mas com viva inteligência e espírito observador, Ribeiro Sanches era um leitor incansável, sendo fortemente influenciado pelos Aforismos de Hipócrates. Insatisfeito com os estudos em Coimbra, transferiu-se para a Universidade de Salamanca, onde viria a receber o título de Doutor em Medicina no ano de 1724.
Era judeu e temia a Inquisição: «Quando eu nasci, já a fogueira da Inquisição fazia arder corpos e almas». Depois de exercer as suas actividades em Benavente, Guarda e Amarante, Ribeiro Sanches foi denunciado por um primo à Inquisição, pela prática do judaísmo. Conseguiu escapar ao cárcere, exilando-se para o resto da vida. Após passagem por Génova, Montpellier, Bordéus e Londres, onde exerceu medicina, fixou-se em Leiden, na Holanda, onde estudou com o célebre médico Hermann Boerhaave (1668/1738), considerado o maior professor de medicina do seu tempo e a quem se dirigiam muitos estudantes e doentes de toda a Europa.
Com recomendação de Boerhaave, partiu para a Rússia em 1731, onde exerceu funções de médico militar com assinalável êxito. Nomeado clínico do Corpo Imperial dos Cadetes de São Petersburgo, a sua fama tornou-o médico da czarina Ana Ivanovna. Em 1739, foi nomeado membro da Academia de Ciências de São Petersburgo e, no mesmo ano, recebeu igual distinção da Academia de Ciências de Paris. Após mais de 15 anos de permanência na Rússia, durante os quais se tornou conselheiro de Estado, partiu em 1747 para Paris, fugindo às intrigas da corte czarista. Foi recebido por Frederico “o Grande” da Prússia e passou a receber uma pensão de Catarina II da Rússia, que lhe foi paga até ao fim da vida.
Terminou os seus dias na capital francesa, onde colaborou com os maiores intelectuais da época, exercendo medicina e dedicando-se aos estudos e à escrita. Escreveu largas dezenas de manuscritos, dos quais apenas nove foram publicados em vida, a maioria continuando ainda em arquivos. Na medicina, distinguiu-se na venereologia, sendo por isso também chamado o “médico dos males de amor”. Sobre este assunto, escreveu para a “Enciclopédia”, a pedido de D'Alembert e Diderot. O seu nome está na primeira fila dos grandes mestres do pensamento europeu da época. O Marquês de Pombal aproveitou muito do seu saber para implementar a sua acção cultural e científica, na tarefa de modernizar Portugal.
Durante toda a sua longa vida, manteve uma normal relação epistolar com diversas personalidades eminentes da sociedade intelectual europeia, além de promover vínculos a instituições importantes da cultura internacional, como a de ser correspondente da Academia Internacional de Paris, membro da Sociedade Real de Londres e membro da Academia de São Petersburgo. A imperatriz Catarina “a Grande” deu-lhe também um brasão de armas, com a divisa “Acredito ter nascido para ser útil, não a mim próprio, mas ao Mundo inteiro”.
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