segunda-feira, 31 de outubro de 2016

31 DE OUTUBRO - D. LUÍS I DE PORTUGAL

EFEMÉRIDED. Luís I, cognominado “o Popular”, rei de Portugal de 1861 até à sua morte, nasceu em Lisboa no dia 31 de Outubro de 1838. Morreu em Cascais, em 19 de Outubro de 1889. Era o segundo filho da rainha D. Maria II e do seu marido o rei D. Fernando II, tendo ascendido ao trono após a morte prematura do seu irmão mais velho o rei D.Pedro V.
Embora a condição de segundo filho não fizesse prever que ele ascenderia ao trono português, a sua educação foi esmerada e compartilhada em grande parte com o irmão mais velho, o Príncipe Real D. Pedro.
D. Pedro e D. Luís dividiam o tempo entre os palácios de Mafra, de Sintra e de Vila Viçosa, para além de estadias esporádicas no palácio de Belém.
D. Luís enveredou pela carreira naval, tendo sido nomeado praça da Companhia dos Guardas Marinhas e reconhecido em cerimónia no Arsenal da Marinha em Outubro de 1846, contando apenas 8 anos de idade. Viria a ser sucessivamente promovido a segundo-tenente (1851), capitão-tenente (1854), capitão-de-fragata (1858) e capitão-de-mar-e-guerra (1859).
Teve o primeiro comando naval em Setembro de 1857, no brigue “Pedro Nunes”, no qual efectuou um cruzeiro na costa de Portugal e uma viagem a Gibraltar. Foi nomeado depois, pelo irmão D. Pedro V, comandante da corveta “Bartolomeu Dias”, em Junho de 1858. Ao comando da “Bartolomeu Dias”, veio a cumprir nove missões de serviço entre os anos de 1858 e 1860.
D. Luís herdou a coroa em Novembro de 1861, sucedendo ao irmão D. Pedro V, por este não ter deixado descendência. Foi aclamado rei em Dezembro do mesmo ano. Em Setembro do ano seguinte, casou-se – por procuração – com D. Maria Pia de Sabóia, filha do rei Vitor Emanuel II de Itália.
De grande sensibilidade artística, pintava, compunha e tocava violoncelo e piano. Poliglota, falava correctamente diversas línguas europeias. Fez traduções de obras de William Shakespeare.
Durante o seu reinado, em consequência da criação do imposto geral de consumo, que a opinião pública recebeu mal, houve um motim a que se chamou a Janeirinha (em finais de 1867). Em Maio de 1870, verificou-se também uma revolta militar, promovida pelo marechal duque de Saldanha, que pretendia a demissão do governo. À revolta, respondeu o monarca com a demissão do ministério de Saldanha, chamando ao poder Sá da Bandeira.
Em Setembro de 1871, subiu ao poder Fontes Pereira de Melo, que organizou um gabinete regenerador, o qual se conservou até 1877. Seguiu-se o duque de Ávila, que não se aguentou durante muito tempo por lhe faltar maioria. Assim, e depois de um conflito parlamentar ocorrido em 1878, Fontes foi chamado outra vez para constituir gabinete. Consequentemente, os progressistas atacaram o rei, acusando-o de patrocinar escandalosamente os regeneradores. Este episódio constituiu um incentivo ao desenvolvimento do republicanismo. Em 1879, D. Luís chamou então os progressistas para formarem governo.
No seu tempo, surgiu também a Questão Coimbrã (1865/66) e ocorreu a iniciativa das Conferências do Casino (1871), a que andavam ligados os nomes de Antero de Quental e Eça de Queiroz, os expoentes de uma geração que se notabilizou na vida intelectual portuguesa.
De temperamento calmo e conciliador, D. Luís foi um modelo de monarca constitucional, respeitador escrupuloso das liberdades públicas. Do seu reinado merecem especial destaque o início das obras dos portos de Lisboa e de Leixões, o alargamento da rede de estradas e dos caminhos-de-ferro, a construção do Palácio de Cristal, no Porto, a abolição da pena de morte para os crimes civis, a abolição da escravatura no reino de Portugal e a publicação do primeiro Código Civil.
Em 1884, efectuou-se a Conferência de Berlim, de que resultou o chamado Mapa Cor-de-Rosa, que definia a partilha de África entre as grandes potências coloniais: Alemanha, Bélgica, França, Inglaterra e Portugal.
Fértil em acontecimentos, foi no seu reinado que foram fundados alguns dos partidos políticos portugueses: o Partido Reformista (1865), que ascendeu ao poder em 1868, o Partido Socialista Português (1875), com o nome de Partido Operário Socialista, e o Partido Progressista (1876), que chegou ao poder em 1879. Em 1883, realizou-se o Congresso da Comissão Organizadora do Partido Republicano. No final do seu reinado, o Partido Republicano apresentava-se já como uma força política perfeitamente estruturada.
D. Luís era também um homem das ciências, com uma paixão pela oceanografia. Investiu grande parte da sua fortuna no financiamento de projectos científicos e de barcos de pesquisa oceanográfica, que viajaram pelos oceanos em busca de espécimes marinhos.
Seguindo os passos da mãe – Maria II – mandou construir e fundar associações culturais. Em Junho de 1871, esteve no Seixal (uma vila fundada pela sua mãe), para testemunhar a fundação da Sociedade Filarmónica União Seixalense.
Faleceu subitamente no seu palácio de verão na cidadela de Cascais. Sucedeu-lhe o seu filho Carlos, sob o nome de D. Carlos I de Portugal. Os seus restos mortais jazem no Panteão Real da Dinastia de Bragança, no Mosteiro de São Vicente de Fora, em Lisboa.
Foi durante o seu reinado que foi fundado o primeiro banco público português, a Caixa Geral de Depósitos, e que foram inauguradas as pontes Maria Pia e D. Luís, ambas no Porto.

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