terça-feira, 26 de fevereiro de 2019

26 DE FEVEREIRO - JOSÉ MAURO DE VASCONCELOS


EFEMÉRIDE - José Mauro de Vasconcelos, actor e escritor brasileiro, nasceu no Rio de Janeiro em 26 de Fevereiro de 1920. Morreu em São Paulo no dia 24 de Julho de 1984.
José Mauro tinha por origem uma família nordestina, que migrara para São Paulo. Os pais (um português e uma índia) tinham tão poucos recursos que ele, ainda criança, teve de se mudar par o Nordeste, onde foi criado por uns tios, em Natal.
Matriculado na Faculdade de Medicina, abandonou o curso no 2º ano, regressando ao Rio de Janeiro. Trabalhou como carregador de bananas numa fazenda do litoral do estado e foi instrutor de boxe. Em São Paulo, foi garçon de boîte.
Obteve uma bolsa de estudos de uma universidade espanhola, mas não suportou a vida académica. Deixou os estudos, preferindo viajar pela Europa.
Quando se tornou adulto, lançou o seu primeiro livro, o romance “Banana Atrevida” (1942), onde reflectiu sobre o mundo dos homens do garimpo. Mas a obra não alcançou bons resultados na época, apesar de algumas críticas favoráveis.  Rosinha, Minha Canoa”, de 1962, foi o seu primeiro sucesso. No livro “Meu Pé de Laranja Lima”, de 1968, o seu maior êxito editorial, serviu-se da sua experiência pessoal para retratar o choque sofrido na infância com as bruscas mudanças de vida. Foi escrito em apenas 45 dias.
Aos nove anos de idade, aprendera a nadar e relembrava com prazer os   dias de contentamento, quando se atirava às águas do Potengi, quase na boca do mar, a fim de treinar para as provas de grande distância. Com frequência, ia mar adentro, protegido por uma canoa, porque a barra de Natal estava sempre infestada de tubarões. Ganhou vários campeonatos de natação e, como qualquer criança, gostava de futebol e de trepar às árvores.  
Mas o desporto não constituía a sua única preocupação. Depois da instrução primário, aos 10 anos de idade, passou para curso secundário. Nessa época, já gostava dos romances de Graciliano Ramos e de José Lins do Rego.
Chegou a exercer o “cargo” de professor primário num núcleo de pescadores. Dotado de prodigiosa capacidade inata de contar histórias, com uma fabulosa memória e cheio de imaginação e grande experiência humana, José Mauro não quis ser escritor, mas foi obrigado a sê-lo. Os seus romances, como lavas de um vulcão, foram lançados para fora, porque ele transbordava de emoções. Ele tinha de escrever e de contar coisas.
Autor de belos romances, tinha um método originalíssimo. De início, escolhia os cenários onde se movimentariam os personagens. Transportava-se então para o local, onde realizava estudos minuciosos. Para escrever “Arara vermelha”, percorreu cerca de 450 léguas no sertão.
Em seguida, dava asas à sua fantasia e construía todo o romance. Tinha uma memória prodigiosa que, durante longo tempo, lhe permitia lembrar-se dos mínimos detalhes do cenário estudado. Dizia ele: «Quando a história está inteiramente concebida na imaginação, é que começo a escrever. Só trabalho quando tenho a impressão de que o romance está saindo por todos os poros do corpo. Então vai tudo a jacto».
Escrevia os livros em poucos dias. Mas em compensação, passava anos a ruminar ideias. Escrevia tudo a máquina. Fazia um capítulo inteiro e só depois é que releio o que tinha escrito. Escrevia a qualquer hora, de dia ou de noite.
José Mauri trabalhou também em diversos filmes de cinema e de televisão. “Modelo 19”, valeu-lhe o Prémio Saci de Melhor Actor Coadjuvante. Escreveu o guião de “Canto do Mar”. Com “Na Garganta do Diabo”, obteve o Prémio Governador do Estado como Melhor Actor. Com “A Ilha”, ganhou o Prémio de Melhor Actor, outorgado pela Prefeitura. Culminou em beleza, com “Mulheres & Milhões”, sendo laureado com o Saci de Melhor Actor do Ano.
Dos seus livros, “Meu Pé de Laranja Lima”, “Vazante”, “Rua Descalça” e “Arara Vermelha” foram feitos filmes.
José Mauro morreu de broncopneumonia, aos 64 anos de idade.

Sem comentários:

Arquivo do blogue

Acerca de mim

A minha foto
- Lisboa, Portugal
Aposentado da Aviação Comercial, gosto de escrever nas horas livres que - agora - são muitas mais...