Noémia nasceu em Angola e era
filha de Luís Delgado e de Judite da Conceição de Freitas. Com um ano de idade,
foi com a família para Moçambique, tendo estudado na cidade de Lourenço Marques,
no Instituto Portugal.
Ainda como estudante, integrou o
núcleo de artes plásticas, que ficou conhecido como Novos de Moçambique.
Entre eles, estavam o realizador Ruy Guerra, José Gil e Rui Knopfli.
Depois de terminar a escola,
trabalhou na Câmara Municipal, no gabinete do arquitecto Nuno Craveiro
Lopes, que a convenceu a estudar Belas Artes em Lisboa. Assim, em 1955,
veio para Portugal e frequentou o curso de Escultura da Escola
Superior de Belas Artes de Lisboa. Neste período, conviveu com os alunos do
curso de Arquitectura, nomeadamente com Zé Almada Negreiros e Pitum.
Em Julho de 1956, foi estudar
para França, na Escola Superior de Belas Artes de Paris, mas a falta de
dinheiro faz com que regressasse a Portugal. Durante a sua primeira passagem
por Paris, Noémia conheceu e conviveu com Mário Pinto de Andrade e com o
escritor Castro Soromenho, que será seu padrinho de casamento.
Ao regressar a Portugal, retoma o
curso de Escultura e, em Dezembro de 1957, casou com Alexandre O’Neill,
com quem teve um filho, o futuro fotógrafo Alexandre Delgado O’Neill de
Bulhões. Este viria a morar e estudar em
Boston, e a morrer em Lisboa, em 1993. Alexandre O’Neill e Noémia divorciaram-se.
O seu percurso no cinema iniciou-se
em 1963, altura em que foi trabalhar em montagem, na produtora de
António Cunha Teles. Em 1965, começa a trabalhar como realizadora. Neste ano,
concorre ao subsídio do SNI (Secretaria Nacional de Informação),
para poder frequentar a London School of Film Technique, onde tinha sido
aceite. Viu o SNI anular o concurso por motivos políticos. Noémia tinha
estado presa, entre Maio e Junho de 1962, na prisão de Caxias.
Trabalhava na montagem do filme “O
Passado e o Presente” de Manuel de Oliveira, quando consegue uma bolsa da Fundação
Calouste Gulbenkian e foi estagiar, como assistente de realização de Jean
Rouch, assim regressando a França (1971).
Em 1975, realiza o seu primeiro
filme etnográfico “Máscaras”, financiado pelo Instituto Português de
Cinema, nele cruzando a linguagem da ficção com a do documentário e filme
etnográfico. Este filme acabou por ter um efeito imprevisto, que foi a
revitalização das tradições associadas às festas de Inverno de Trás-os-Montes.
No ano seguinte, 1976, foi
trabalhar para Roma, no filme “Torre Bela” sobre Portugal, do realizador
Thomas Harlan. Dois anos depois, voltou para Portugal e foi convidada a fazer 4
documentários para a série documental “Palavras Herdadas” do produtor
João Martins, sobre escritores portugueses.
A par da escrita de guiões, elaborou
projectos para a televisão e, no início dos anos 1980, conseguiu - com o
apoio do então director da Cinemateca Portuguesa, Luís Pina - realizar a
série “Contos Fantásticos”.
Em 1982, assumiu a relação que tinha
com o arquitecto Teixeira Lopes, passando a viver em união de facto.
“Jacarandá no coração” é o
título do livro de poemas que publicou em 1986. Em 1999, edita e publica um
livro, onde reúne as fotografias e os catálogos das exposições realizadas pelo
seu filho.
Realizou o seu último filme em
1988: “Quem Foste, Alvarez?” é o nome de um documentário que Fernando
Lopes a convidou a fazer, para uma série sobre pintores portugueses, a
transmitir na RTP.
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