segunda-feira, 7 de junho de 2021

7 DE JUNHO - NOÉMIA DELGADO

EFEMÉRIDE - Noémia de Freitas Delgado, realizadora portuguesa da época do Novo Cinema, nasceu em São Pedro da Chibia no dia 7 de Junho de 1933. Morreu em Lisboa, em 2 de Março de 2016. Usava técnicas do cinema directo, praticante da antropologia visual, tanto em obras de ficção como no documentário.

Noémia nasceu em Angola e era filha de Luís Delgado e de Judite da Conceição de Freitas. Com um ano de idade, foi com a família para Moçambique, tendo estudado na cidade de Lourenço Marques, no Instituto Portugal.

Ainda como estudante, integrou o núcleo de artes plásticas, que ficou conhecido como Novos de Moçambique. Entre eles, estavam o realizador Ruy Guerra, José Gil e Rui Knopfli.

Depois de terminar a escola, trabalhou na Câmara Municipal, no gabinete do arquitecto Nuno Craveiro Lopes, que a convenceu a estudar Belas Artes em Lisboa. Assim, em 1955, veio para Portugal e frequentou o curso de Escultura da Escola Superior de Belas Artes de Lisboa. Neste período, conviveu com os alunos do curso de Arquitectura, nomeadamente com Zé Almada Negreiros e Pitum.

Em Julho de 1956, foi estudar para França, na Escola Superior de Belas Artes de Paris, mas a falta de dinheiro faz com que regressasse a Portugal. Durante a sua primeira passagem por Paris, Noémia conheceu e conviveu com Mário Pinto de Andrade e com o escritor Castro Soromenho, que será seu padrinho de casamento.

Ao regressar a Portugal, retoma o curso de Escultura e, em Dezembro de 1957, casou com Alexandre O’Neill, com quem teve um filho, o futuro fotógrafo Alexandre Delgado O’Neill de Bulhões.  Este viria a morar e estudar em Boston, e a morrer em Lisboa, em 1993. Alexandre O’Neill e Noémia divorciaram-se.

O seu percurso no cinema iniciou-se em 1963, altura em que foi trabalhar em montagem, na produtora de António Cunha Teles. Em 1965, começa a trabalhar como realizadora. Neste ano, concorre ao subsídio do SNI (Secretaria Nacional de Informação), para poder frequentar a London School of Film Technique, onde tinha sido aceite. Viu o SNI anular o concurso por motivos políticos. Noémia tinha estado presa, entre Maio e Junho de 1962, na prisão de Caxias.

Trabalhava na montagem do filme “O Passado e o Presente” de Manuel de Oliveira, quando consegue uma bolsa da Fundação Calouste Gulbenkian e foi estagiar, como assistente de realização de Jean Rouch, assim regressando a França (1971).

Em 1975, realiza o seu primeiro filme etnográfico “Máscaras”, financiado pelo Instituto Português de Cinema, nele cruzando a linguagem da ficção com a do documentário e filme etnográfico. Este filme acabou por ter um efeito imprevisto, que foi a revitalização das tradições associadas às festas de Inverno de Trás-os-Montes.

No ano seguinte, 1976, foi trabalhar para Roma, no filme “Torre Bela” sobre Portugal, do realizador Thomas Harlan. Dois anos depois, voltou para Portugal e foi convidada a fazer 4 documentários para a série documental “Palavras Herdadas” do produtor João Martins, sobre escritores portugueses.

A par da escrita de guiões, elaborou projectos para a televisão e, no início dos anos 1980, conseguiu - com o apoio do então director da Cinemateca Portuguesa, Luís Pina - realizar a série “Contos Fantásticos”.

Em 1982, assumiu a relação que tinha com o arquitecto Teixeira Lopes, passando a viver em união de facto.

Jacarandá no coração” é o título do livro de poemas que publicou em 1986. Em 1999, edita e publica um livro, onde reúne as fotografias e os catálogos das exposições realizadas pelo seu filho.

Realizou o seu último filme em 1988: “Quem Foste, Alvarez?” é o nome de um documentário que Fernando Lopes a convidou a fazer, para uma série sobre pintores portugueses, a transmitir na RTP.

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