EFEMÉRIDE – Jaroslav Hašek, romancista, humorista e jornalista de origem checa, tornado célebre pela sua obra-prima satírica “O Valente Soldado Chvéïk”, morreu em Lipnice nad Sázavou no dia 3 de Janeiro de 1923. Nascera em Praga, em 30 de Abril de 1883.
Hašek representa, juntamente com Franz Kafka, a renovação literária checa no começo do século XX.
Por razões de ordem económica, a sua família teve de mudar de residência uma dezena de vezes e, assim, Jaroslav nunca teve praticamente um lar fixo, daí a ausência de raízes o que influenciou a sua vida errante de maneira decisiva. Aos treze anos ficou órfão do pai, que morreu vítima de estados depressivos e excessos de álcool.
Em breve Jaroslav desesperava a mãe, que queria fazer dele um cidadão respeitável, mas que não conseguia educá-lo convenientemente. Abandonou o colégio aos quinze anos e, durante algum tempo, foi ajudante de farmácia. Acabou por ter uma formação comercial, obtendo o diploma da Academia Comercial de Praga aos dezanove anos. Empregou-se num banco, mas em breve era despedido pois parecia começar a imitar o pai no consumo de álcool.
Hašek cedo se revelou como anarquista, publicando numerosos textos na imprensa política de língua checa. Em 1907 tornou-se director do periódico anarquista “Komuna”, colaborando em diversos outros jornais.
Sentindo necessidade, em determinado momento, de procurar uma vida mais tranquila, casou-se com Jarmila Mayerová, também escritora, mas sem grande sucesso. “Especializou-se” então no roubo e tráfico de cães, chegando ao ponto de inventar falsos pedigrees para revender “bastardos” a um melhor preço.
Tinha impulsos suicidários e foi impedido uma vez, in extremis, de se lançar da ponte Cech em Praga. Por causa deste incidente, passou um período num hospital psiquiátrico, o que lhe trouxe inspiração para alguns textos.
Em 1915 foi alistado no exército austríaco e não hesitou, mais tarde, em ridicularizar os seus superiores, em “O Valente Soldado Chvéïk” indicando os seus nomes verdadeiros. Em Setembro a sua unidade ficou isolada e Hašek rendeu-se aos russos. Esteve prisioneiro na Ucrânia e depois nos Urais.
Em 1917, com a Revolução Russa, foi libertado, alistando-se nos bolcheviques no ano seguinte. Paralelamente alistou-se na Legião Checa, uma organização que lutava pela emancipação dos checos da tutela austro-húngara.
Em 1924, voltou a Praga, capital da nova Checoslováquia. Começou então a escrever o seu famoso livro, em que “Chvéïk” era um personagem já criado noutras histórias, entretanto perdidas. Contrariamente a Kafka, que escrevia em alemão, ele escrevia directamente em língua checa. Era sua intenção escrever seis volumes, mas só conseguiu terminar três e deixar um incompleto, pois entretanto morreu. Em 2005, foi erigido um monumento equestre em sua memória, num bairro de Praga onde ele viveu.
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