sábado, 11 de abril de 2009

EFEMÉRIDEBento de Góis, religioso e explorador português, faleceu em Suzhou, na China, em 11 de Abril de 1607. Nascera em Vila Franca do Campo, Açores, nos fins de Julho de 1562. Foi baptizado em 9 de Agosto de 1562 com o nome de Luís Gonçalves.
Foi o primeiro europeu a percorrer o caminho terrestre da Índia até à China, através da Ásia Central. Esta longa viagem, uma das maiores explorações da história da humanidade, demonstrou que o reino de Cataio e o da China eram afinal o mesmo, o que alterou significativamente a concepção do mundo na época.
Tornara-se soldado por volta dos vinte anos de idade, tendo sido destacado em 1583 para a Índia. De acordo com a lenda, nessa época levava uma vida boémia. Porém, após ter tido uma visão, decidiu ingressar na Companhia de Jesus, o que fez em Fevereiro de 1584, no Colégio dos Jesuítas em Goa. Dois anos mais tarde, abandonou temporariamente o Colégio e viajou pela Pérsia, Arábia, Sri Lanka e muitos outros reinos da Ásia. Em 1588 regressou a Goa, ao Colégio dos Jesuítas, e mudou o seu nome para Bento de Goes.
Em 1594 integrou uma expedição dos Jesuítas à corte do Grão-Mogol Akbar, o Grande, em Lahore, passando a ter com este uma grande amizade. De tal modo que o convenceu a estabelecer tréguas com os portugueses.
Em Setembro de 1602 partiu de Goa, com um grupo restrito, em busca do lendário Grão-Cataio, reino onde se afirmava existirem comunidades cristãs. A viagem era muito extensa (mais de 6 mil quilómetros), teria uma longa duração (mais de três anos) e eram muitos os obstáculos que se deparavam ao longo do percurso, sobretudo em virtude dos frequentes conflitos na região, da profusão de reinos e estados e da existência de grandes montanhas e desertos. Para além disso, a maior parte do percurso era feito através de territórios sob domínio muçulmano que nutriam especial animosidade para com os cristãos.
No princípio de 1606 Bento de Góis chegou a Sochaw (agora denominada Jiuquan), junto da Muralha da China, uma cidade próxima de Dunhuang na província de Gansu. Góis provou assim que o reino de Cataio e o reino da China eram afinal o mesmo, tal como a cidade de Khambalaik, de Marco Polo, era efectivamente a cidade de Pequim.
Doente (possivelmente por ter sido atacado ou assaltado e ferido) e com poucos meios de subsistência, comunicou-o em carta ao padre Matteo Ricci, residente em Pequim, que lhe enviou o padre João Fernandes, um jesuíta de origem chinesa, para o trazer. Contudo, quando este alcançou Bento de Góis já ele estava moribundo.
Bento de Góis, que possuía um notável conhecimento da cultura e costumes de vários reinos da Ásia e falava diversos idiomas como o Persa e o Turco, registou a sua viagem num diário. No entanto, por ele também registar as dívidas que terceiros lhe deviam. o diário foi rasgado em inúmeros pedaços pouco antes da sua morte. O padre João Fernandes e o arménio Isaac, que acompanhou o missionário na longa viagem desde Goa, reuniram fragmentos do que sobrou desse diário e de outros documentos, que entregaram posteriormente ao padre Matteo Ricci. Este padre, através da escassa documentação, dos relatos do arménio Isaac que o acompanhou sempre ao longo da “Grande Odisseia” e de algumas cartas que Bento de Góis lhe tinha enviado anteriormente, escreveu, entre 1608 e 1610, uma narrativa daquela viagem. Esta foi considerada por muitos historiadores como não inferior à empreendida por Marco Polo séculos antes.
A Câmara Municipal de Vila Franca do Campo homenageou-o em 1907, atribuindo o seu nome ao maior largo da vila, onde também se encontra uma estátua em bronze inaugurada em 1962. A figura de Bento de Góis tem sido subestimada a nível nacional.

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