quarta-feira, 4 de novembro de 2009

EFEMÉRIDECarlos Marighella, político e guerrilheiro brasileiro, um dos principais organizadores da luta armada contra o regime militar de 1964, morreu em São Paulo no dia 4 de Novembro de 1969, completam-se hoje 40 anos. Nascera em Salvador, em 5 de Dezembro de 1911.
Era um dos sete filhos do operário Augusto Marighella, imigrante italiano, e da baiana Maria Rita do Nascimento, negra e filha de escravos africanos trazidos do Sudão. Concluiu os cursos primário e secundário e, em 1934, abandonou o curso de Engenharia Civil da Escola Politécnica da Bahia para ingressar no Partido Comunista do Brasil (PCB). Tornou-se militante profissional do partido e mudou-se para o Rio de Janeiro.
Fora preso pela primeira vez em 1932, após escrever um poema contendo críticas a Juracy Magalhães. Libertado, prosseguiu a sua militância política. No 1º de Maio de 1936, durante a Ditadura Vargas, foi preso por subversão e torturado pela polícia. Permaneceu encarcerado durante um ano. Ao sair da prisão entrou na clandestinidade até ser recapturado em 1939. Novamente foi torturado e ficou na prisão até 1945, beneficiando então de uma amnistia.
Foi eleito deputado federal constituinte pelo PCB baiano em 1946, mas perdeu o mandato em 1948, em virtude de nova proscrição do partido. Voltou à clandestinidade, ocupando diversos cargos na direcção partidária. Passou os anos de 1953 e 1954 na China, a fim de conhecer de perto a recente revolução chinesa. Em Maio de 1964, após o golpe militar no Brasil, foi baleado e preso por agentes do “Dops” dentro de um cinema no Rio de Janeiro. Libertado em 1965 por decisão judicial, optou no ano seguinte pela luta armada contra a ditadura, escrevendo “A crise brasileira”. Em Agosto de 1967, participou na I Conferência da OLAS (Organização Latino-Americana de Solidariedade), realizada em Havana, a despeito da orientação contrária do PCB. Aproveitando a estadia na capital cubana, redigiu “Algumas questões sobre a guerrilha no Brasil”, ensaio dedicado à memória de Che Guevara e tornado público pelo Jornal do Brasil em 5 de Setembro de 1968. Foi expulso do partido em 1967 e, em Fevereiro de 1968, fundou o grupo armado “Acção Libertadora Nacional”. Em Setembro de 1969, a ALN participou no sequestro do embaixador norte-americano, numa acção conjunta com o “Movimento Revolucionário 8 de Outubro”.
Com o endurecimento do regime militar, os órgãos de repressão concentraram esforços para a sua captura. Na noite de 4 de Novembro de 1969, Marighella foi surpreendido por uma emboscada na capital paulista. Foi morto a tiro por agentes do “DOPS”.
Em 1996, o Ministério da Justiça reconheceu a responsabilidade do Estado pela morte de Marighella, decidindo mais tarde, em 2008, que a sua companheira Clara Charf deveria receber uma pensão vitalícia do governo brasileiro.
Marighella mostrara desde muito cedo pendor para a poesia. No curso de engenharia, divertia professores e colegas fazendo provas em verso. A sua obra poética está reunida no livro “Rondó da Liberdade”. Os seus poemas, de carácter nitidamente político, apresentam por vezes um notável lirismo.
Escreveu um “Manual de Guerrilha Urbana”, pouco antes de ser assassinado. Traduzido em várias línguas, foi utilizado no treino de vários movimentos revolucionários, sobretudo europeus.

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