
O pai era um português de Bragança que, no final do século XVIII, ainda pequeno, emigrara com a família para Bordéus, onde existia uma comunidade significativa de judeus portugueses fugidos da Inquisição. A mãe era crioula.
Com 11 anos, Camille Pissarro foi enviado para Paris afim de estudar num colégio interno. Voltou para a ilha São Tomás, para tomar conta dos negócios da família. Algum tempo depois, a sua paixão pela pintura fê-lo mudar de vida: fez amizade com o pintor dinamarquês Fritz Melbye e a oportunidade de concretizar o seu sonho surgiu com um convite para o acompanhar numa viagem organizada pelo governo das Antilhas Dinamarquesas, para estudar a fauna e a flora da Venezuela, país onde ficaram dois anos.
Pissarro conquistou a sua liberdade aos 23 anos. Em 1855 já estava em Paris com a ajuda de Melbye, tentando iniciar uma carreira de pintor. O jovem travou amizade com Paul Cézanne e Claude Monet, entre outros pintores impressionistas. Com Monet, passou a sair assiduamente para pintar ao ar livre.
No decorrer da guerra franco-prussiana (1870-1871), na qual praticamente todos os seus quadros foram destruídos, residiu em Inglaterra. Quando voltou, começou a pintar na companhia de Cézanne. Com o objectivo de descobrir novas formas de expressão, Pissarro foi um dos primeiros impressionistas a recorrer à técnica da divisão das cores através da utilização de manchas isoladas. Durante os anos 1880 juntou-se a uma nova geração de impressionistas, os "neo-impressionistas", como Georges Seurat e Paul Signac.
A partir de 1885, militou nas correntes anarquistas, criticando severamente a sociedade burguesa francesa. Nos anos 1890 abandonou gradualmente o "neo-impressionismo", preferindo um estilo mais flexível que melhor lhe permitisse captar as sensações da natureza, ao mesmo tempo que explorava a alteração dos efeitos da luz, tentando igualmente exprimir o dinamismo da cidade moderna, de que são exemplos os vários quadros que pintou com vistas de Paris.
A obra de Pissarro caracterizou-se por uma paleta de cores cálidas e pela firmeza com que conseguiu captar a atmosfera, por meio de um trabalho preciso da luz. O seu material predilecto foi o óleo, mas também fez experiências com aguarelas e pastel. Como professor, ensinou alunos como Paul Gauguin. Colaborou com Degas no domínio da gravura.
Durante os seus últimos anos, realizou várias viagens pela Europa, em busca de novos temas. Hoje é considerado um dos paisagistas mais importantes do século XIX.
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